Estudos de Psicologia, 21(1), janeiro a março de 2016, 25-35 ResumoEste artigo tem como objetivo problematizar a internação compulsória de adolescentes usuários de drogas em um serviço de saúde mental de Porto Alegre/RS a partir da noção de Biopolítica, proposta por Michel Foucault. Assim, primeiramente, descrevemos o processo de internação compulsória e os percursos dos jovens no serviço para depois avançarmos na análise da internação compulsória como uma estratégia de governamentalização da vida. Esta análise leva para a desnaturalização das ações contemporâneas do Estado direcionadas aos adolescentes usuários de drogas e aos atravessamentos dos interesses de mercado que operam no contexto dessa política. Por fim, apontamos a suspensão dos elementos universais que permeiam a temática das drogas como possibilidade de ruptura dos padrões de cuidado até então colocados no campo da saúde.Palavras-chave: internação compulsória; adolescência; droga; Foucault, Michel, 1926-1984. AbstractThe compulsory hospitalization as a governmentalization strategy for the adolescent drug users. This article aims to discuss the compulsory hospitalization of adolescent drug users in a mental health service in the city of Porto Alegre/RS from the notion of Bio-politics, proposed by Michel Foucault. So, first, we describe the process of compulsory hospitalization and the passages of young people in the service, and thus we move to the analysis of compulsory hospitalization as a strategy of governmentalization of life. This analysis leads to the denaturalization of contemporary state actions directed to adolescent's drug users and the crossings market interests operating in the context of this policy. Finally, we point to the suspension of the universal elements that permeate the theme of drugs as a possibility to break off the standards of care placed in the health field.Keywords: compulsory hospitalization; adolescents; drugs; Foucault, Michel, 1926-1984 ResumenEl internamiento como estrategia de gobernamentalización de adolescentes consumidores de drogas. Ese artículo tiene como objetivo problematizar el internamiento forzado de adolescentes consumidores de drogas en un servicio de salud mental de Porto Alegre/RS a partir de la noción de la Biopolítica, propuesta por Michel Foucault. Así, primero, describimos el proceso de internamiento forzado y el camino de los jóvenes en el servicio investigado como un fenómeno inherente al campo de la problemática de las racionalidades del gobierno de las conductas. Análisis que desnaturaliza las acciones de hoy día del Estado dirigidas a los adolescentes consumidores de drogas al discutir los intereses del mercado que operan en el contexto de esa política. Por último, apuntamos la suspensión de los elementos universales que permean la temática como posibilidad de rotura de los patrones de cuidado hasta el momento colocados en el campo.Palabras clave: internamiento forzado; adolescencia; droga; Foucault, Michel, 1926-1984
Este artigo é um breve relato de experiência de um projeto de intervenção em Psicologia, com o foco na Prevenção e Promoção de Saúde, realizado em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD). Atra-vés da ferramenta terapêutica de psicoeducação, foram realizados oito en-contros, em formato de oficina, no período de agosto a setembro de 2017, com carga horária de duas horas semanais. Participaram dos encontros 10 usuários(a) do serviço, sendo a maioria homens na faixa etária de 36 a 57 anos. As oficinas tiveram como principal dispositivo ensinar técnicas de rela-xamento, através do exercício da respiração diafragmática, relacionadas a técnicas psicológicas para os sujeitos refletirem sobre si no mundo. Como resultado, os participantes relataram diminuição da ansiedade e tensão pro-duzindo, como efeito, mudanças em seus hábitos diários, tanto no sono, como na alimentação e em relação a conflitos familiares, passando a ter uma atitude mais ativa no próprio tratamento e tirando o foco do atendimento médico e da busca pela medicalização dos sintomas. Conclui-se que a técni-ca de psicoeducação é uma importante ferramenta no tratamento de usuários de álcool e/ou outras drogas como forma de Prevenção e Promoção de Sa-úde já que, através da mesma, os usuários tiveram uma diminuição dos qua-dros de ansiedade. Com isso, os conflitos foram reduzidos e, consequente-mente, houve diminuição de recaídas com uso de álcool e/ou outras drogas ou posterior uso de medicação.
Este artigo tem como objetivo analisar a taxa de cobertura dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Em um recorte do período de 2002 a 2015, analisa-se as taxas, refletindo sobre a expansão da rede de saúde mental no município. Por meio de pesquisa bibliográfica, documental e eletrônica de livre acesso, foram consultados os sítios eletrônicos da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS/PMPA), do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir desses, foi construída uma série histórica onde se pode acompa-nhar a evolução dos tipos de CAPS, a taxa e o indicador de cobertura no município. Através dos resultados constatou-se que o município de Porto Alegre apresenta, atualmente, uma taxa de cobertura de 0,68 que, de acor-do com os parâmetros do Ministério da Saúde, é considerada uma boa co-bertura. A análise contextualizada desse indicador proporciona ao gestor da saúde subsídios valiosos para o planejamento de ações orientando, por conseguinte, futuros investimentos na área de saúde mental que se fazem necessários para garantir acesso e atendimento da população e a efetiva-ção de uma política pública
Este ensaio objetiva problematizar os paradoxos dos 'benefícios' governamentais, cedidos aos indivíduos considerados incapacitados ao trabalho, devido algum diagnóstico em saúde mental. Para tanto, utiliza do conceito de Biopolítica, proposto por Michel Foucault, contrapondo a relatos de usuários e usuárias de serviços de saúde mental. Através dessas experiências, analisam-se impasses produzidos entre os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira e os métodos utilizados pelos programas de seguridade social para garantia dos 'benefícios'. Na discussão, aponta-se que o paradoxo dos direitos se torna ainda mais intenso quando as reivindicações emancipatórias no campo da subjetividade estão localizadas numa sociedade em que os Direitos Sociais, previstos em Constituição, não foram conquistados pela maioria da população brasileira. Assim, se os 'benefícios' se colocam de forma paradoxal é, também, porque boa parte da população não tem direitos garantidos e precisam obter alimentação, moradia, saúde, dentre outros, à custa da manutenção de patologias como justificativa para garantir direitos.
Este relato de experiência discute o desenvolvimento de um projeto-piloto de aproximação do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRP/RS), ao meio acadêmico. A aproximação objetivou fomentar a discussão sobre a formação em psicologia e as políticas públicas junto a estudantes e professores de graduação de duas universidades do estado do Rio Grande do Sul. O projeto foi executado em duas etapas: encontro com os estudantes inseridos em estágios e discussão sobre a temática seguida da sistematização dos dados obtidos; debate dos dados sistematizados com os professores que compõem o corpo docente do curso de psicologia de cada instituição. A partir dos resultados foi possível organizar os relatos dos estudantes nas seguintes categorias: 1) Presença da temática na formação; 2) Espaços de prática profissional; 3) Formação crítica; 4) Interdisciplinaridade; 5) Qualificação do corpo docente; 6) Atuação política; 7) Protagonismo estudantil. Por fim, avaliamos o projeto-piloto como um espaço potente de reflexão sobre a interface entre a formação em psicologia e as políticas públicas.
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