Este trabalho apresenta problematizações no campo da formação docente no contexto da pandemia da COVID-19. Para tanto, estrutura-se em três tópicos que abordam trabalho docente, currículo e ensino remoto. Tomamos como mote para a escrita deste texto, a nossa participação em eventos denominados de Jornada Pedagógica, quando confrontamos leituras e as experiências pelos docentes participantes desses eventos. Enfatiza-se a necessidade de se apropriar das noções de formação humana, trabalho e ensino remoto para que o evento da pandemia seja reconhecido como contexto determinante para a oferta da educação em formato nas circunstâncias pelo distanciamento físico. Como alternativas para o enfrentamento desse cenário, abordando-se as possibilidades do ensino remoto e da formação, tanto sob o enquadre do estudante, como do docente, ressaltando as condições materiais para a sua oferta pelos órgãos gestores da educação. Reunimos orientações para corroborar que, o direito à educação na pandemia é dependente da inclusão sociodigital e do planejamento pedagógico que se orienta pela adoção do ensino remoto em regime colaborativo para tomada de decisão.
Este texto decorre de estudos motivados pelo cenário político e educacional instalado diante da pandemia da Covid-19 (SARS-CoV-2) no Brasil e no mundo. Com as orientações sanitárias de distanciamento social no início do ano letivo de 2020, deu-se o fechamento dos espaços escolares e a suspensão das atividades presenciais, ocasionando múltiplos questionamentos quanto a alternativas viáveis para a aprendizagem escolar dos estudantes, inquietações quanto à utilização de atividades remotas, ansiedades quanto ao retorno à normalidade e a possibilidade de um “novo normal”. Nesse contexto da pandemia foi produzido este trabalho cujo objetivo primeiro está em problematizar o “normal” e o “novo normal” não como uma sequência temporal, centrada no antes e depois, respectivamente, mas em suas ambiguidades e tensionamentos, para então agenciar enunciados no sentido da emergência de um pós-normal em educação. Trata-se de um estudo predominantemente teórico, acrescido da escuta de estudantes de ensino fundamental em escola pública e privada e de ensino superior sobre seus novos cenários educativos. As narrativas dos estudantes denotou certo entusiasmo em relação à utilização de atividades online, evidenciando o fato de possuírem acesso às tecnologias digitais e condições estruturais do trabalho remoto, o que não representa a realidade objetiva da maioria da população brasileira. As respostas, ainda provisórias às discussões levantadas apontam para a necessidade de repensarmos nossos modos de produzir e habitar em novos territórios em tempos de intermezzo, deixando emergir novas composições curriculares nesse pós-normal em educação, com todas as suas ambiguidades, suas ambivalências, suas tramas.
Este artigo visa estabelecer um diálogo entre Nietzsche, Deleuze e a educação. Para isso são estabelecidas e problematizadas algumas relações entre as concepções teóricas de moral de negação, desenvolvida por Nietzsche; Diferença, formulada por Deleuze e a abordagem pós-crítica dos estudos curriculares. O objetivo perseguido neste trabalho foi problematizar ressonâncias da moral judaico-cristã na relação educação-Diferença e possíveis efeitos de poder decorrentes disso. Com base em aporte teórico de enquadramento epistemológico pós-estruturalista, argumenta-se que a moral de negação atravessa os currículos escolares. Em função disso, os currículos assumem determinadas identidades como essências tomando-as como modelos nos processos de subjetivação. Por privilegiar a produção de identidades, os currículos não concebem a Diferença em si mesma, sem referente. Apenas a concebem como diferença em relação a, como variação de identidades naturalizadas que privilegiam e tentam reproduzir. A partir de Deleuze propõe-se pensar os currículos na perspectiva da Diferença. Currículos pensados por essas lentes teóricas não assumem passivamente a moral de negação e a identidade como verdades fundantes e absolutas, mas as colocam em questão enquanto defendem uma moral afirmativa que cria e recria a si dando vazão à Diferença em si mesma. Currículos assim constituídos não buscam homogeneizar os indivíduos, mas aumentar sua potência de agir e afirmar-se como singularidades em processos constantes de construção-desconstrução-reconstrução.
