ResumoO ensaio bibliográfico responde à seguinte pergunta: quais são as contribuições e implicações da incorporação da abordagem de Goffman -e, particularmente, do seu conceito de enquadramento interpretativo -para o estudo da ação coletiva e, mais especificamente, dos movimentos sociais? O foco recai sobre a apresentação e a análise da pertinência e fertilidade dos conceitos de enquadramento interpretativo/molduras interpretativas para a pesquisa empírica sobre movimentos sociais. Para atingir o objetivo indicado acima, o manuscrito se estrutura da seguinte forma: a primeira seção resgata as principais características das formulações originais de Goffman sobre molduras interpretativas; a segunda seção descreve como o conceito de molduras interpretativas foi apropriado por pesquisadores de movimentos sociais; a terceira aborda as principais elaborações teóricas desenvolvidas em torno do conceito de molduras interpretativas na literatura de movimentos sociais; a quarta destaca alguns pontos de crítica a esta abordagem que apontam para futuros desenvolvimentos; por fim, as considerações finais apontam algumas potencialidades analíticas da abordagem das molduras interpretativas para a literatura brasileira de movimentos sociais. O texto conclui que a abordagem dos enquadramentos/molduras interpretativas, central na literatura internacional sobre movimentos sociais, oferece férteis instrumentos teóricos para os pesquisadores brasileiros avançarem na identificação e análise de mecanismos e processos explicativos dos movimentos sociais PALAVRAS-CHAVE: enquadramento interpretativo; movimentos sociais; frame analysis; Erving Goffman; ação coletiva. 2 , que tendia a negligenciar a cultura (e, especialmente, os processos de construção e atribuição de sentido), o campo de estudos sobre movimentos sociais no Brasil se constituiu como uma área relevante para explicar a constituição e o desenvolvimento dos movimentos sociais. Caracterizada por um expressivo "deducionismo das condições objetivas" (Kowarick 2000, p.126), a maior parte da literatura do período tendia a abordar a dimensão cultural como sendo marcada por uma dupla negatividade, assim descrita por Dagnino:"Em primeiro lugar, uma negatividade derivada do determinismo econômico, que retirou da cultura qualquer possibilidade de uma dinâmica própria, estabelecendo-a como uma esfera separada, uma mera expressão epifenomenal de uma 'essência' econômica. Em segundo lugar, a cultura foi aprisionada na negatividade no sentido de que as idéias, e a própria cultura, eram consideradas predominantemente como obstáculos à transformação social, que deveriam ser eliminados nas massas e substituídos pelo 'conhecimento verdadeiro', pela 'consciência de classe', por meio das ações iluminadas de seus verdadeiros portadores: os intelectuais, a vanguarda, o partido" (Dagnino 2000, p.64).Ao longo dos anos 1980, no entanto, observa-se um crescente questionamento a esta perspectiva. No âmbito de um processo mais amplo de mudanças
A tradição anglo-americana de estudo das relações de trabalho (industrial relations) nunca chegou a marcar forte presença na academia brasileira. Há escassa produção científica nacional que utiliza a literatura dessa tradição de pesquisa como sua fonte de referência, assim como, diferentemente do que se passou nos países de língua inglesa, nunca se constituíram, no Brasil, programas de graduação ou de pós-graduação stricto sensu específicos sobre relações de trabalho. A investigação científica e a formação profissional correspondentes aos assuntos do mundo do trabalho permanecem amarradas às disciplinas consolidadas na área -administração, direito, economia, história, sociologia, psicologia. Portanto, não chega a causar espanto que uma
N este artigo, é examinada a relação entre sindicatos brasileiros filiados à Central Única dos Trabalhadores -CUT 1 e processos de inovação tecnológica e organizacional em curso nas empresas brasileiras desde os anos 1990. Os motivos que me conduziram a este estudo, que tem como foco principal a problemática da influência sindical sobre os processos de inovação, são diversos. Na origem está minha perplexidade em face da dificuldade encontrada pelos valores democráticos -presentes em outras esferas da vida social -de se fazerem presentes nas empresas, notadamente no que concerne às decisões que envolvem 617 * Agradeço os comentários dos pareceristas anônimos da revista DADOS. Dedico este artigo a Luís
O artigo examina o conteúdo e os resultados das negociações entre sindicatos brasileiros e empresas envolvendo especificamente o tema das inovações tecnológicas e organizacionais realizadas no período de 1990 a 2020. Proponho este balanço da atuação sindical em um momento em que, no Brasil, as entidades sindicais são novamente interpeladas ante uma onda de inovações nominada de “Industria 4.0” ou “manufatura avançada”. São objetivos principais do artigo problematizar as cláusulas negociadas pelos sindicatos que envolvem inovações tecnológicas e organizacionais e identificar os obstáculos que se opõem à pró-atividade sindical nos assuntos relativos ao processo de trabalho, campo de estudo que ainda carece de pesquisas empíricas e de aprimoramento analítico.
RESUMO:No presente artigo, examinamos a polissemia do termo "sistema" na Sociologia, com o propósito de demonstrar que o processo comunicacional, inescapável na prática científica, se fragiliza e, por vezes, se impossibilita se os termos empregados forem tomados fora das orientações teóricas e epistemológicas do autor. Acreditamos que a polissemia, fenômeno de ocorrência habitual na vida cotidiana, tem seus efeitos negativos amplificados quando se trata de termos que, no contexto argumentativo, possuem status de conceito. O emprego da palavra não garante por si só o compartilhamento intersubjetivo de significados, podendo ocorrer a produção de significados não desejada por aqueles que buscam se comunicar. Por outro lado, buscar um significado unívoco, sem ambiguidades e sem polissemias, para termos que operam abstrações significativas nas Ciências Sociais nos parece improvável, senão impossível.Palavras-chave: Teoria sociológica. Sistema. Polissemia. The polysemy of concepts and their implications forsociology: the uses of the term "system" ABSTRACT: In this article, we examine the polysemy of the term "system" in Sociology, with the purpose of showing that the communication process, inescapable in scientific practice, weakens and, sometimes is even impeded, if the terms employed are taken out of the theoretical and epistemological orientations of the author. We believe that polysemy, a phenomenon of habitual occurrence in everyday life, has its negative effects amplified when considered in relation to terms that, in the argumentative context, have the status of concepts. The use of a word does not, in itself, guarantee intersubjective sharing of its meaning and might result in the production of meanings which were not intended by those who seek to communicate. On the other hand, the search for a univocal, unambiguous, clear-cut meaning for terms that operate significant abstractions in the Social Sciences seems unlikely, if not impossible.
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