Conhecimento e usos do babaçu (Attalea speciosaMart
Resumo Este artigo trata do processo de diálogo sobre coleções etnográficas de objetos Ka’apor e da curadoria compartilhada da exposição “A Festa do Cauim”, atividades promovidas pelo Museu Nacional de Etnologia de Leiden (NME), Holanda, junto ao Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Brasil, e o povo indígena Ka’apor da Terra Indígena Alto Turiaçu, localizada no estado de Maranhão, na Amazônia brasileira. É reflexo de uma mudança de filosofia no NME em direção a uma atividade mais inclusiva e colaborativa, como também dos processos de atuação com povos indígenas promovidos no Museu Goeldi e da necessidade política dos Ka’apor de chamar atenção, em nível nacional e internacional, para a defesa de seus direitos territoriais, continuamente ameaçados por atores envolvidos com a exploração ilegal de madeira no seu território. Considerando diferentes enfoques disciplinares, principalmente da antropologia e da museologia, em consonância com o pensamento indígena, assim como com as negociações de interesses e encontro de diversas perspectivas cognitivas e posicionamentos políticos, este artigo, além de documentar e refletir sobre a produção cocriativa de uma exposição etnográfica, procura repensar as dimensões cognitiva, política e ética deste tipo de trabalho com povos indígenas.
Resumo: Para muitos povos indígenas da Amazônia, a comercialização de objetos da sua cultura material se apresenta como uma importante possibilidade de geração de renda. Especialistas na arte e muitas famílias das aldeias dedicam parte do seu tempo a elaborar objetos especificamente para este fim. são diversas as práticas e os significados envolvidos na produção e no intercâmbio (monetário ou não) desses objetos. Ao mesmo tempo, são constantes as demandas de articulação ao mercado em nível regional e nacional, encontrando-se ainda muitas dificuldades para abrir espaço à produção artesanal indígena. Considerando os contextos etnográficos dos povos indígenas Ka'apor (terra indígena Alto turiaçú, Maranhão) e Mebêngôkre-Kayapó (terras indígenas Las Casas e Kayapó, Pará), discutem-se os processos de produção, intercâmbio e comercialização de objetos indígenas e a relação com a lógica do mercado. Examinam-se também as interpretações e os posicionamentos indígenas sobre esses aspectos e os possíveis efeitos dos aspectos jurídicos que se propõem a revalorizar e proteger os conhecimentos e o patrimônio indígena e o meio ambiente provedor das matérias-primas, considerando os impactos sobre as próprias iniciativas indígenas no momento de se inserir nos mercados.Palavras-chave: objetos indígenas. Produção. Comercialização. Mercado. Ka'apor. Mebêngôkre-Kayapó.Abstract: for many indigenous peoples of the Amazon, the commercialization of material culture provides an important opportunity to generate income. Expert artisans and many families of the villages devote their time to produce cultural objects, specifically for this purpose. several practices and meanings are involved in the production and exchange (monetary or otherwise) of these objects. At the same time, there are constant demands from the market at the regional and national level, and it is still very difficult to create a niche for indigenous craft production. Considering the ethnographic contexts of the Ka'apor and Mebêngôkre Kayapó indigenous peoples (Alto turiaçu indigenous reserve -Maranhão and Las Casas and Kayapó indigenous reserves -Pará, respectively),-we discuss the processes of production, exchange and commercialization of indigenous objects and the relation to market practice and logic, while also examining indigenous interpretations and positions with respect to these issues. Moreover, we examine the possible legal implications engaged in the re-valorization and protection of indigenous knowledge and heritage, as well as the environment that provides the raw materials for cultural objects. in these terms, we also consider the impact on indigenous initiatives upon entering the market.
Resumo:A etnomuseologia visa engajar os povos indígenas em um diálogo com a sua cultura material. Este artigo reflete sobre uma experiência efetuada no acervo etnográfico do Museu Paraense Emílio Goeldi com interlocutores Mebêngôkre-Kayapó e Baniwa sobre importantes coleções de seus respectivos povos, as quais datam do início do século XX. Além de perceber diferenças entre conceitos museológicos, ou científicos, e indígenas sobre as peças e os processos de musealização, também foi possível observar uma série de diferenças culturais entre os Mebêngôkre-Kayapó e os Baniwa no que concerne à maneira de se relacionar com os objetos de seu passado. Ambos os grupos atribuíram características subjetivas aos objetos no acervo, mas, no caso dos Mebêngôkre-Kayapó, a subjetividade das peças antigas representava uma ameaça aos visitantes do acervo, levando a um certo receio em manusear as peças, concebidas com troféus de guerra capturados de inimigos perigosos. Os Baniwa, ao contrário, expressavam grande carinho com os 'objetos do vovô' e sentiam-se no direito de manusear as peças que representam o patrimônio de clãs patrilineais. Esta experiência em etnomuseologia comparada ressalta a diversidade de conceitos, atitudes e expectativas dos povos indígenas perante às coleções museológicas, e a necessidade desta nova abordagem de pesquisa colaborativa. Palavras-chave:Etnomuseologia. Coleções etnográficas. Povos indígenas. Mebêngôkre-Kayapó. Baniwa. Vídeo.Abstract: Ethnomuseology seeks to put indigenous people in dialog with their own material culture heritage. This article reflects on collaborative research carried out with Mebêngôkre-Kayapó and Baniwa consultants on important collections of both groups from the early twentieth century. In addition to noting differences between museological or scientific and indigenous concepts about museum objects, we also noticed a number of cultural differences in the way the two indigenous groups related to objects from their past. While both cultural groups attributed subjective characteristics to museum objects, for the Mebêngôkre-Kayapó this subjectivity expressed itself mostly in terms of possible threats to visitors of the museum collections, leading to a hesitancy to handle museum objects, assumed to be war trophies captured in the past from dangerous enemies. The Baniwa, by contrast, expressed great affection for 'grandpa's things', and they felt they had a right to handle objects that represent the heritage of patrilineal clans. This experience in ethnomuseology highlights the diversity of indigenous concepts, attitudes and expectations about museum collections and the need for the dialogical approach to collaborative research.
Resumo: Com base em pesquisas etnográficas efetuadas nos últimos anos entre os indígenas Ka'apor das aldeias Xiepihu-rena e Paracui-rena, na Terra Indígena Alto Turiaçu, localizada na Amazônia maranhense (Brasil), o artigo aborda o mundo das representações e práticas hortícolas Ka'apor, considerando aspectos das narrativas orais que contextualizam estes conhecimentos dentro da cosmovisão indígena, as características da horticultura na atualidade em termos da diversidade dos cultivos, assim como as mudanças na organização do trabalho hortícola na conjuntura atual, caraterizada pelos conflitos gerados pela exploração ilegal de madeira na Terra Indígena Alto Turiaçu e a influência das políticas públicas.Palavras-chave: Horticultura indígena. Conhecimentos tradicionais. Povo indígena Ka'apor. Amazônia maranhense. Brasil.Abstract: This article is based on ethnographic research conducted in recent years among the indigenous Ka'apor of the Xiepihurena and Paracui-rena villages in the Alto Turiaçu indigenous reserve, located in the Brazilian Amazonian state Maranhão. The article relates to the world of representations and horticultural practices of the Ka'apor, discussing aspects of oral narratives that contextualize this knowledge within the indigenous world view. It furthermore elaborates on present-day horticultural characteristics in terms of crop diversity, as well as changes in the current organization of horticultural work, due to public policies and the conflicts generated by illegal timber exploitation in the Alto Turiaçu indigenous reserve.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.