A literatura especializada tem nos mostrado que é grande a semelhança entre o comportamento alimentar das santas jejuadoras medievais e o das anoréxicas atuais. No entanto, há poucas referências sobre a existência de santas jejuadoras na América Latina. No presente trabalho, os autores salientam aspectos da vida de Santa Rosa de Lima, Patrona da América e Filipinas, que poderiam ser descritos como comportamentos anoréxicos. Comparando os aspectos psicopatológicos da vida de Santa Rosa com o comportamento das anoréxicas atuais, pareceu confirmar-se um padrão uniforme de comportamento, especialmente quanto ao aspecto imitativo, fator que poderia levar as jovens da atualidade a desenvolverem um transtorno alimentar após terem algum tipo de informação sobre o transtorno.
"Nos teus mandamentos estão as minhas delícias: eu os amo". SI 119,47A existência de transtornos alimentares em outras culturas e séculos anteriores aos relatos de Morton (1689), Gull (1868) e Lasègue (1874) 1 é de grande interesse psicopatológico, na medida em que coloca no centro da discussão a questão do patogenético e do patoplástico em psiquiatria e que torna relativa a influência da modernidade, muitas vezes colocada como fator causal principal e por vezes único.Nesse sentido, o trabalho que Rudolph Bell (1985) desenvolveu, desde o século XIII até os dias atuais, sobre a vida de mais de 250 mulheres italianas santas e beatas da Igreja Cató-lica, utilizando-se de escritos autobiográficos, cartas, testemunhos de confessores e relatos canônicos, pode oferecer um bom campo de discussão.2 Nascida em Florença em 2 de abril de 1566, Maria Magdalena de Pazzi conhece seu primeiro êxtase místico aos 12 anos de idade. Ingressa no convento Carmelita de Santa Maria dos Anjos em Florença, em 1582, e, quando recebe seus votos em 3 de janeiro de 1583, deixa seu nome de batismo Caterina e assume o de Maria Madalena. Em maio de 1584, adoece e, em estado de "arrebatamento", começa a ditar uma série de regras recolhidas por suas companheiras. A essas primeiras palavras, acrescentam-se outras instruções ascéticas e cartas.Em 1585, quando ainda não completara 20 anos de idade, e dizendo-se orientada por Deus, passa a restringir sua dieta a pão e água, exceto aos domingos, quando come, sempre em pouca quantidade, apenas alguns restos de alimentos deixados na refeição pelas outras irmãs.Forçada a se alimentar com maior quantidade por suas superioras, passa a provocar o vômito, sendo freqüentemente surpreendida comendo escondida grandes quantidades de alimento rapidamente. Para punir-se e prevenir-se das tentações diabólicas, açoita-se, dorme pouco -sempre nua sobre troncos de madeira no chão -e banha-se com água gelada em pleno inverno. Entre as tentações diabólicas que a atormentavam, figurava um intenso desejo de comer. Quando passava pela despensa, segundo seus relatos, o diabo abria as gavetas e prateleiras, dispondo diante dela seus "tesouros culinários", seduzindo-a para interromper sua dieta de pão e água. 2"Tentadas" por um grande desejo, as modernas anoréxicas permanecem durante longo tempo paradas em frente a vitrines de confeitarias, "seduzidas" pelas guloseimas. Outras mantêm no quarto, escondidas, caixas de alimentos ou apenas suas embalagens, para que possam admirá-las por um tempo indeterminado. Além disso, o hábito de colecionar livros de receitas, folheá-los constantemente, assistir a programas culinários e cozinhar maravilhosamente as mantêm no limite de "cair em tentação".A existência de Maria, que faleceu em 25 de maio de 1607, é um suceder de visões de crucificação, uso de coroas de espinho, sofrimentos físicos auto-impostos e longos jejuns, tudo para cumprir da maneira mais perfeita possível seu destino místico.Sua desconsideração para com a vida e as necessidades "terrenas" pode ser confirmada em uma das fr...
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