ResumoEsse artigo examina como se dão os processos de interdiscursividade e interdição na constituição do discurso do conhecimento escolar em Geografia. Operando com as noções foucaultianas de enunciado e prática discursiva, analisa-se um conjunto de textos de livros didáticos recentes do Ensino Fundamental.Constatou-se que o discurso em questão é constituído por enunciados do discurso econômico, associados a sentidos ligados às demandas sociais contemporâneas, como a ambiental e a cultural. No jogo complexo de negociações de significados, alguns conteúdos parecem ficar fora da interdiscursividade que legitima esse conhecimento. Tais interdições foram vistas aqui também como efeitos de poder.Palavras-chave: currículo, discurso, conhecimento escolar, ensino de geografia Interdiscursividade e interdição no discurso do conhecimento escolar em geografia
O artigo defende a possibilidade de se compreender o conhecimento escolar em sua construção epistemológica específica e complexa. A partir de uma revisão histórica, a ideia de que a abordagem regional caracteriza a disciplina escolar Geografia como ultrapassada é aqui problematizada a partir dos referenciais teóricos da Sociologia do Currículo. É possível perceber que a renovação crítica, que foi construída discursivamente em oposição à tradição regional, permeou o conhecimento escolar por meio de negociações de sentido com a lógica regional. Isto, aqui, não é visto como um problema.
Sérgio Claudino é Professor Auxiliar do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa/IGOT-UL e Investigador Principal do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. Formado em Geografia pela Universidade de Lisboa, inicia a sua atividade como docente no ensino básico e secundário em 1980. Em 1986/87, é professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal. No ano seguinte, ingressa como docente na Universidade de Lisboa. O seu ensino e sua investigação estão centrados, sobretudo, na formação inicial de professores de Geografia. Tem mantido uma relação próxima com o Brasil, designadamente, pela coordenação do Projeto Nós Propomos!
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