Data da Notícia Descrição da notícia Altura média de onda em P1 (m) Período médio de onda em P1 (s) Direção média de onda em P1 (graus) 12/05/1987 "Garis removem 200 toneladas de areia que invadiram no domingo o calçadão e pistas da Avenida Delfim Moreira, no Leblon." "O mar agitado com ondas de até 3 metros (no Domingo chegaram a 4 metros)." 3,38 11,49 200º 12/08/1988 "Em Saquarema, as ondas chegaram até 5 metros" "Ressaca fez com que 150 barcos se chocasse uns contra os outros na Marina da Glória" 4,3 13,25 183º 07/05/2001 "Em Saquarema, as ruas do centro ficaram alagadas com a ressaca." "Ressaca causa transtornos na zona sul, Leblon, São Conrado, Ramos e Ilha do Fundão, além de destruir parte da Orla Bardot, em Búzios".
Adaptações e percepção da população a eventos de ressaca do mar no litoral de Maricá, Rio de Janeiro, Brasil * @, Flavia Moraes Lins-de-Barros @, a ; Felipe Zeidan a ; Rafael de França Lima a RESUMO O presente artigo destaca a importância do estudo da percepção e das adaptações das pessoas e do poder público local frente ao impacto de eventos de ressaca do mar tendo como estudo de caso o litoral de Maricá, Rio de Janeiro. Este município situado a 60 km a leste da Baía de Guanabara é formado por duplos cordões litorâneos e lagunas à retaguarda. A orla estudada apresenta-se de modo geral muito exposta às fortes ondulações do quadrante sul. Três fortes ressacas desde a década 1990 causaram graves impactos em diversos segmentos deste litoral, com destaque para a uma ocorrida em maio de 2001 quando diversas construções foram destruídas, o que gerou elevado prejuízo financeiro. Considerando tais epsódios o presente trabalho buscou analisar as diferentes respostas adaptativas realizadas, assim como a percepção sobre os riscos de danos, causas e soluções relacionadas com esse fenômeno. Estudos prévios demonstraram que o grau do estrago sofrido variou de acordo com as principais características oceanográficas (relacionadas à refração das ondas), geomorfológicas (granulometria, morfodinâmica praial e presença de dunas vegetadas ou não) e urbanas (densidade de ocupação e posição das casas, em relação ao perfil praial). Danos muito intensos, com destruição total de casas, quiosques e da avenida beira-mar ocorreram, principalmente, na praia e Barra de Maricá. Os prejuízos foram estimados em 200.000 reais/km. Para caracterizar as principais adaptações, após a ressaca de maio de 2001, realizaram-se trabalhos de campo, entre 2002 e 2005, quando foram feitas observações in loco, registros fotográficos e localização, por meio de GPS, das medidas realizadas. Para avaliar a percepção, aplicaram-se 65 questionários, à população da orla de Maricá, nos anos de 2003, dois anos após a considerável ressaca, de maio de 2001, e no presente ano, ou seja, 14 depois. Os resultados do atual trabalho demonstraram que as respostas adaptativas foram feitas, exclusivamente pelos moradores, donos de casas de veraneio ou donos de quiosques, sem qualquer apoio do poder público local. Identificaram-se diversos tipos de obras, tais como muros de proteção, enrocamentos e aterros. As entrevistas revelaram que o perigo do mar, a agressividade das ondas e as ressacas são percebidos como o principal problema da praia de Maricá, pela maioria das pessoas entrevistadas. Além disso, tanto em 2003 como em 2015, grande parte dos entrevistados afirmou acreditar que suas propriedades encontrar-se-ão em risco, caso haja novas ocorrências. Quase todos citam as mudanças climáticas, a subida do nível do mar ou outros fatores naturais, como causas do problema. O sentimento de risco ocasionou ainda um processo de desvalorização imobiliária, principalmente nos dois anos seguintes à ressaca do ano de 2001. Tal processo não é mais apontado, atualmente, como um problema por g...
As ressacas do mar podem ser compreendidas como fenômenos de sobrelevação do nível do mar de origem astronômica e meteoceanográfica que, somados à ação das ondas, geram efeitos e impactos no litoral, podendo resultar em danos e prejuízos. Considerando a forte incidência deste fenômeno no Brasil, este artigo tem como objetivo analisar os eventos de ressaca do mar que ocorreram no estado do Rio de Janeiro, no período de 1948 a 2008, a partir de duas perspectivas: a primeira de âmbito geral, caracterizando o estado de mar, a frequência, a sazonalidade e a correlação com os fenômenos El Niño/La Niña dos eventos para todo o litoral do estado; e a segunda, destacando dois eventos de ressaca que merecem atenção especial pela quantidade de locais que sofreram danos. Matérias de jornais sobre eventos de ressaca foram correlacionados com dados de reanálise de ondas do modelo Wavewatch III, dados de maré astronômica e de reanálise de maré meteorológica do SMC-Brasil. Além disso, estes eventos também foram correlacionados com os dados do Índice de Oscilação do Sul (IOS) com o objetivo de compreender a influência ou não dos fenômenos El Niño/ La Niña durante estes eventos. Os resultados indicaram, em eventos de ressaca, uma concentração de ondas no quadrante sul, principalmente de direção SSO, com predomínio de ondas entre 2,5 m a 4,0 m, e períodos de pico mais significativos (120 eventos) compreendidos entre 7 s e 13s. Em relação ao IOS, os resultados indicaram quase a mesma quantidade de ressacas em períodos com a ocorrência de El Niño/La Niña (72 eventos), quando comparado com períodos de neutralidade (68 eventos). Comparando os fenômenos El Niño e La Niña, os resultados indicaram que 44 eventos ocorreram no período de La Niña, enquanto que 28 ocorreram no período de El Niño. Finalmente, os resultados deste artigo apresentaram as características mais significativas dos eventos de ressacas do mar ocorridos no Rio de Janeiro ao longo de 60 anos, reunindo informações importantes para os agentes responsáveis pela gestão dos espaços costeiros.
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