Este texto discute uma experiência de formação docente, vivida como um processo de diálogo entre docentes de uma escola de ensino fundamental, cuja temática foi gênero e sexualidade. Trata-se do compartilhamento de narrativas e de reflexões produzidas no campo escolar, por professores e professoras que vivem os dilemas de enfrentar solitariamente o tema da sexualidade e do gênero em tempos de criminalização dessas discussões. Algumas das narrativas dos 30 sujeitos que participaram do debate são material privilegiado de nosso artigo. Buscamos recuperar os sentidos dos discursos produzidos na roda de conversa bem como refletir sobre as experiências. Narrar em espaços coletivos, como o espaço de uma roda de conversa, se configura como importante estratégia formadora numa perspectiva emancipadora, como a defendia Paulo Freire. As discussões sobre gênero e sexualidade na escola vêm crescendo na medida em que crescem também movimentos conservadores que buscam silenciar aqueles e aquelas que fogem à norma cis heterossexual e colocam para os espaços sociais, sua “presença incômoda”.
Apresentamos neste texto, a partir de relatos de duas professoras/autoras, dos anos iniciais de uma escola municipal do Rio de Janeiro, um debate sobre produção curricular como política pública para o ensino das diversidades e questões de gênero, em especial masculinidades. Partindo das narrativas e entendendo-as como elementos potencializadores da reflexão/ação/ressignificação, buscamos responder as seguintes questões: como as famílias lidam com as construções acerca das masculinidades de seus filhos? Como se constituem essas masculinidades? De quais modos as políticas públicas podem contribuir para essas discussões? O cotidiano da escola é crucial para aprender, se constituir e saber se relacionar com os outros de forma respeitosa. Nesse sentido as políticas públicas e, mais precisamente, o currículo - que surge baseado nessas políticas, é também o fazer dos sujeitos na escola e considerado um dos pilares na construção dos saberes docentes e discentes, incluindo as construções das identidades e, consequentemente, das diferenças.
O texto é parte de uma dissertação de mestrado, já concluída, que investigou cenas e narrativas em uma escola pública do ensino fundamental, na cidade do Rio de Janeiro, que envolvem uma criança de 9 anos que desestabiliza concepções sobre identidades de gênero. Para este artigo, optou-se por trazer uma cena, onde, a partir das contribuições dos estudos de gênero, objetivou-se compreender como as crianças constroem suas representações acerca dos papéis de gênero nas relações com seus pares. A metodologia considerou aspectos da pesquisa etnográfica e da análise de narrativas em uma perspectiva socioconstrucionista, possibilitando-nos a compreensão do processo de construção das identidades sociais dos sujeitos, na qual as conclusões apontaram que, mesmo em um espaço normativo como a escola, a relutância irrompe e inscreve, nos corpos, outras possibilidades de dizer e dar sentidos aos gêneros, às sexualidades e outros processos identitários que estão em jogo/disputa nas relações sociais.PALAVRAS-CHAVE: papéis de gênero. representações. identidades. escola.
O artigo traz a análise de uma cena do cotidiano de uma escola pública, onde a partir das contribuições dos estudos de gênero, objetiva-se compreender como as crianças constroem suas representações acerca dos papéis de gênero nas relações com seus pares. A metodologia considera aspectos da pesquisa etnográfica e da análise de narrativas em uma perspectiva socioconstrucionista, possibilitando-nos a compreensão do processo de construção das identidades sociais dos sujeitos, onde as conclusões apontaram que, mesmo em um espaço normativo como a escola, a relutância irrompe e inscreve nos corpos, outras possibilidades de dizer e dar sentidos aos gêneros, às sexualidades e outros processos identitários que estão em jogo/disputa nas relações sociais.The article presents the analysis of a scene from the daily life of a public school, where, based on the contributions of the gender studies, the objective is to understand how children construct their representations about gender roles in their relationships with their peers. The methodology considers aspects of ethnographic research and narrative analysis from a socioconstructionist perspective, allowing us to understand the process of construction of the social identities of the subjects, where the conclusions pointed out that, even in a normative space such as school, reluctance erupts and inscribes in the bodies, other possibilities of saying and giving directions to the genres, sexualities and other identity processes that are at stake / dispute in social relations.
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