Resumo O artigo teve como meta analisar e aprofundar interpretações acerca da relação entre desigualdade e pandemia em dimensão psicossocial, com foco no isolamento enquanto questão emblemática para indígenas Sateré-Mawé, do Amazonas, e nos afetos como categoria analítica. Buscamos referencial teórico em Spinoza e Vigotski para a concepção ético-política dos afetos. Inferências descritas tiveram base em documentos públicos e etnografia continuada. Observamos afetos vivenciados diante de uma situação de isolamento territorial dos étnicos da TI Andirá-Marau, que remetem ao paradoxo dessa estratégia recomendada aos povos indígenas. Concluímos que a pandemia, para sociedades nativas, tem ativado medos históricos, situados a partir de violências do passado, mas também fomentou sabedorias salvadoras de vida.
Spinoza afirma na proposição 31 da Ética III que por natureza todos os sujeitos desejam que os demais vivam conforme seu ingenium. A partir dessa proposição o presente artigo procura refletir sobre os povos indígenas que vivem em contexto urbano na cidade de Blumenau/Santa Catarina. Para a análise, são utilizas as impressões de uma pesquisa ação--participante realizada com mulheres indígenas que migraram para a cidade há mais de cinco anos. No texto é observado que a legislação do Estatuto do Índio é uma das formas que mantém a sobreposição do ingenium branco sobre o indígena. A partir da análise é afirmado que a sobreposição de um ingenium sobre o outro é uma forma de violência afetiva que reproduz a colonização na atualidade.
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