A educação física não escolar está instituída como dimensão pedagógica inerente à execução das medidas socioeducativas de internação, aos jovens autores de atos infracionais, no estado de São Paulo. Como desdobramento de pesquisa em nível de mestrado, este estudo é norteado pela questão: como tem se constituído a educação física institucional na medida socioeducativa de internação no estado de São Paulo? À luz da abordagem qualitativa, utilizou-se como procedimentos metodológicos, de observações participantes nas aulas de educação física de um Centro de Atendimento Socioeducativo, localizado no município de Campinas/SP, e de rodas de conversa com doze jovens em privação de liberdade. O registro dos dados foi realizado em diários de campo e, posteriormente, procedeu-se a análise em diálogo com documentos e a literatura da área. Este processo revelou tensões produzidas nesse território que são apresentadas neste artigo como focos de análise: a rejeição aos corpos diferentes, o canto de liberdade e o dono do controle: o dispositivo da segurança em contexto. Os pressupostos pedagógicos que embasam as aulas de educação física não escolar no CASA e a prática docente se constituem em tramas impondo desafios à educação.
O presente estudo tem como objetivo apresentar o processo histórico acerca da constituição da Educação Física em instituições de privação de liberdade para crianças e jovens no estado de São Paulo. Os dados, coletados por meio de revisão bibliográfica em pesquisa de mestrado realizada de 2016 a 2018, apresentam uma análise da presença da Educação Física nestas instituições desde o final do século XIX, bem como dos pressupostos que a sustentam atualmente. Aponta-se que a Educação Física nestes estabelecimentos se constituiu sobre os mesmos pressupostos que a legitimaram em estabelecimentos escolares: o movimento higienista e o ideal de sociedade moderna. Como nas escolas, a Educação Física na privação de liberdade se consolidou através de práticas ginásticas, tendo, posteriormente, encontrado no esporte o meio pelo qual “poderia” contornar a delinquência juvenil.
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