RESUMOEste artigo traz uma reflexão sobre uma capacitação para o trabalho grupal, destinado às equipes das UBSs (Unidades Básica de Saúde) do SUS (Sistema Único de Saúde) e agentes comunitários de saúde de um município do interior do Estado de São Paulo. Trata-se de analisar o pedido explicitado pela equipe, de mostrar a reflexão a respeito desse pedido, as circunstâncias dos problemas colocados, a experiência dos vários trabalhadores da equipe e a escuta do que se passa do lado da população. Parar para ouvir os parceiros do trabalho e refletir sobre a intervenção fez a equipe trabalhar sua sensibilidade diante das questões da população, do que vem a ser saúde e poder assumir outra postura que não seja a de servir ao controle da população e trabalhar para a construção da sociedade de controle. Keywords: institutional analysis; group dynamics; social control.
Palavras
Um caso por acaso (demanda e implicação)Era um dia de sábado ensolarado quando fazí-amos a capacitação com as equipes de trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde (UBS) numa cidade do interior de São Paulo, solicitação feita pela Secretaria de Saúde do município para melhorar o trabalho de coordenação de grupos dos funcionários do Sistema Único de Saúde (SUS). No município que faz alto investimento no atendimento à população, na assistência social e na atenção Primária à Saúde (aPS), inclusive no nível preventivo, há inúmeros programas de cuidado à gestante, aos portadores de hipertensão e diabetes, aos tabagistas, entre outros. Na primeira conversa com o grupo, em torno de 20 funcionários, propusemos que se apresentassem e relatassem os trabalhos já desenvolvidos, as dificuldades, as facilidades, os interesses, os espaços físicos. Era o momento de um mapeamento das práticas e dos afetos que atravessavam o trabalho e os funcionários das UBS. Era também um momento no qual os trabalhadores tomariam conhecimento dos problemas vividos pelo conjunto da equipe, das soluções criativas, do que se realizam nas várias unidades de saúde, das dificuldades que todos tinham. Era o primeiro momento, quando juntávamos as singularidades e derivas, os afetos e tremulações corporais e os fazíamos realizarem comparações e entrarem em confronto uns com os outros. a troca ou confrontação de experiências é um dos momentos mais importantes de um encontro grupal, de uma capacitação que não pretende deixar caladas as experiências das pessoas em prol do saber dos mestres, das teorias, das ordens dos especialistas de grupo -em vez disso, pretende aproveitar a oportunidade e levar trabalhadores de uma prefeitura a conhecer os embates laborais dos seus parceiros, a pensar os horizontes do seu trabalho e seguir em direção à experimentação da gestão compartilhada e da autonomia. a troca de expe-