O presente texto parte dos pressupostos de que: 1) a música é componente de relevo da paisagem sonora (SCHAFER, 2001); da mesma maneira, a paisagem sonora interfere nos processos perceptivos e na formação do gosto estético; 2) a música veiculada pela mídia é construto da vida cotidiana, pois a própria música engendra modelos e formas de comportamento. Tendo como referência essas premissas, este texto analisa peças de repertório musical que, de certa maneira, representam o Brasil, ao longo de seus governos e governantes. Tomo, para este ensaio, a paisagem sonora do período relativo ao final do século XX, em que governaram os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Acredito que traços particulares presentes na canção midiática formam uma rede de signos (às vezes discretos) que acabam por imprimir, indelevelmente, à cultura de origem, uma feição muito particular. Ocorre que, até o momento presente, estes signos não demonstram terem sido objeto de análises mais detalhadas. Um estudo desses elementos poderá contribuir para compreender melhor a dinâmica social das culturas, pela figura de seus governantes e governos, para além do que nos vem sendo oferecido, de forma estereotipada e simplista.
A apropriação de obras musicais por linguagens midiáticas diversas é prática frequente, na cultura das mídias. No caso de uma peça musical, modificadas as condições de escuta iniciais, a recepção passa a se dar por outros canais, para além da sala de concerto: filmes, novelas, peças publicitárias (dentre outros). Ocorre, assim, uma ressemantização da obra. Partindo do uso de Clair de Lune, de Claude Debussy, na peça publicitária Chanel nº 5 (2004) pretendemos demonstrar como o processo de nomadismo da obra opera; mais precisamente, como as características formais da obra contribuem para a vinculação de sentidos, especialmente os de natureza simbólica. Para tanto, serão utilizados os referenciais teóricos estabelecidos por Baitello (semiótica da cultura e da mídia), Schafer (paisagem sonora), Debord (espetáculo) e Zumthor (movência, performance).
Palavras-chave: Cultura das mídias. Música. Publicidade. Nomadismo. Clair de lune. Chanel nº 5.
Resumo Há pouco mais de cem anos, a paisagem sonora urbana conhecia uma série de sons bizarros que, desde então, só se multiplicaram, a ponto de formar uma massa sonora de baixa definição acústica (lofi). Trata-se do som contínuo dos motores que, em última análise, transmitem mensagens repetitivas. De outra parte, a globalização deste final de século abocanha, a cada dia, um território espaço-cultural cada vez mais amplo. A música-pelo menos a música das mídias-já nasce cosmopolita, fazendo ressoar um mesmo repertório em todos os restaurantes e aeroportos do mundo. Cria-se, assim, uma mesma trilha sonora para o grande foriiligueiro humano que habita o planeta. O pt;esente trabalh9 pretende discutir, através dp exemplo da música, o papel•da paisagetb sonora atual, nu~a sociedade hi.unana que adquire tn1ços de uma sociedade enFômica. Palavras-chave paisagem sonora, globalização, mídias.
Este texto pretende demonstrar como o processo de nomadismo e movência dos textos artísticos pode interferir nas formas de sensibilidade e, consequentemente, nos processos de comunicação estética. Para tanto, tomamos versões paródicas de filmes da década de 1950, com o fim de verificar: 1) como a apropriação paródica estabelece uma semântica particular, considerando o trânsito entre arte e o espetáculo de entretenimento popular; 2) como as novas versões modificam o estatuto da obra e por conseguinte, sua fruição. Para este estudo, tomam-se elementos das linguagens da moda e da música. Concluímos que para além de novas formas de sensibilidade, tais obras constituem memória cultural, no seio da cultura midiática.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.