RESUMOobjetivo do presente trabalho consistiu em verificar se as evidências empíricas das novas formas organizacionais, publicadas em periódicos nacionais e estrangeiros (de língua inglesa) durante o período de 1995 a 1998, representam ruptura com o modelo burocrático de organização. As discussões nesse campo de estudos a respeito da emergência de novos modelos organizacionais que possam representar ruptura com a burocracia têm sido marcantes, nos últimos anos. As organizações foram analisadas em termos de seu potencial de flexibilidade tecnológica, estrutural e cultural; considerou-se, em especial, o tipo de racionalidade predominante em sua lógica de ação. A dimensão tecnológica foi caracterizada como sendo a de maior potencial de flexibilidade; observou-se médio potencial de flexibilidade nas dimensões estrutural e cultural. A racionalidade formal foi predominante. Conclui-se que apesar da forte tendência de flexibilização do modelo burocrático não se verifica a ruptura, uma vez que a lógica de ação predominante nas organizações ainda é aquela voltada para o cálculo utilitário de conseqüências.ABSTRACT he objective of this work was to verify whether empirical evidences of new organizational forms, as published in domestic and foreign publications in English, from 1995 to 1998, did or did not represent a break away from the organizational bureaucratic pattern. There have been outstanding discussions in the field of organization about the emergence of new organizational patterns, which may stand for a break away from stablished ones. The looked-through organizations have been analysed in terms of their potentiality in technological, structural and cultural flexibility, and further consideration has been given to the type of rationality which predominates in actions of the scrutinised organizations. The technological dimension has been rated as being the one with the largest potential for flexibility while rating a medium potential in the structural and cultural dimensions. Instrumental rationality has been considered as the predominant one. It was concluded that there is a strong tendency in favor to the flexibilization of the bureaucratic model regarding the categories analysed. But the rupture with the model was not perceived, since the predominant logic of action was the instrumental one.
Considerando a importância da análise epistemológica na produção do conhecimento científico em qualquer área em termos gerais e na administração em termos particulares, o presente artigo se propõe a analisar os fundamentos epistemológicos de um dos temas que vem ganhando relevância no contexto da produção acadêmica em administração: a Responsabilidade Social Corporativa. A partir do estudo desenvolvido por Moretti e Campanário (2009), o qual mapeou as principais referências bibliográficas utilizadas para fundamentar os trabalhos apresentados sobre a temática nos Encontros Nacionais da Anpad, foram selecionadas oito obras referenciadas, as quais estavam relacionadas especificamente aos fundamentos da responsabilidade social e analisaram-se os trechos que tratam dos motivos pelos quais as empresas praticam ações de responsabilidade social. Posteriormente, as obras foram analisadas sob a ótica das principais correntes epistemológicas do séc. XX, consideradas relevantes para a compreensão do fenômeno: empirismo, racionalismo, utilitarismo, positivismo, funcionalismo e dialética. As conclusões apontam para o fato de que, além da existência de uma zona de conforto intelectual nos estudos sobre o assunto, já apontadas por Moretti e Campanário (2009), o embasamento das referências utilizadas está centrado na lógica de operar do paradigma dominante nas ciências da administração, ressaltando o caráter funcionalista e utilitarista das práticas de responsabilidade social por parte das empresas. Curiosamente, os estudos não puderam ser classificados como empiristas, racionalistas ou positivistas devido à falta de dados concretos que fundamentassem as conclusões dos autores, com exceção da obra de Freeman (1999) a qual apresenta bases empíricas a partir das quais as conclusões são auferidas. As conclusões chamam a atenção para as dificuldades de desenvolvimento de um campo de pesquisas centrado em poucas obras e com fundamentos epistemológicos restritos e não explicitados, levantando a necessidade de proposição de pesquisas que, utilizando-se de diferentes pressupostos epistemológicos, possam descrever o fenômeno de forma mais precisa, contribuindo para uma compreensão reflexiva da atuação das organizações empresariais no campo social.
O campo da cultura, assim como outros campos, tem passado por grandes transformações nos últimos anos. No Brasil, a Lei Rouanet e a criação da figura jurídica das Organizações Sociais são marcos importantes dessa transformação, que implica novos modos de ação e, notadamente, novos modos de captação de recursos e gestão das organizações. No centro dessas transformações, parece estar a inserção da lógica de mercado nas atividades culturais. Fundamentadas nessas percepções, oriundas de estudos realizados no grupo de pesquisa do qual participamos, realizamos um estudo etnográfico em uma rede de organizações não-governamentais denominada Rede Arte e Cidadania, a qual aglutina aproximadamente 30 ONGs que utilizam a arte em suas diversas manifestações para a construção ou recuperação da cidadania de grupos em situação de risco, notadamente crianças de classes desfavorecidas. Os resultados da análise identificam uma forte inserção da lógica de mercado na formação de gestores de ONGs pertencentes à Rede, observada pela discussão concentrada em elaboração de projetos com uma visão predominantemente empresarial, baseada em aspectos quantitativos e, por vezes, em interpretações errôneas.
