O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma experiência de intervenção em orientação sexual com adolescentes em uma cidade do interior de Minas Gerais. Foram sujeitos da intervenção 50 estudantes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola municipal da cidade, divididos em 4 grupos, sendo relatada aqui a experiência vivida em um deles, contando com 13 participantes, com idades variando entre 13 e 15 anos, sendo 8 do sexo masculino e 5 do sexo feminino. Utilizando a metodologia de Oficinas em Dinâmica de Grupo procurou-se, juntamente com os adolescentes, a reflexão e elaboração de sentimentos, comportamentos e conhecimentos compartilhados face à sexualidade, levando em consideração suas angústias e inseguranças relacionadas ao tema, e concentrando-se em dialogar sobre os aspectos afetivos e históricos envolvidos na vivência da sexualidade. A partir da análise dos processos grupais, articulados a uma conscientização ético-política dos sujeitos envolvidos, observou-se uma reconstrução/ressignificação dos sentidos atribuídos à sexualidade, ao pertencimento de gênero e ao contexto social mais amplo.
RESUMOO presente artigo analisa a trajetória e consolidação do Movimento de Mulheres Negras (MMN) na cena pública brasileira ao longo dos últimos trinta anos. Através de entrevistas com militantes pioneiras e participantes desse movimento social bem como de levantamento de fontes documentais, o estudo teve o intuito de compreender quais processos subjazem a constituição desse novo sujeito coletivo, seus dilemas e redes de solidariedade com outros movimentos sociais, o lugar das hierarquias de gênero e raça em suas reivindicações, além do seu processo de institucionalização/burocratização e sua articulação com o Estado brasileiro.Palavras-chave: movimento social; mulheres negras; gênero; raça; identidades coletivas ABSTRACT This paper examines the trajectory and consolidation process of the Afro-Brazilian Women's Social Movement in the public sphere over the last thirty years. Trough interviews with activists and participants of this social movement as well as survey of documental sources, the study had the aim to understand those processes that underlying the constitution of these collective political subjects, and their dilemmas and solidarity networks with other social movements. Furthermore, this paper also discusses the role of hierarchies of gender and race in the Afro-Brazilian Women's Social Movement claims, and its process of institutionalization / bureaucratization along with its articulation with the Brazilian state.
Resumo: Este artigo analisa a trajetória política do ativismo feminista negro no Brasil, os seus repertórios discursivos acerca das intersecções entre gênero, raça e outras categorias sociais em três tempos. O material de análise provém de dois projetos de pesquisa conduzidos entre 2013 e 2019. Os dados apresentados foram coletados de documentos internos e jornalísticos do Movimento de Mulheres Negras, documentos governamentais, conversas informais e entrevistas semiestruturadas com ativistas negras de Belo Horizonte. O artigo está dividido em três seções, correspondentes a fases específicas: na primeira, nos concentramos no processo de autonomização do Movimento de Mulheres Negras nos anos 1980 e analisamos os repertórios utilizados e expressos no Nzinga Informativo. Em seguida, analisamos suas estratégias de advocacy institucional na década de 1990 e início dos anos 2000, período caracterizado pela tentativa de estabelecer canais formais de participação política para as mulheres negras dentro da burocracia estatal e organizações internacionais. Finalmente, discutimos o ressurgimento de mobilizações de rua na década de 2010 e a emergência de dois cenários de mobilização política liderados por jovens ativistas negras no Brasil: (i) a ascensão de uma geração de jovens feministas negras que estão reformulando e/ou criando novos repertórios discursivos e de confronto nas ruas, nas redes e na representação política; e (ii) a crescente presença de mulheres negras exercendo mandatos legislativos, que, neste texto, nomeamos como movimento de “ocupar a política”. Ao analisar esses repertórios, este trabalho pode contribuir para um melhor entendimento das várias estratégias de mobilização política que feministas negras estão empregando no início do século XXI e seu impacto sociopolítico.
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