O artigo pretende discutir dados de duas pesquisas realizadas em diferentes capitais brasileiras – Fortaleza e Belo Horizonte – que abordaram o uso das áreas externas e o brincar em escolas de Educação Infantil. Considerando os diferentes contextos investigados, as análises mostraram a desvalorização no uso dos espaços externos pelas escolas em contraste com os desejos e necessidades das crianças. Posturas adultocêntricas por parte das professoras foram reveladas nas imposições de brincadeiras às crianças, nas tentativas de regulação dos corpos, espaços e materiais disponíveis nas áreas externas das instituições. As pesquisas também revelaram tentativas de ressignificação e problematização dos usos destes mesmos espaços.
Esta história deriva de uma investigação participante realizada no Assentamento Osiel Alves. Os tres autores estão diretamente envolvidos com a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN): a primeira autora é recém-formada em Pedagogia pela UERN; a segunda e o terceiro são professores da mesma universidade. A partir da experiência com os camponeses do assentamento Osiel Alves e outros acampamentos/assentamentos vinculados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), torna-se possível compreender a forma como os adultos se relacionam com as crianças por meio das cantigas infantis na hora da peneira, pela liberdade de expressão, do olhar das crianças sobre si mesmas e das brincadeiras.
Considerando a íntima relação existente entre a educação e a luta camponesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, mais especificamente no que se refere ao seu caráter informal, do conhecimento nascido na luta, o presente relato de pesquisa busca externalizar as vozes das crianças sem-terra oriundas do assentamento Osiel Alves, dando destaque para a relação entre “brincar, sorrir, lutar” como parte da identidade sem-terrinha. Metodologicamente, a pesquisa tem a sua base nas conversas/entrevistas realizadas com oito crianças do assentamento, quatro meninas e quatro meninos, em idades diferentes, entre cinco e dez anos. Cabe destacar que a interação com as crianças ocorreu entre os meses de março e abril de 2019.
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