ResumoNosso artigo discorre sobre a importância da noção de corpo na filosofia de Merleau-Ponty. Essencialmente presente nas manifestações intersubjetivas, o corpo encarna a possibilidade de compreensão dos gestos e das palavras, assinalando o caráter corpóreo da significação, cuja apreensão está na reciprocidade de comportamentos vividos na dimensão social. Desenvolvemos também seu conceito de linguagem falada; segundo Merleau-Ponty, o sentido da linguagem expressiva teria sido expropriado da palavra pelas concepções empirista e idealista, fundadas na dicotomia cartesiana. Merleau-Ponty observa uma imanência do sentido na palavra, apontando que a compreensão da linguagem remonta à análise de seu movimento expressivo originário: o gesto. O caráter fundador da linguagem mostra-se nas relações ambíguas entre fala e pensamento, sentido e palavra, significante e significado. Esta ambigüidade, presente em todas as formas de linguagem, constitui a natureza do fenômeno expressivo, revelando a abertura de nossa faticidade originária ao mundo e a nós mesmos.Palavras-chaves: merleau-ponty; corpo; linguagem; fala; expressão AbstractThe body as expression and language in Merleau-Ponty. Our article is about the importance of the body notion in the philosophy of Merleau-Ponty. Present in communication, the body incarnates the possibility of understanding gestures and words, stressing the bodily character of significance, the apprehension of which lies in the reciprocity of behaviors experienced in the social dimension. We also develop the concept of spoken language; according to Merleau-Ponty, the sense of language was expropriated of the word by the empiricist and idealist conceptions, based in Cartesianism. Merleau-Ponty observes an immanence of the sense in the word, pointing that the understanding of the language refers to the analysis of the original expressive gesture. The founder character of language is shown in the ambiguous relationships between speech and thinking, meaning and word, significance and significant. This ambiguity, present in all forms of language constitutes the very nature of the expression.Key-words: merleau-ponty; body; language; speech; expression P retendemos duas coisas nesse artigo. Primeiro, apresentar um esboço da teoria da comunicação na filosofia de Merleau-Ponty, sobretudo presente em Fenomenologia da percepção (1945/1994). Em segundo lugar, desdobrar um pouco a questão do sentido presente na linguagem.Quanto ao primeiro ponto, devemos destacar a noção eminentemente corpórea da expressão, como a fala emerge enquanto gesto de um corpo que é todo relação de sentido com o mundo, gesto de tomada de mundo na articulação do ser social. Esse caráter eminentemente corpóreo da significação impede que se possa tomá-la como objeto puro de pensamento: é no sentido do comportamento que as significações das palavras sempre se encontrarão, e é no acordo de nossas intenções práticas, isto é, no sentido do que fazemos, que se realiza a comunicação. Com o segundo ponto, pretendemos sobretudo apontar que em ...
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RO objetivo deste artigo é mapear os escritos de Freud sobre a transferência dos pacientes psicóticos demarcando quatro etapas. A particularidade deste trabalho consiste exatamente na divisão da experiência freudiana das psicoses em quatro períodos que salientam a questão da transferência com caráter central na experiência com psicóticos. No primeiro período veremos que Freud utiliza a prática do diagnóstico de maneira bastante flexível, no entanto é a partir deles que a noção de transferência aparece. Num segundo momento, Freud duvida que seja possível o tratamento psicanalítico das psicoses. No momento seguinte, Freud manifesta significativo interesse pela clínica das psicoses. Na quarta e última etapa, Freud analisa as relações entre normalidade e anormalidade e avalia as possibilidades da análise de psicóticos. Apresentamos ainda um caso pouco assinalado de um paciente de Freud, pois acreditamos que compreender o pensamento de Freud a partir da experiência clínica é importante para que se compreenda o conjunto de sua obra.Palavras-chave: psicose; transferência; Freud.* Pós-doutoranda do PPGPsi (
Desde o início da teorização freudiana, inibição, defesa e censura são processos que devem incidir sobre as pulsões. O primitivo pulsional precisa ser reprimido ou transformado. Este artigo problematiza a relação entre as pulsões sexuais e a defesa psíquica, ao longo do período pré-psicanalítico e da primeira tópica freudiana. Situamos o conflito entre sexualidade e repressão, apontado por Freud como característico das psiconeuroses, enquanto que nas neuroses atuais a angústia está relacionada a um registro quantitativo e não exatamente a um conflito psíquico. Nesse caso, revela-se desencontros entre um sexual corpóreo e sua representação psíquica. Pretende-se, neste trabalho, evidenciar o caráter negativo das pulsões e pôr em relevo a natureza do antagonismo que se opõe às pulsões sexuais. A formulação das pulsões de autoconservação como aquilo que deve se contrapor às pulsões sexuais não esclarece completamente porque é imperativo que algo aconteça face às vivências pulsionais fundantes do aparelho. A satisfação em estado bruto acarreta prejuízos, tanto do ponto de vista psíquico quanto social; logo, a repressão das pulsões sexuais é condição necessária para a existência individual e coletiva. Evidencia-se assim algo específico do humano, afinal, se toda a natureza funciona afirmando o instinto, a espécie humana somente se desenvolve a partir de sua negação. A partir de tais construções teóricas, questiona-se se a psicanálise ainda permanece demasiadamente tributária de uma concepção de natureza revestida de pressupostos morais, sustentando a noção de que tenha que ser continuamente negada, afastada, coagida e domesticada, em prol de construções sociais bastante questionáveis, porém acatadas como necessárias.
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