ResumoO estudo da erosão costeira no município de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, aponta para a problemática resultante da ausência de um planejamento urbano para as orlas que considere de maneira adequada a vulnerabilidade física e os riscos envolvidos. Nos anos de 1995, 1996 e 2001 fortes ondulações atingiram os litorais sul e sudeste do Brasil provocando no litoral de Maricá graves danos sobre as construções. Os prejuízos financeiros em função das destruições, desvalorização imobiliária e das obras realizadas atingiram uma cifra de aproximadamente R$ 3 milhões. O presente artigo visa discutir o problema da erosão costeira no município de Maricá através da avaliação dos impactos socioeconômicos e da definição de áreas críticas e de risco potencial à erosão costeira. Os mapeamentos do grau de vulnerabilidade e risco demonstraram predominância ao longo do arco praial de segmentos com risco elevado e muito elevado em função da baixa resistência do litoral aos eventos erosivos, elevada exposição às tempestades, elevada densidade de construção na orla e casas e quiosques posicionados na escarpa ou na berma da praia. Este resultado combinado à caracterização das praias quanto ao grau de danos sofridos, aos tipos de adaptação e ao prejuízo financeiro permitiu definir áreas especiais para o planejamento na orla de Maricá, contribuindo com sugestões de possíveis medidas que visem reverter a atual situação.Palavras-Chave: Erosão costeira; Risco; Vulnerabilidade. AbstractThe investigation of coastal erosion of Maricá County at Rio de Janeiro State indicates the absence of an urban planning that considers appropriately the physical vulnerability and the risks involved. In 1995, 1996 and 2001 strong storms reached the South and Southeast coastline of Brazil causing severe destructions of houses, kiosks and streets at Maricá's shoreline. The financial losses due to proprieties destruction and devaluation added to the costs of the defense structures construction was about R$ 3 millions (about U$ 1.2 thousands). The present paper discusses the coastal erosion problem at Maricá County through the evaluation of the socioeconomic impacts and the identification of critical and potential risk areas. The mapping of the degree of vulnerability and risk indicated the predominance of endangered segments with high to very high risk as a consequence of the low resistance of the shoreline to storm events, the direct exposition to storms, and inadequate location of the houses and kiosks, which are very close to the active profile. The result together with to the beaches characterization concerning the degree of damages, the types of the adaptations and the financial losses allowed the definition of special areas for urban planning at Maricá shoreline contributing to mitigations suggestions, in order to the present situation.
O litoral do Rio de Janeiro foi atingido, nos últimos 15 anos, por duas tempestades excepcionais. A primeira em Maio de 2001 e a segunda em Abril de 2010. A primeira provocou erosão pronunciada na orla costeira voltada para o sul, isto é entre o Cabo Frio e a Marambaia, enquanto a segunda teve esse efeito no litoral leste do estado a norte do Cabo Frio devido à direção de incidência das ondas que em vez de sul sul-sudeste, mais comum, vieram de sudeste. No presente trabalho é apresentada uma análise do comportamento morfodinâmico da orla costeira a norte dos cabos Frio e Búzios, mais especificamente das praias do Peró, Tucuns, Barra de São João e Rio das Ostras (Abricó), antes e após a tempestade de abril de 2010 abrangendo períodos de até 17 anos em Barra de São João (1996 a 2013) a um mínimo de 7 anos (2007 a 2014) na praia do Peró. O clima de ondas de sudeste, para os últimos 30 anos (1981 a 2011), foi obtido por meio de reanálise dos ventos com filtragem posterior para ondas com altura superior a 3 m e 3,5 m consideradas, neste trabalho, como representativas de ressacas excepcionais. Os resultados mostram que esses eventos extremos correspondem efetivamente aos eventos erosivos encontrados, cuja ocorrência se dá numa frequência muito baixa, permitindo a recuperação do estoque de sedimentos da praia e da base das dunas frontais, com exceção da Praia do Abricó em Rio das Ostras, que apresenta uma tendência histórica de déficit no balanço sedimentar. Para o período do clima de ondas analisado não foi identificada uma tendência de aumento da recorrência, principalmente para ondas de altura superior a 3,5 m. A menor frequência de ocorrência de eventos extremos, quando comparado com outros segmentos, mais expostos, do litoral do Rio de Janeiro, se deve à proteção às ondas de sul e sul-sudoeste exercido pela orientação da linha de costa e da sombra exercida pelo Cabo Frio e Cabo Búzios. Isto resulta num clima de ondas limitado a uma faixa de direção de incidência de menor recorrência quando comparado com as áreas não protegidas. Relações entre eventos de El Niño e La Niña com tempestades extremas sugerem uma discreta relação de anos de La Niña com estas ocorrências. Não obstante a elevada resiliência da maioria das praias analisadas, a identificação, para o litoral do Atlântico Sul Oriental, de uma tendência de aumento de altura das ondas, especialmente das ondas mais altas, reforça a necessidade de implantação de uma faixa de não edificação conforme previsto no Projeto Orla do Ministério do Meio Ambiente.
