A otite canina destaca-se na clínica veterinária, sendo que dentre os bacilos Gram-negativos, o gênero Pseudomonas apresenta-se como fator complicador no tratamento, caracterizando-se como um grande desafio para os clínicos, em virtude do perfil de multirresistência. Devido à importância clínica, verificaram-se os registros de casos de otite em cães causados pela bactéria, no período de 2009 a 2019, no Laboratório Regional de Diagnóstico (LRD) da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas e o perfil de resistência dos isolados bacterianos. Assim, realizou-se o levantamento da casuística de otites registradas no LRD, sendo incluídas amostras de cães com queixa ou sinais clínicos de otite e selecionadas aquelas com isolamento de Pseudomonas spp. Como resultados, Pseudomonas spp. esteve presente em 11,7% dos casos, o que está de acordo com dados da literatura que cita uma frequência de 3,4 a 31,6%. A resistência de Pseudomonas spp. aos fármacos beta-lactâmicos foi expressiva, com 87% de resistência à amoxicilina com clavulanato, cefalotina, cefalexina e oxacilina, seguido de 84,6% para ampicilina e 15,4% para ceftriaxona. A média de resistência para outros fármacos foi de 73,9% para fluorquinolonas e 52,2% para sulfonamidas e aminoglicosídeos. O estudo destaca a importância da avaliação microbiológica de amostras otológicas, especialmente quando Pseudomonas spp. estiver presente, já que o diagnóstico definitivo é fundamental para a implementação de terapia individualizada para os animais, assim como para o controle da resistência bacteriana.