Este artigo se propôs a investigar o uso dêixis por um afásico a fim de compreender o gerenciamento da intersubjetividade na interação no contexto institucional da telefonoaudiologia. As análises da fala em interação foram subsidiadas teórico-metodologicamente sobretudo por estudos da Análise da Conversa, contando também com contribuições advindas do campo da Pragmática sobre dêixis. Os dados naturalísticos, gravados em vídeos, foram transcritos de acordo com convenções sugeridas por autores da área e analisados sequencialmente. Os resultados das análises revelaram que o paciente afásico, habilidosamente, valendo-se do uso de dêixis associadas a gestos, orientou as interpretações dos seus interlocutores acerca da sua fala/ das suas ações, garantindo, assim, o sucesso da comunicação por vias multimodais.
In March 2021, we met virtually with Juliane House and Dániel Kádár. We asked them first about their recent Ritual Frames Indicating ExpressionsTheory and then about their broader research framework. We also discussed links between their theory and the ideas of the eminent sociologist Erving Goffman. The results of this conversation are what we present here in the form of an interview.
RESUMO -O jeitinho tem sido descrito, nos estudos antropológicos, como uma prática usual na cultura brasileira para contornar impasses burocráticos e até mesmo legais. Este artigo oferece uma perspectiva interacional sobre essa prática, focando no modo como os mediadores se valem do jeitinho para celebrar um acordo entre reclamante e reclamado em audiências de conciliação envolvendo relações de consumo. À luz das contribuições dos estudos da fala-em-interação, analisamos como o jeitinho é co-construído pelas partes, examinando duas audiências realizadas em órgãos brasileiros de proteção do consumidor. Os resultados apontam que, mesmo no contexto jurídico, o jeitinho emerge como um tipo de ação que ora se aproxima do enquadre da corrupção, ora do favor.Palavras-chave: mediação, fala-em-interação, relações de consume, jeitinho.ABSTRACT -"Jeitinho brasileiro" (Brazilian way of dealing with problems) has been described, in anthropological studies, as a usual practice in Brazilian culture to circumvent bureaucratic and legal impasses. This article offers an interactional perspective on this practice. Focus here is on how mediators use jeitinho to conclude an agreement between the complainant and complained in conciliation hearings involving consumer relations, by analyzing recorded and transcribed oral speech data. In light of the contributions of studies of talk-in-interaction, we examine how this strategy be discursively accomplished in this type of activity. The results show that even in the legal context, the jeitinho emerges, within a continuum, as a kind of action that is sometimes seen close to corruption sometimes close to favor exchanges. IntroduçãoO Poder Judiciário brasileiro vem, há algumas déca-das, tentando enfrentar aquele que talvez seja o seu maior dilema: prestar seus serviços de maneira célere e segura. No que se refere aos confl itos envolvendo as relações de consumo, desenvolveu-se uma regulamentação específi cao Código de Defesa do Consumidor-CDC, e foram abertos espaços como os Juizados Especiais e os Procons, que favorecem acesso mais rápido à Justiça através de audiências de conciliação. Nesses encontros, auxiliados por um mediador, reclamante e reclamado buscam a negociação de uma solução para o confl ito. É central, neste processo, o papel do mediador na facilitação da construção do acordo, encontrando estraté-gias para demover as intransigências das partes.Uma das estratégias identifi cadas, na literatura sobre mediação familiar, como efi caz para a obtenção de um acordo é, segundo Donuhue (1989), a de construção de propostas alternativas que levem as partes a fazerem concessões para conciliar seus interesses, sem, porém, infringir o princípio da igualdade que orienta as relações num contexto jurídico.No caso da mediação em relações de consumo no Brasil, o estudo de Abritta (2007), sobre a fala-eminteração em audiências de conciliação, aponta, no entanto, que, ao longo desses encontros, os participantes posicionam-se tanto como indivíduos cujas relações são orientadas pelas normas do CDC,...
A partir de uma perspectiva pragmática da linguagem, inspirado pelas teorias de letramentos (KLEIMAN, 2007; STREET, 2014 [1995]) e gêneros textuais (MARCUSCHI, 2008; BHATIA, 2001 [1997]; BAKHTIN, 2011; SCHNEUWLY e DOLZ, 2011 [2004]); este artigo pretende promover uma análise da fala-em-interação em sala de aula. A atividade de leitura posta em andamento na aula abriu espaço para investigar como o processo de coconstrução de sentidos sobre um texto próprio do gênero jornalístico desperta a imaginação e amplia o trabalho com o texto escrito. Os resultados mostraram que uma proposta de aula, inspirada na arte de brincar com a produção de sentidos de um texto, conseguiu um engajamento maior das crianças; não reduziu a prática de leitura a exercícios de “copiar e colar”, e permitiu a coprodução de significados, orientando a imaginação de modo a estimular o processo de ensino e aprendizagem.
Editoras do DossiêHá mais de trinta anos, surgia dentro dos estudos da linguagem um trabalho seminal sobre polidez. Era o famoso escrito de autoria de Brown e Levinson (1978), cuja proposta foi lançar um modelo universal que desse conta das estratégias de polidez usadas nas relações interhumanas.O trabalho não era o primeiro a tratar do fato de que a linguagem, muito além do domínio informacional, tem também um componente relacional, o que é confirmado pela nossa entrevistada -Profa. Sonia Bittencourt Silveira, nesta edição. Então, o que impressiona na teoria Brown e Levinson? Além de sua capacidade didática de apresentação do tema e seu corpo teórico bem fundamentado, a sua influência na área é gritante. Dificilmente se encontra um trabalho que não os cite. Basta dar uma busca no Google para verificar esse fato.No cenário atual, ao lado do tema da polidez, a questão do uso da impolidez e até mesmo da rudeza vêm ganhando força teórica e analítica. Além disso, os estudos têm cada vez mais destacado a importância do desenvolvimento de pesquisas discursivas contextualmente embasadas, colocando em relevo o papel fundamental do ouvinte na definição, sempre local, do que seria polido/impolido. Por fim, cumpre dizer que são variados os ramos da Linguística que abordam o tema. A pragmática, a Sociolinguística Interacional e até mesmo as análises do discurso de linha francesa, são algumas das áreas que desenvolvem pesquisas acerca da polidez e da impolidez.A edição atual da revista Soletras procurou abrir espaço para que todas essas linhas de análise pudessem aparecer e dar destaque ao tema, cuja importância parece inegável não só para o desenvolvimento teórico da área, mas também e fundamentalmente para ampliar o entendimento sobre como as relações humanas se (des) constroem.Nosso ponto de partida foi uma conversa com a linguista Sonia Bittencourt Silveira, professora aposentada do PPG da Universidade Federal de Juiz de Fora. Ela dedicou boa parte de sua carreira acadêmica aos estudos sobre polidez e a um tema correlacionado -a construção de face. Na entrevista que nos foi concedida, a pesquisadora nos dá um panorama geral da área, destacando inclusive a ampliação do campo de estudos da polidez com a
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