Data da Notícia Descrição da notícia Altura média de onda em P1 (m) Período médio de onda em P1 (s) Direção média de onda em P1 (graus) 12/05/1987 "Garis removem 200 toneladas de areia que invadiram no domingo o calçadão e pistas da Avenida Delfim Moreira, no Leblon." "O mar agitado com ondas de até 3 metros (no Domingo chegaram a 4 metros)." 3,38 11,49 200º 12/08/1988 "Em Saquarema, as ondas chegaram até 5 metros" "Ressaca fez com que 150 barcos se chocasse uns contra os outros na Marina da Glória" 4,3 13,25 183º 07/05/2001 "Em Saquarema, as ruas do centro ficaram alagadas com a ressaca." "Ressaca causa transtornos na zona sul, Leblon, São Conrado, Ramos e Ilha do Fundão, além de destruir parte da Orla Bardot, em Búzios".
Adaptações e percepção da população a eventos de ressaca do mar no litoral de Maricá, Rio de Janeiro, Brasil * @, Flavia Moraes Lins-de-Barros @, a ; Felipe Zeidan a ; Rafael de França Lima a RESUMO O presente artigo destaca a importância do estudo da percepção e das adaptações das pessoas e do poder público local frente ao impacto de eventos de ressaca do mar tendo como estudo de caso o litoral de Maricá, Rio de Janeiro. Este município situado a 60 km a leste da Baía de Guanabara é formado por duplos cordões litorâneos e lagunas à retaguarda. A orla estudada apresenta-se de modo geral muito exposta às fortes ondulações do quadrante sul. Três fortes ressacas desde a década 1990 causaram graves impactos em diversos segmentos deste litoral, com destaque para a uma ocorrida em maio de 2001 quando diversas construções foram destruídas, o que gerou elevado prejuízo financeiro. Considerando tais epsódios o presente trabalho buscou analisar as diferentes respostas adaptativas realizadas, assim como a percepção sobre os riscos de danos, causas e soluções relacionadas com esse fenômeno. Estudos prévios demonstraram que o grau do estrago sofrido variou de acordo com as principais características oceanográficas (relacionadas à refração das ondas), geomorfológicas (granulometria, morfodinâmica praial e presença de dunas vegetadas ou não) e urbanas (densidade de ocupação e posição das casas, em relação ao perfil praial). Danos muito intensos, com destruição total de casas, quiosques e da avenida beira-mar ocorreram, principalmente, na praia e Barra de Maricá. Os prejuízos foram estimados em 200.000 reais/km. Para caracterizar as principais adaptações, após a ressaca de maio de 2001, realizaram-se trabalhos de campo, entre 2002 e 2005, quando foram feitas observações in loco, registros fotográficos e localização, por meio de GPS, das medidas realizadas. Para avaliar a percepção, aplicaram-se 65 questionários, à população da orla de Maricá, nos anos de 2003, dois anos após a considerável ressaca, de maio de 2001, e no presente ano, ou seja, 14 depois. Os resultados do atual trabalho demonstraram que as respostas adaptativas foram feitas, exclusivamente pelos moradores, donos de casas de veraneio ou donos de quiosques, sem qualquer apoio do poder público local. Identificaram-se diversos tipos de obras, tais como muros de proteção, enrocamentos e aterros. As entrevistas revelaram que o perigo do mar, a agressividade das ondas e as ressacas são percebidos como o principal problema da praia de Maricá, pela maioria das pessoas entrevistadas. Além disso, tanto em 2003 como em 2015, grande parte dos entrevistados afirmou acreditar que suas propriedades encontrar-se-ão em risco, caso haja novas ocorrências. Quase todos citam as mudanças climáticas, a subida do nível do mar ou outros fatores naturais, como causas do problema. O sentimento de risco ocasionou ainda um processo de desvalorização imobiliária, principalmente nos dois anos seguintes à ressaca do ano de 2001. Tal processo não é mais apontado, atualmente, como um problema por g...
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