Este estudo investigou a correlação entre o arbitrário cultural familiar e a cultura escolar no ensino de gramática. Procurou-se, sumariamente, por meio de investigação bibliográfica e aplicação de questionário on-line, apurar a hipótese de que uma criança com habitus linguístico familiar diferente do habitus linguístico exigido pela escola pode ter maior dificuldade que uma criança detentora de um arbitrário cultural semelhante ao escolar. Os principais autores referenciados neste estudo são Bourdieu e Passeron (2010), Bourdieu (2015), Barrera e Maluf (2004), Moreira (2017), Borges Neto (2013), Silva (2016) e Travaglia (2009). O questionário on-line foi direcionado a estudantes do ensino médio de escola pública centralizada na cidade de Imperatriz/MA. Constatou-se que os fatores econômicos e sociais influenciam fortemente na formação do habitus linguístico, distanciando-o da cultura linguística requerida pelas instituições de educação básica formais.
Abordamos neste estudo o conceito de comunidade de prática proposto por Eckert e Mc Connell-Ginet (1992) que, ao ser incorporado aos estu-dos sociolinguísticos, contribuiu significativamente para as pesquisas sobre variação linguística. Para tal, apresentamos uma análise da comunidade de garimpeiros de diamante no município de Três Ranchos, localizado no sudeste do estado de Goiás-Brasil. A atividade desenvolvida por esses garimpeiros era realizada, na época, de forma artesanal e foi interrompida na referida cidade no ano de 1981, devido ao represamento do rio Paranaíba, o que culminou no alagamento dos locais em que eram extraídas as pedras preciosas. No entanto, muitos desses homens, hoje, senhores na faixa de 60 a 80 anos de idade, trazem em sua memória os tempos idos da época do garimpo e tudo aquilo que era, entre eles, compartilhado, como o vocabulário que nomeava as ferramentas de trabalho, a função que cada um exercia em cima da balsa e todo o universo extralinguístico relacionado a essa atividade. Apresenta-mos, assim, algumas unidades lexicais que nos levaram à hipótese de que seria possível encontrar no repertório dos garimpeiros variação lexical. Além disso, foi possível trabalhar com o conceito de comunidade de prática em um corpus constituído pela memória coletiva desses senhores, em que encontramos dados suficientes para uma análise dessa natureza.
Este estudo pretende analisar, por um viés terminológico, o vocabulário do garimpo artesanal de diamantes. Os termos selecionados para este trabalho são um recorte do corpus da pesquisa As grimpas lexicais e seus diamantes linguísticos: o vocabulário do garimpo artesanal de diamantes no município de Três Ranchos-Goiás (1944-1981), realizada por Jeronimo (2013). Respaldamo-nos, aqui, nos princípios da Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), proposta por Cabré (1999) ao trazer um novo olhar sobre a unidade terminológica, quando um item léxico nomeia um elemento da ciência ou da técnica. Sob este viés, apresentaremos como a técnica antiga cujas atividades iniciaram-se no Brasil colônia, com as primeiras extrações de ouro no litoral e, posteriormente, na região central do país, é nomeada pelo vocabulário do garimpo, nas memórias dos nomes das “coisas” do trabalho dos senhores que garimparam diamantes no município de Três Ranchos, sudeste goiano, até o ano de 1981.
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