ResumoO presente estudo visou a construção e validação de um instrumento de avaliação da literacia em saúde oral para a população adulta portuguesa. (OMD, 2015). Para além disso, a investigação também revela existir, por um lado, uma correlação negativa entre a regularidade de visitas ao médico dentista e resultados ao nível da saúde oral, em particular com a falta de dentes naturais, e por outro, que grande parte dos portugueses refere ter já sentido dores de dentes e desconforto devido a um problema de saúde oral (OMD, 2015).A OMD (2015) afirma que grande parte dos portugueses tem falta de dentes naturais (excluindo dentes do siso) e que 37% tem falta de mais de seis dentes naturais (número a partir do qual é considerado que a capacidade de mastigação é significativamente afetada).Neste cenário, um domínio que se distingue pela positiva é o da prevenção. De acordo com a OMD (2015), os portugueses revelam ter bons hábitos de escovagem dentária, ainda que não usem com frequência elixir e fita/fio dentário.Muito embora a maioria dos portugueses refira procurar informação sobre saúde oral principalmente junto do seu médico dentista (69%) (OMD, 2015), tal poderá ser preocupante se tivermos em conta o facto de muitos não o procurarem.Por outro lado, de acordo com o relatório apresentado pela Entidade Reguladora da Saúde (2017), 30.3% dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos de idade desconhecem os cheques-dentista e, mesmo entre aqueles que conhecem este conceito, apenas 0.7%conseguem identificar os grupos que poderão dele beneficiar.Há longa data que se conhecem as preocupantes consequências dos problemas/doenças da boca e dentes. Veja-se, por exemplo, o relatório apresentado nos E.U.A. por um dos grupos de trabalho constituídos com o objetivo de analisar a relação entre literacia e saúde oral, que já em 2005 alertava para o facto destas doenças não serem apenas responsáveis por infeções na boca e perda de dentes, mas também por dor debilitante, dificuldade em comer e em falar, limitação das interações sociais, doenças cardíacas e dos pulmões, diabetes, acidentes vasculares cerebrais e baixo peso ao nascer (National Institute of Oral Health and Craniofacial Research, National Institutes of Health, U.S. Public Health Service, Department of Health and Human Services, 2005). Este relatório dá, ainda, conta das desigualdades existentes no domínio da saúde oral, sublinhando que a percentagem dos problemas de saúde oral não tratados é maior nos grupos populacionais que apresentam baixos
ResumoO presente estudo teve como objetivo a construção e validação de uma escala de literacia em saúde para a população adulta portuguesa. Foi construída a Escala de Literacia em Saúde (ELS), constituída por 111 itens, que avaliam 3 domínios -Literacia em Saúde Funcional, Comunicacional e Crítica -e que foi testada em 316 indivíduos adultos. O questionário apresenta boa sensibilidade, elevada fidelidade e boa validade interna e externa, podendo constituir-se como uma ferramenta de avaliação importante para a avaliação de necessidades de intervenção no domínio da literacia em saúde na população portuguesa. Palavras chave: Literacia, saúde, avaliação, escala. AbstractThe present study aimed to develop and validate a health literacy scale for Portuguese adult population. The Health Literacy Scale (ELS) consists in 111 items that evaluate 3 domains -Functional, Communicational and Critical Health Literacy. The scale was tested in 316 adult participants. The questionnaire revealed good sensitivity, high fidelity and good internal and external validity, and can be an important evaluation tool for the evaluation of intervention needs in the field of health literacy in the Portuguese population. Keywords: Literacy, health, assessment, scale A literacia em saúde é assumida pela Organização Mundial de Saúde (World Health Organization [WHO], 2013) como componente fundamental da procura de saúde e bem-estar na sociedade moderna. Atualmente, não só as pessoas são confrontadas com um grande volume de informação sobre saúde, cuja credibilidade nem sempre é clara, como também enfrentam sistemas de saúde cada vez mais complexos. Neste contexto, ter conhecimento de saúde tornou-se um desafio crescente (WHO, 2013).Uma vez que a pobre literacia em saúde se associa negativamente à saúde dos indivíduos, populações e comunidades, e sendo esta um dos mais fortes preditores do estado de saúde (WHO, 2013), urge, do ponto de vista da saúde pública, dispor de um conhecimento aprofundado da realidade no país. Parece também particularmente importante conhecer a realidade dos grupos minoritários que, pelas suas características, se encontram fragilizados neste domínio, dispondo de poucas ferramentas para participar na construção ativa da sua saúde e nos serviços de saúde da comunidade.De acordo com Nutbeam (2000), a literacia em saúde foi muitas vezes definida como a capacidade de aplicar as competências de literacia a materiais relacionados com a saúde (como prescrições, cartões de agendamento de consultas, rótulos de medicamentos, etc.). Porém, este tipo de definição parece perder muito do significado mais profundo e objetivo da literacia para as pessoas.Para uma maior compreensão da aplicação do conceito de literacia no dia-a-dia, alguns autores afastaram-se das abordagens mais focadas na capacidade da leitura e escrita, propondo uma tipologia focada naquilo que a literacia nos capacita a fazer. Nesse sentido, distinguem três tipos essenciais de literacia (Freebody & Luke, 1990;Nutbeam, 2000): 1) Literacia básica/funcional, que espelha a a...
