1 Tomado como objeto discursivo, o termo sujeito-mãe, nesse dispositivo, refere-se à diferenciação promovida pelos aparatos midiáticos entre mães-homossexuais, mães-adolescentes, mães-solteiras. Da mesma forma, "modalidades maternas" refere-se à maternidade homossexual, maternidade adolescente etc.
Resumo Em 2020, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) faz 30 anos. Esse marco coincide com a pandemia causada pela COVID-19, que coloca em conflito noções de direito ligadas à preservação da vida e da liberdade apresentadas pelo próprio ECA. Diante desse contexto, este artigo trata a respeito de reinvenções e deslocamentos diante da quarentena, os quais se pautam pelo direito à vida ao mesmo tempo em que restringem o direito à liberdade. Ao assumir a inseparabilidade que Michel de Certeau postula quanto às noções de estratégia e tática, o artigo explora, metodologicamente, seis cenas expressivas da reinvenção do cotidiano – e que estão vinculadas, cada uma a seu modo, a três dimensões específicas: a relação de famílias com as tecnologias; a relação das famílias com a escola; e a relação das famílias com suas crianças. As quatro cenas iniciais, exploradas a partir da configuração de estratégia, indicam esforços para a conformação das formas de organização do social. Neste caso, fica evidente como, de um lado, a relação das famílias com as tecnologias, e, de outro, a relação das famílias com a escola sugerem práticas comprometidas com a manutenção de formas de existir, mesmo em meio a um contexto de excepcionalidade. As duas últimas cenas, situadas a partir da configuração de tática, dão visibilidade às práticas cotidianas das famílias com suas crianças, ou seja, ao que entendemos serem relatos de pessoas ordinárias e que, justamente por meio dessa condição, apontam possibilidades de criação do novo.
Este artigo tem como objetivo analisar de que maneira um dispositivo da maternidade é produzido e atualizado no espaço midiático de forma a produzir diferentes "modalidades maternas" e, a partir deles, padrões normativos. Para tanto, realizo uma análise enunciativa de dois conjuntos de materiais: um, composto por reportagens das revistas Veja e Caras sobre duas personagens mães-famosas (Vera Fischer e Xuxa) e capturadas entre 1992 e 2003; e, outro, composto por matérias retiradas da revista Crescer, no período de janeiro de 2001 a julho de 2002. Afirmo que esta normatividade é produzida a partir da relação entre as modalidades maternas e a partir do modo como os sujeitos-mãe deste dispositivo relacionam-se entre si e com os sujeitos-pai.
Revista Brasileira de Educação v. 13 n. 38 maio/ago. 2008 343"El ojo que ves no es ojo/porque tú lo veas/es ojo porque te ve" (Antonio Machado, 1997, p. 289). Esses versos parecem ter inspirado as palavras do filósofo francês Didi-Huberman, que fala de algo bastante semelhante: "O que vemos só vale -só vive -em nossos olhos pelo que nos olha" (1998, p. 29). Ou talvez não se trate aqui de inspiração, mas de uma espécie de prolongamento dos versos do poeta espanhol. De fato, ambos trazem a discussão acerca de um olho jamais passivo, de um olho que olha, mas que, no ato mesmo de olhar, é acolhido, cingido exatamente pelo que vê.De forma sucinta, poderíamos dizer que DidiHuberman indica que "o ato de ver só se manifesta ao abrir-se em dois" (1998, p. 29) -e aí justamente residiria seu paradoxo. A partir da leitura de Ulysses, de James Joyce, o filósofo discute a "inelutável cisão do ver" e convida: "devemos fechar os olhos para ver quando o ato de ver nos remete a um vazio que nos olha, nos concerne e, em certo sentido, nos constitui" (idem, p. 31). Afastamo-nos, portanto, de uma crença que sugeriria que a visão depende de nós. Ao enfatizar que o que está diante de nós também nos olha, o autor de algum modo rompe com o subjetivismo do olhar (mais propriamente, daquele que olha). A idéia apresentada por Didi-Huberman afasta-se de uma noção de que tudo é e está visível a nossos olhos, apenas à espera desse olhar iluminador dos sujeitos. Enfim, o autor sugere uma ruptura com duas idéias clássicas na filosofia do olhar, segundo as quais "ou a visão depende das coisas (que são causas ativas do ver), ou depende dos nossos olhos (que fazem as coisas serem vistas)" (Chauí, 1988, p. 40). Ora, por que, quando falamos em olhar, se trata de uma cisão, de um abrirse em dois? E ainda por que se trata de um ato que nos é inelutável?A visão, o ato de ver, implica sempre um contato primeiro com o volume dos corpos, esses "objetos primeiros do todo nosso conhecimento e de toda visibilidade" (Didi-Huberman, 1998, p. 30). Nesse sentido, podemos dizer que os corpos se constituem como algo a tocar, a apanhar; eles são algo contra os quais nosso olhar invariavelmente "se choca" (idem, ibidem). A visão, no primeiro momento imediato, estaria relacionada ao ato de absorver o volume visível das coisas, e, portanto, de tê-las de algum modo. Contudo,
ResumoTomando como ponto de partida alguns temas básicos da Educação (tais como as relações entre saber e conhecimento, teoria e prática, entre outros), propomos, neste artigo, analisar as relações entre sujeito e verdade, mediadas pelas práticas de si.Incialmente, tal discussão é tomada a partir do conceito de cuidado de si, em sua dimensão ontológica -dimensão que coloca em jogo sujeito e saber e que nos possibilita problematizar a noção de sujeito do conhecimento. Em seguida, discutimos a relação entre sujeito e verdade, a partir da prática da parresía, da "fala franca", como conceito operador de uma pragmática do discurso -inseparável da ação e do pensamento. Ao tomarmos tais conceitos -cuidado de si, parresía -como chaves de leitura da obra de Foucault, assumimos a profunda alteração que tais discussões instauram e o quanto elas nos permitem pensar, de outras formas, temas da Educação e, para além dela, a nós mesmos. Palavras-chaveÉtica, sujeito, verdade, práticas de si. AbstractBy taking some basic topics in education as a starting point (such as relationships between lore and knowledge, theory and practice, among others) we have attempted to analyze in this paper the relationships between subject and truth mediated by the notion of practices of the self. Initially, the discussion has considered the concept of care of the self in its ontological dimension, which involves both subject and lore and enables the problematization of the notion of the subject of knowledge.We have discussed the relationship between subject and truth by addressing the practice of parrhesia, or "fearless speech", as a concept that operates a pragmatics of discourse, which is inseparable from action and thought. By taking such conceptscare of the self, parrhesia -as keys to reading Foucault's works, we have assumed the deep alteration that such discussions introduce in his work and how much they enable us to think differently about educational topics and, beyond that, to think about ourselves.
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