Este artigo mostra que sentenças existenciais integram uma classe maior de construções do Portugues do Brasil. Contrariamente ao que tem sido proposto na literatura, essas sentenças não são uma subclasse das sentenças construídas com verbos ergativos e sujeito proposto. Com base nas propriedades observadas na análise de um corpus de português brasileiro oral, sustentamos que as Sentenças Existenciais fazem parte de uma classe de construções que chamamos de construções impessoais.
A Linguística Histórica brasileira tem obtido grande sucesso no entendimento das mudanças pelas quais o português vem passando, desde os tempos coloniais até os dias de hoje. De maneira geral, os estudos da área enfatizam a história interna da variante a que chamamos de português brasileiro. Neste trabalho, sugerimos que é chegada a hora de abrir mais espaço para o estudo da história social de nossa língua, fazendo uma história linguística. O português brasileiro emergiu como um vernáculo colonial, em uma situação de extremo multilinguismo, caracterizada pelas interações de falantes de línguas europeias (majoritariamentemas não apenas -o português), línguas indígenas, línguas africanas, em toda a riqueza de suas variedades dialetais. A História Linguística que aqui propomos deve buscar subsídios para reconstruir o tipo de ecologia de contato que se criou entre os falantes dessas diferentes línguas e o conjunto de traços linguísticos formado a partir desse contato. Desse modo, poderemos elaborar hipóteses a respeito da emergência das características do português brasileiro que o diferem do português europeu, dando valor à contribuição das línguas indígenas e das línguas africanas na configuração de sua gramática.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.