RESUMOAs hesitações na implementação das políticas e das ações públicas associadas à educação sexual em meio escolar, desnudam a sua natureza delicada e turbulenta. As exigências de ações coordenadas na escola para as concretizar acentuam a existência de zonas problemáticas entre o modo como professores e técnicos de saúde as concebem criativamente. As ilações analíticas das (des) coordenações atuantes decorrem de análises etnográficas baseadas em metodologias qualitativas. Com efeito, combinar saberes derivados da educação e da saúde, exaltam matizes de delicadeza dos conteúdos e formatos da educação sexual -sexualidade e sexo, corporeidade e corpo. O mesmo acontece com os problemas resultantes de fronteiras pouco nítidas entre domínios do íntimo e do público. Entre as modalidades de intervenção próxima ou distante, ou em suas composições mescladas, as ações em prol de educar em função de boas práticas sexuais, mostram formas de investir assentes em compromissos distintos. De outro lado, as formas investidas têm em consideração as maneiras como os alunos se envolvem e reagem em função da natureza destas ações. Como adolescentes e jovens as suas reações reforçam as nuances problemáticas nas artes de fazer o comum no plural na escola. PALAVRAS-CHAVE: Educação sexual. Professores. Técnicos de saúde. Comum no plural. Lugares-comuns ABSTRACTThe hesitations in the implementation of public policies and actions associated with sex education in schools reveal its delicate and turbulent nature. The demands of coordinated actions in the school to achieve them accentuate the existence of problematic areas between the way teachers and health technicians creatively conceive them. The analytical conclusions drawn from the acting (dis)co-ordinations derive from ethnographic analyses based on qualitative methodologies. In fact, combining knowledge derived from education and health exalts delicate nuances of the contents and formats of sexual education -sexuality and sex, corporeity and body. The same is true with problems resulting from unclear boundaries between the domains of the intimate and the public. Among the modalities of proximate or distant intervention, or in their mixed compositions, actions to educate in terms of good sexual practices show forms of investing based on different compromises. On the other hand, the invested forms take into account the ways in which students engage and react according to the nature of these actions. As adolescents and young people, their reactions reinforce the problematic nuances in the arts of making the common in the plural within school.
Cet article est basé sur un projet de recherche mené entre octobre 2010 et 2012. Un problème central a guidé les travaux scientifiques effectué dans cinq écoles publiques portugaises et avec une population d’élèves de morphologie sociale contrastant : comment les expériences d’injustice, d’humiliation et de non-reconnaissance sont perçues par les élèves dans plusieurs contextes scolaires et son impact sur la construction de l’identité de genre des élèves. En analysant le sujet à partir de l’angle théorique-épistémologique de la sociologie pragmatique, l’accent est mis sur les capacités critiques que les acteurs mobilisent dans la situation, et à travers lequel leurs actions sont structurées. Les jugements rendus par les élèves (et aussi par les enseignants) avant des expériences humiliantes et les régimes d’action qui soutiennent ces jugements sont ainsi privilégiée.
ResumoEscola pública e famílias são instituições onde, ora se articulam ora se litigam, valores, saberes e responsabilidades sobre a educação sexual dos jovens escolares. Apesar das políticas educativas apontarem resolutamente para uma dinâmica de articulação entre estas instituições, surgem frequentemente tensões, dilemas e controvérsias, que indiciam uma difícil articulação na concretização dos projetos de educação sexual na escola pública portuguesa. Neste sentido, o presente artigo tem por objetivo analisar e interpretar os argumentos esgrimidos por pais e professores sobre a quem compete coordenar, guiar e apoiar estas ações educativas. Com base neste objetivo, foi mobilizado um protocolo metodológico que envolve um conjunto diversificado de técnicas de recolha de dados: entrevistas; questionários; observação etnográfica e pesquisa documental. Em traços gerais, esta pesquisa empírica permite concluir que apesar das referidas tensões entre a escola e a família, uma lógica associada à proteção e ao bem-estar físico e emocional juvenil, presente nos programas de educação sexual escolar, é fundamental para encontrar sentidos de coordenação entre as duas instituições. Palavras chaveEducação sexual, responsabilidade, escola, família, íntimo, público. AbstractThe public school and the families are institutions where knowledge and responsibilities on sexual education are articulated or sometimes enter in conflict. Although educational policies point firmly to a dynamic of articulation between the two institutions, some tensions suggest a difficult articulation in sexual education in Portuguese public school. In fact, this article aims to analyse and interpret the arguments of parents and teachers about who is responsible for coordinating, guiding and supporting these educational actions. Based on this objective, a methodological protocol was mobilized by a set of data collection techniques: interviews; questionnaires; ethnographic observation and documentary research. In general terms, this empirical research allows us to conclude that, despite the aforementioned tensions between school and family, a logic associated with youth physical and emotional well-being and protection, present in school sex education programs, is fundamental to find coordination between the two institutions.
O conjunto de mudanças que ocorrem nos sistemas educativos nas últimas décadas tem como vetor fundamental a mudança do programa de justiça que orienta o seu funcionamento. É o paradigma de escola eficaz que ganha paulatinamente terreno. Esta evolução no plano dos princípios de justiça e lógicas de funcionamento tem repercussões nas formas de exercício da atividade docente, enquanto pilar incontornável para a prossecução destas novas orientações. Ora, estas novas demandas não significam que elas sejam mecanicamente assimiladas por estes profissionais. É perscrutável uma diversidade de lógicas atuantes, assentes em diferentes composições de regimes de envolvimento na ação, no exercício da atividade, e que entram em tensão de diferentes formas com as lógicas performativas incrustadas no funcionamento do sistema educativo. Alguns dos dados recolhidos no âmbito de um projeto de investigação fornecem o suporte empírico para as indagações que se pretendem desenvolver sob um enfoque teórico de cariz pragmatista. Palavras-chave: programa de justiça escolar, escola performativa, regimes de ação, professores do Ensino Básico e Secundário.
Resumo O presente artigo insere-se em um projeto de investigação centrado na problemática da hospitalidade na forma como os alunos agem nos territórios escolares, visibilizada por meio de experiências inóspitas e hospitaleiras vivenciadas por esses atores no decurso das sociabilidades escolares. No quadro desta problemática, pretende-se, em particular, observar como os alunos qualificados como estrangeiros se ligam à escola e, através desses laços, analisar as maneiras como se relacionam com os outros, na figura dos seus pares, em um contexto de transformação na morfologia escolar nas últimas décadas, decorrente do incremento do número de alunos estrangeiros que se matriculam nos ciclos da escolaridade obrigatória em Portugal. Mediante o quadro teórico comumente designado por sociologia pragmática, tenciona-se analisar como alunos se envolvem em diferentes e compostos regimes de ação que visam a fazer o comum no plural nos respectivos estabelecimentos de ensino. Articulam-se, para o efeito, dados de entrevistas semidiretivas e observações etnográficas levadas a cabo em duas escolas públicas do ensino médio português e que têm como traço comum albergarem fortes contingentes de alunos oriundos de contextos de imigração e com diversas nacionalidades. Incidindo o olhar sociológico sobre vários espaços tipificados que compõem o território escolar, é nas exteriorizações por parte desses alunos estrangeiros inquiridos em torno de acontecimentos efervescentes e do modo como habitam a escola que é tratada e evidenciada a problemática do reconhecimento – nomeadamente, as composições do reconhecimento do aluno na sua figura de estrangeiro e as diversas experiências em que esse reconhecimento é ou não experienciado.
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