e4556143The article on screen seeks to map the babblings of resistance developed by Brazilian public universities in pandemic scenarios. It raises the following provocative questions: what neo-liberal and fascist speeches and attacks have been brought about by Bolsonarism? In view of these speeches, what are the babblings of resistance being developed by public universities? And, what are the contributions of Brazilian public universities in pandemic scenarios? Were carried out a mapping of neoliberal and fascist speeches managed by Bolsonarism, whose effects can be seen in attacks on universities, and a mapping of the teaching, research and extension actions developed by Brazilian public universities during the pandemic. It uses the cartographic method and brings as devices for producing information from official documents, academic and journalistic articles, online events, lives and scientific research developed by universities in Covid-19 scenarios. In this cartography, the babblings of teaching, extension and research emerged. It suggests that Brazilian public universities have been suffering continuous budget cuts and privatist policies, leaving their operating conditions increasingly precarious, in addition to the constant attacks guided by neoliberal and fascist logics, widely practiced by the majority of Bolsonarist interlocutors. It also points out that despite the attacks suffered, there is a permanent work of resistance to the neoliberal and fascist conceptions and practices that find shelter and are spreading under the Bolsonaro government. It reveals the commitment of public universities to policies of social inclusion, production and dissemination of knowledge, in addition to actions to prevent and minimize the social impacts of the pandemic.Resumo O artigo cartografa as balbúrdias de resistências desenvolvidas pelas universidades públicas brasileiras em cenários pandêmicos. Traz as seguintes questões provocadoras: quais discursos e ataques neoliberais e fascistas têm sido agenciados pelo bolsonarismo? Em face desses discursos, quais balbúrdias de resistência vêm sendo desenvolvidas pelas universidades públicas? E, quais as contribuições das universidades públicas brasileiras em cenários pandêmicos? Realiza um mapeamento dos discursos neoliberais e fascistas agenciados pelo bolsonarismo, cujos efeitos se podem ver nos ataques às universidades, e um mapeamento das ações de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas pelas universidades públicas brasileiras durante a pandemia. Utilizou-se o método cartográfico e, como dispositivos de produção de informações, foram utilizados documentos oficiais, artigos acadêmicos e jornalísticos, eventos on-line, lives e pesquisas científicas desenvolvidas pelas universidades em cenários de Covid-19. Emergem nesta cartografia as balbúrdias de ensino, de extensão e de pesquisa. Sugere que as universidades públicas brasileiras vêm sofrendo contínuos cortes orçamentários e políticas privatistas, que deixam as condições de funcionamento cada vez mais precárias, além dos constantes ataques pautados em lógicas neoliberais e fascistas, amplamente praticados pela maioria dos interlocutores bolsonaristas. Verifica-se que, apesar dos ataques sofridos, há um trabalho permanente de resistência diante das concepções e práticas neoliberais e fascistas que encontram abrigo e se disseminam no governo Bolsonaro. Revela o compromisso das universidades públicas com as políticas de inclusão social, de produção e de disseminação do conhecimento, somadas às ações de prevenção e minimização dos impactos sociais da pandemia.Palavras-chave: Universidade pública, Neoliberalismo, Fascismo, Balbúrdias de resistência. Keywords: Public university, Neoliberalism, Fascism, Shambles of resistance.ReferencesABRAHÃO, Márcia. Carta aberta da reitora Márcia Abrahão à comunidade acadêmica. 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ResumoEste artigo problematiza os contextos de produção das políticas para a formação de professores no Brasil, discute as traduções curriculares e apresenta uma proposição para a prática como componente curricular (PCC), trazida pela Resolução CNE n. 02/2015. Defende perspectivas curriculares em que teoria e prática se fundem, se atravessam e se complicam, como teoriaprática e anuncia a PCC como território de resistência, sobretudo, diante da Resolução CNE n. 02/2019. Trata-se de estudos realizados por professores de duas universidades baianas a partir de discussões e proposições do Núcleo Docente Estruturante (NDE) de um curso de Pedagogia. Parte das formulações dos ciclos de políticas proposto por Stephen Ball, suplementando-as com a ideia da tradução baseada em Derrida. Apoiandose em Deleuze e Foucault, discute a prática como luta contra o poder. Apresenta a PCC, denominada PP, como elemento integrador e articulador do currículo em sua potência formativa.
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