No Brasil, o parto domiciliar tem sido associado à falta de recursos econômicos e a dificuldades de acesso aos serviços de saúde, uma vez que 98% dos partos ocorrem em hospitais. Entretanto, nos grandes centros urbanos, onde há maior oferta de leitos obstétricos, mulheres de estratos sociais médios têm escolhido o parto domiciliar planejado. Para compreender os sentidos dessa escolha, realizamos uma pesquisa qualitativa na qual entrevistamos 20 mulheres que tiveram parto domiciliar planejado: 19 mulheres entrevistadas tinham ensino superior completo; 1 delas tinha ensino superior incompleto; e 10 delas tinham históricos de parto hospitalar. A análise das entrevistas possibilitou caracterizar os sentidos da escolha pelo parto domicilicar em quatro categorias: a casa como uma alternativa ao modelo de atenção obstétrica vigente; hospital, um lugar a ser evitado; "Louca não, informada!": repercussões da escolha à margem do sistema de saúde; parto em casa como facilitador do protagonismo das mulheres.
Na atualidade, vários países têm sentido os efeitos do aumento dos fluxos migratórios e das novas configurações da mobilidade humana. O Brasil tem recebido imigrantes oriundos de vários países, com destaque nos últimos anos para os que buscam refúgio em conseqüência de guerras, como é o caso dos sírios. A atenção à saúde está entre as muitas demandas dirigidas para o país que os acolhe. As mulheres buscam os serviços de saúde principalmente em busca de atenção obstétrica. O presente estudo tem como objetivo compreender aspectos culturais da gestação, parto e nascimento na perspectiva das mulheres imigrantes sírias. Foi desenvolvido um estudo qualitativo, descritivo, que adotou a perspectiva teórica do construcionismo social. Para a configuração do campo, identificamos instituições que atendem imigrantes sírias e serviços de saúde utilizados por elas. Foram selecionadas duas instituições localizadas no Município de São Paulo e realizadas entrevistas semiestruturadas com nove mulheres sírias, refugiadas ou não. Foram identificadas quatro categorias temáticas: O Cuidado centrado na valorização da gestação; A presença da família no parto; O valor na proteção da família no pósparto e o Acolhimento na assistência obstétrica no Brasil. Ressalta-se a importância do cuidado familiar voltado para a mulher na gestação e no pós-parto, que parece ocupar um lugar especial, enquanto o parto foi descrito como evento marcado por práticas biomédicas, destacando-se a cesárea como via de parto para as sírias cristãs e o parto normal para as sírias muçulmanas; a experiência do parto no Brasil foi descrita como satisfatória. A visibilidade da cultura voltada para o cuidado das mulheres sírias na gestação, parto e pós-parto pode contribuir para a adoção de práticas assistenciais culturalmente sensíveis. Palavras-chave: Imigrantes sírias. Aspectos culturais. Atenção obstétrica.
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