Resumo: Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica, de caráter histórico e teórico, que investigou, de modo pormenorizado, a discussão em Freud sobre a transferência no período que vai de sua primeira descrição clínica até sua conceituação. Partimos do pressuposto de que para problematizar o manejo da transferência na clínica, o modo pelo qual este conceito foi construído é tão elucidativo quanto o seu conteúdo teórico, salientando que a transferência está no cerne do debate sobre a especificidade do método psicanalítico, seu estatuto de cientificidade e sua aplicação em diferentes contextos. Iniciamos com o comentário de sua descrição em 1895. É acompanhada a inserção de acréscimos metapsicológicos nos anos seguintes. Neles, o substantivo transferência vem designar ora o modo de funcionamento energético do psiquismo, ora a lógica causal da etiologia das neuroses. Esses acréscimos ensejam a reformulação da ideia de trauma e esclarecem o papel da fantasia e dos componentes sexuais na constituição dos sintomas. O livro dos sonhos consagra a transferência em uma acepção mais ampla, promovendo uma mudança da ideia de retroação, que recebe um sentido mais próximo ao de atualização. Freud retorna à transferência no sentido descritivo para problematizar a inclusão do analista nas formações do inconsciente do analisando. Depois de localizados os efeitos de duas crises -a dissolução do laço transferencial com Fliess e o impasse no tratamento de Dora -frisamos ao final como a conceituação da transferência acarreta uma mudança na abordagem do fenômeno da sugestão e da técnica da interpretação.
We follow the development of Lacan's Seminar The Psychoanalytic Act in order to discuss and articulate the times of an analysis as a crucial condition for the training of the psychoanalyst, considering that the conception of act allows knotting these two processes. We elucidate the Klein semi-group framework established in this seminar, which in-230
Esclarece-se os pressupostos de uma proposta de interlocução entre psicanálise e literatura fantástica por meio do mapeamento da rede de trocas que se estabeleceu entre esses dois campos ao longo dos últimos 140 anos. A partir do resgate das definições e cronologias do fantástico, desenha-se um quadro esquemático de suas diferentes fases e vertentes, ao mesmo tempo que se estabelece um paralelo com a história da psicanálise e alguns de seus fundamentos teóricos e éticos. Indica-se como elementos comuns mais relevantes: o tensionamento e a proximidade com o discurso científico e a tradição romântica, a ênfase na sexualidade e na divisão psíquica, a interrogação de uma racionalidade totalizante e a valorização de uma modulação estética da angústia e do fenômeno do estranho. Ao final, questiona-se o estado atual dessa relação, destacando-se algumas contribuições que a literatura fantástica pode oferecer à investigação clínica psicanalítica.
O presente artigo objetiva explorar, a partir das questões levantadas pela pandemia do Covid-19, a tensão e a pluralidade de sentidos que o conceito de desmentido assume no âmbito da psicanálise, considerando-se as acepções de Freud e Ferenczi. Busca-se uma articulação entre as contribuições desses dois autores para estabelecer daí uma descrição das consequências de uma política negacionista que perpetua e agrava as vulnerabilidades e o sofrimento da população mais desfavorecida, sobretudo em situações de catástrofes coletivas, como a atual. Criam-se daí obstáculos ao trabalho de simbolização e elaboração de lutos, limitando consideravelmente as possibilidades de construção de uma resposta política solidária, ampla, efetiva e duradoura. Problematiza-se então a relação entre a escrita da História e a dimensão coletiva do luto. Propõe-se, a partir de Freud e Ginzburg, a valorização da melancolia e da vergonha como estratégia de resistência discursiva a uma política negacionista alicerçada no desmentido.
Resgatam-se as referências presentes no texto de Freud (1919/1997) sobre o estranho para discutir a participação delas na formação desse conceito, enfatizando-se as obras literárias. Além dos textos de Hoffmann, são comentados os trabalhos de Schnitzler, Schiller, Heine, Goethe, Schaeffer, Ovídio, Twain, Dante, Shakespeare, Anderson, Heródoto, Wilde, Schelling, Jentsch, Kammerer e Selligmann. Localiza-se em “O estranho” uma inflexão do uso da literatura na investigação analítica, de onde resulta uma abordagem ampliada da estética. A partir da aproximação com a etimologia, salienta-se o caráter intraduzível desse conceito e sua dinâmica psíquica própria, que se desenrola entre o já sabido e o não reconhecido. Aponta-se nesse sentimento três dimensões correlatas e indissociáveis - psíquica, cultural e heurística -, cada uma delas remetendo a um sentido do diabólico em Freud.
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