O presente trabalho teve como objetivo realizar o mapeamento de risco de desastres naturais para o Estado de Santa Catarina, associados às instabilidades atmosféricas severas. Para a obtenção do índice de risco foram calculados os índices de perigo, de vulnerabilidade e de reposta para cada município catarinense. O índice de perigo foi obtido através da freqüência de desastres naturais; o índice de vulnerabilidade através da soma das variáveis DD, IP e PI; e o índice resposta é dado pelo IDH-Municipal. No total foram computados 2.881 desastres associados a instabilidades atmosféricas (120 eventos/ano). Destes episódios, 1.299 foram associados à inundação gradual, - o que representa 45 % do total, - seguido pela inundação brusca e vendaval com 19 e 17%, respectivamente. As mesorregiões mais afetadas foram Oeste Catarinense, Vale do Itajaí e Grande lorianópolis. Com relação ao índice de risco, os municípios mais problemáticos, que carecem de medidas preventivas a curto prazo, localizam-se nas mesorregiões Oeste e Norte Catarinense. Dentre os municípios que apresentaram maior índice de risco destaca-se Florianópolis (1,74), Blumenau (1,54), São José dos Cedros (1,03), Joinville (1,03) e Chapecó (0,71). Com exceção de São José dos Cedros, estes municípios apresentaram elevada densidade demográfica e frequência de desastres naturais.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a qualidade dos bancos de dados de desastres naturais, tanto em escala global quanto regional. Os dados do banco global EM-DAT foram obtidos junto ao Centre for Research on the Epidemiology of Disaster (CRED), e do regional junto ao Departamento Estadual de Defesa Civil de Santa Catarina (DEDC-SC). Conforme dados do EM-DAT, aumentou significativamente a freqüência e a intensidade dos desastres naturais em todo o mundo, principalmente a partir da década de 50. A taxa de crescimento da população (15%) foi bem inferior à taxa de crescimento dos desastres (56%) para o período analisado (1900-2000). Ressalta-se que na década de 80, a taxa de desastres atingiu seu pico máximo, que foi de 100%. Esse aumento dos desastres no século XX, deu-se em função do crescimento populacional, da segregação socioespacial, da acumulação de capital em zonas perigosas, do avanço das comunicações e das mudanças globais. Para o Brasil, os dados totais do EM-DAT (261 registros) apresentaram-se bem inferiores aos dados da DEDC-SC computados para Santa Catarina (3,373 registros). Esse foi um erro de omissão encontrado no EM-DAT, visto que todos os dados do DEDC-SC obedecem a pelo menos um dos critérios requeridos pelo banco global. Mas, ambos os bancos apresentaram grandes similaridades em relação à porcentagem de cada tipo de desastre, com correlação de 0,87. As inundações representam 61% do total registrado, tanto para o banco global quanto para o regional. Apesar da diferença nas escalas de atuação, foram identificados nos bancos erros de omissão e de inserção, de tipologia e de quantificação.
Este artigo tem como objetivo apresentar as informações meteorológicas e oceanográficas coletadas 'in loco' durante a passagem do Furacão Catarina em Bal. Arroio do Silva (SC). Os dados apresentados são qualitativos, baseados na percepção e experiência dos pesquisadores. Apenas variações bruscas na velocidade e direção dos ventos, elevação do nível do mar, temperatura e intensidade das chuvas foram registradas. Utilizaram-se as escalas Beaufort e Saffir-Simpson para estimar a velocidade dos ventos. No município de Bal. Arroio do Silva, os ventos mais intensos foram do quadrante sul (primeira fase), por volta da 01:00h (28/03/2004), com rajadas de 120 km/h, chuva forte e temperatura baixa. À 01:15h começou a passagem do "olhoâ€?, as chuvas e os ventos cessaram abruptamente; o céu ficou limpo e a temperatura aumentou consideravelmente. Às 02:48h, os pesquisadores foram surpreendidos por ventos de aproximadamente 180 km/h (segunda fase), chuvas intensas e temperaturas muito baixas. Os principais danos foram os destelhamentos severos, destruição de edificações, queda de árvores e postes de energia elétrica, entre outros. Baseado na velocidade estimada dos ventos e na avaliação dos danos, o Furacão Catarina foi classificado como categoria 2, de acordo com a escala Saffir-Simpson.
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