Escala de e-Literacia em Saúde (EeLS): Contributo para a construção e validação de um instrumento de e-literacia em saúde e-Health Literacy Scale (EeLS): Contribute to the development and validation of an e-health literacy measure Isabel Silva*, Glória Jólluskin** * UFP/Hospital-Escola da UFP/Centro de Investigação FPB2S/APASD; ** UFP/Centro de Investigação FPB2S/APASD Resumo Apresenta-se o processo de construção e validação de um instrumento de avaliação da e-literacia em saúde para a população adulta portuguesa. A Escala de e-Literacia em Saúde (EeLS) é constituída por 16 itens, organizados em 3 subescalas: (1) AbstractThis study aimed to develop and validate an instrument for the evaluation of e-health literacy for Portuguese adult population. The e-Health Literacy Scale (EeLS) consists of 16 items, organized into 3 subscales: (1) Functional eHealth Literacy; (2) Communicational e-Health Literacy; (3) Critical e-Health Literacy. The questionnaire was administered electronically. A cohort of 316 individuals, 66.1% females, aged between 18 and 78 years old (M=35.12; SD=14.49) answered to e-ELS. Data analysis revealed that e-ELS present good sensitivity, high reliability, and good internal validity, as well as good convergent-discriminant validity. Keywords: Literacy, health, internet, assessment Introdução A utilização crescente das tecnologias da informação e comunicação (TIC), em particular da internet, na saúde é uma realidade quer para os cidadãos em geral, quer para as instituições que assumem responsabilidades em domínios da promoção da saúde e da prevenção e tratamento de doenças, bem como responsabilidade na governação dos sistemas de saúde (Alto Comissariado da Saúde, 2011), tendo mudado a forma como as pessoas assumem o controlo sobre a sua saúde, afetando o modo como tomam decisões e as escolhas que fazem em relação ao seu estilo de vida, e à prevenção e tratamento de doenças.O termo e-saúde foi introduzido precisamente para nos referimos ao uso das TIC para a saúde, sendo reconhecida a sua potencialidade para melhorar a qualidade dos serviços prestados, a eficiência dos cuidados de saúde, a divulgação da produção de evidência científica, o empowerment (capacitação) dos cidadãos e o estreitamento da relação entre os profissionais de saúde e os cidadãos (Alto Comissariado da Saúde, 2011).Segundo Oh, Rizo, Enkin e Jadad (2005), a e-Saúde é apresentada na literatura como um termo amplo que engloba diferentes conceitos relacionados com a saúde, tecnologia e comércio, incluindo-se no mesmo as atitudes em relação à saúde e às ferramentas digitais, o papel da distância entre o utilizador e o prestador de cuidados, e os benefícios reais ou potenciais esperados da saúde digital. Desta forma, consideram que a tecnologia de informação de saúde (Health Information Technology -HIT) constitui apenas um meio para auxiliar as atividades humanas, não sendo um substituto delas, podendo ser utilizadas quando os canais tradicionais de informação sobre a saúde estejam menos disponíveis (por exemplo, os profissionais) ou...
The present study aims to describe the level of health literacy in Portuguese adults. A cohort of 316 individuals, aged between 18-78 years (M=35.12; SD=14.49), was studied, 66.1% female. Participants answered to a sociodemographic questionnaire and to the Health Literacy Scale. Results indicate that the overall levels of Health Literacy are medium. At the level of the Communication Literacy, participants reveal to possess reasonable skills, however in the Functional Literacy these are only median and, at the level of Critical Literacy, are clearly weak. Keywords: literacy, health, evaluation, questionnaire A definição do conceito "literacia em saúde" nem sempre foi consensual, no entanto, foi a partir da década que 90, que esta ganhou maior consistência e importância, passando a estar vinculada às questões relacionadas com a educação e promoção para a saúde (Nutbeam, 2000).Segundo Carmo (2016, p.42), a literacia em saúde: "implica que o indivíduo seja capaz de, designadamente, descrever e comunicar sintomas físicos e mentais, compreender as orientações dos profissionais, tomar decisões acerca de tratamentos médicos e do quando e como procurar ajuda médica, compreender instruções e prescrições, folhetos médicos, de consentir de forma livre e esclarecida e, ainda, seja capaz de negociar com outras entidades financiadoras". Assim, compreende-se que, quando nos referimos a este construto, estamos perante um reflexo que espelha um papel ativo, dinâmico e crítico por parte dos indivíduos, aos mais variados níveis (pessoal, social e profissional) como utente, consumidor e cidadão (Carmo, 2016), uma vez que, não só exige que o utente saiba frequentar o sistema de saúde, como também exige enquanto consumidor que o indivíduo seja consciente e autónomo nas suas escolhas e, enquanto cidadão exige que este se integre em organizações e participe confortavelmente de livre e espontânea vontade em debates de saúde, por exemplo, sem esquecer quais são os seus direitos e deveres, adotando, deste modo, comportamentos informados relativos à mesma, tal como é mencionado no portal do Serviço Nacional de Saúde (2010).Neste sentido, Nutbeam (2000) refere que, ao falar de literacia em saúde, estamos inevitavelmente a possibilitar que esta seja perspetivada como estando em crescente autonomia e como devendo ser alvo da capacitação (empowerment) dos indivíduos, uma vez que, este afirma e defende a existência de três grandes tipos ou níveis de literacia em saúde -a funcional e/ou básica, a interativa e/ou comunicacional e por fim, a crítica.Segundo o mesmo autor, a literacia em saúde básica e/ou funcional ilustra competências como o saber ler, escrever e calcular, permitindo um adequado funcionamento no contexto diário e integração nos contextos de saúde; a literacia em saúde interativa e/ou comunicacional resulta da interação entre capacidades cognitivas e sociais, que são usadas diariamente para extrair informações, conhecimentos e significados, de modo a, posteriormente, dar uso a essa recolha através da participação ativa nos c...
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