Culture field, as any other field in contemporary society, has gone through huge changes over the last years. In Brazil, the Rouanet Law and the establishment of the juridical institute of Social Organizations are important landmarks of such changes, implying new modes of action and, notably, new ways of fund raising and new parameters of organizational management. At the core of these changes, it appears that the market logic is inserted in cultural activities. Based on these perceptions derived from studies realized by the research group we participate in, we carried out an ethnographic study in a network of non-governmental organizations, named Rede Arte e Cidadania, which encompasses about 30 ONGs that use art in its diverse expressions for the construction or recovery of citizenship in groups under risky situation. The results of this study signal a strong insertion of the market logic in the training process of managers of the ONGs belonging to the network analyzed. Such perception was triggered by the emphasis placed, during the training process of these managers, on the topic of elaborating projects with a predominantly business view
Os estudos e debates envolvendo as questões sobre estrutura e design organizacional vêm desenvolvendo-se a partir de duas perspectivas distintas: a primeira, própria do projeto modernista de organização, procura discutir as novas alternativas de estrutura e design organizacional diante de um ambiente altamente turbulento e competitivo; a segunda, relacionada à proposta pós-modernista ou da teoria crítica, trata do tema como a manifestação de diferentes formas de se entender as organizações. Dentro dessa abordagem, as novas formas organizacionais representam a operacionalização de modos de racionalidade diferentes daquele descrito por Weber como típico do modelo burocrático. Esta seleção, realizada pela professora Eloise Livramento Dellagnelo, da Universidade Federal de Santa Catarina, apresenta alguns trabalhos relevantes produzidos no âmbito acadêmico. MODERN ORGANIZATIONS: organization studies in the postmodern worldStewart R. Clegg. London : Sage, 1990. 261 p. Esse livro é um marco significativo nas discussões sobre pós-modernismo em termos de evidências empíricas. Clegg deixa clara a conexão entre modos de racionalidade e diferentes dimensões organizacionais e procura definir um quadro de análise comparativo entre organizações modernas e pós-modernas. Cabe destacar a ênfase dada pelo autor para a idéia da racionalidade ou uma perspectiva mais cultural na análise organizacional, sem dúvida, uma contribuição fundamental em toda a discussão abrangendo o tema. ORGANIZATIONAL CHANGE AND REDESIGN: ideas and insights for improving performanceGeorge P. Huber e William H. Glick (Coords.). New York : Oxford University Press, 1995. 450 p. Nessa obra, são reunidos trabalhos de diferentes pesquisadores. Huber e Glick procuram retomar o tema da estrutura e design organizacional como importante foco de mudança estratégica nas organizações, buscando desenvolver uma contribuição para acadêmicos e executivos. No epílogo do capítulo 12, Arie Lewin e Carroll Stephens apresentam uma boa síntese sobre desenvolvimentos relevantes relacionados ao design das organizações contemporâneas. BUILDING THE FLEXIBLE FIRM: how to remain competitiveHenk W. Volberda. New York : Oxford University Press, 1998. 349 p. Esse trabalho tem grande valor pela capacidade de síntese das diferentes dimensões que envolvem os novos designs organizacionais. Cabe observar que, apesar de o autor advogar que a abordagem apresentada seja típica de organizações pós-modernistas e, por conseqüência, própria de uma racionalidade substantiva, o desdobramento de seu trabalho deixa dúvidas a respeito. De fato, o tratamento dado à flexibilidade, do ponto de vista da tecnologia, estrutura e cultura, evidencia a possibilidade da concretização de burocracias flexíveis, e não necessariamente modelos alicerçados em uma racionalidade não instrumental. ORGANIZANDO PARA COMPETIR NO FUTURO:estratégia para gerenciar o futuro das organizações Jay R. Galbraith, Edward E. Lawler III e Associados. São Paulo : Makron Books, 1995. 287 p. Esse livro é uma coletânea de uma série de traba...
A partir dos anos de 1990 se observa tanto na Austrália como no Reino Unido o surgimento de uma nova proposta para o desenvolvimento econômico dos países, baseada em atividades que têm sua origem na criatividade, na habilidade e no talento, vislumbradas como potencialmente capazes de gerar riqueza e emprego. Esta nova perspectiva passou a ser reconhecida pela denominação de economia criativa. No Brasil, não diferentemente de outros países, a temática referente à economia criativa também despertou a atenção, porém é preciso não só entender o que está envolvido nessa nova construção simbólico-discursiva, mas também confrontá-la frente à realidade. Para tanto o objetivo deste artigo é o de apresentar a experiência de uma organização cultural sob a perspectiva empreendedora da economia criativa, cujo discurso inefável de sucesso, muitas vezes encobre as dificuldades existentes no campo cultural no Brasil.
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