A presente revisão tem o objetivo de analisar o que estudos acadêmicos e experimentais têm revelado sobre os processos cognitivos de desenvolvimento envolvidos na conceituação de número pela criança. Presentemente, dois grupos de orientações teóricas opostas têm argumentado sobre a natureza da habilidade numérica das crianças. Apesar de inconcluso o debate, estudos revistos neste artigo parecem apontar para a existência de uma interconexão entre conceitos e procedimentos no processo de construção do sentido de número. Veremos, também, como a qualidade do sentido de número construído pelas crianças pode estar relacionada com o desempenho acadêmico na área da matemática.
RESUMO:O presente estudo tem como objetivo investigar o conhecimento de procedimentos e conceitos matemáticos em crianças surdas da educação infantil. Até o momento, existe uma grande escassez de estudos sobre o desenvolvimento de conceitos e procedimentos matemáticos em crianças surdas de idade pré-escolar. Os poucos trabalhos existentes sugerem que as crianças surdas têm difi culdades em aprender a sequência numérica. Contudo, não há qualquer evidência conclusiva a respeito das causas desta difi culdade. Os resultados deste estudo revelaram que as diferenças de desempenho entre crianças surdas e ouvintes estão relacionadas com a demanda linguística.Palavras-chave: Matemática. Surdez. Crianças surdas. Educação infantil. Número. Early mathematical abilities in hearing and deaf childrenABSTRACT: This study investigated the understanding of mathematical procedures and concepts by deaf pre-school children. There are few studies centered on the development of Mathematical concepts and procedures by deaf pre-school children and these studies suggest that deaf children have diffi culty learning number sequences. However, there is no conclusive evidence regarding the causes. The results * Esta pesquisa foi fi nanciada pelo CNPq com bolsa de pós-doutoramento para a pesquisadora autora.
ResumoA presente revisão tem o objetivo de analisar as propostas apresentadas por estudos na área da cognição matemática sobre as habilidades quantitativas iniciais dos bebês e como estas habilidades iniciais podem levar à construção do conceito de número natural. A partir das evidências, o presente artigo discute se a ideia de número natural é inata, ideia defendida pela posição nativista original, ou se é derivada de um processo de desenvolvimento. Assim como também, apresenta dados de estudos recentes que sugerem ser o conhecimento de número natural um processo de desenvolvimento cognitivo gradual e de domínio genérico. Embora, mais estudos sejam necessários para se firmar esta última conjectura. Palavras-chave: Cognição matemática, número, formação de conceito. AbstractThe present review aims to analyze the proposal put forward by researches on mathematical cognition about the initial quantitative abilities in human infants. Also, it analyses how the human infants may construct the concept of natural number upon these initial abilities. From the data presented, the paper discusses whether the idea of number has an innate basis, which is an original nativist's position, or a developmental process. Additionally, it presents data from new studies that point towards a cognitive process in the natural number concept that goes from general to specific domains. However, more studies are needed to support this proposal.
Pesquisas têm demonstrado que as crianças que se desenvolvem tipicamente constroem conceitos matemáticos desde muito cedo. Esse processo de desenvolvimento cognitivo parece estar intimamente conectado com o desenvolvimento da linguagem verbal. O que acontece com o desenvolvimento matemático de crianças que possuem uma forma diferente de linguagem, como a língua de sinais utilizada pelos surdos? Essa pergunta, além de demais indagações sobre o baixo desempenho em matemática de alunos surdos documentado por outros estudos, orientou o desenvolvimento da pesquisa aqui apresentada. Para responder a tais questionamentos, foram realizados testes experimentais com crianças surdas (grupo 1), crianças ouvintes mais jovens da escola pública (grupo 2), crianças ouvintes mais velhas da escola pública (grupo 3) e crianças da escola privada (grupo 4). Os resultados evidenciaram uma clara distinção entre habilidades cognitivas matemáticas mais dependentes e menos dependentes do estímulo linguístico, notificando que crianças surdas têm o mesmo desempenho ou, em alguns casos, até mesmo um desempenho superior do que crianças ouvintes em habilidades menos dependentes do estímulo linguístico. Contudo, tanto as crianças surdas quando as crianças ouvintes mais jovens da escola pública demonstraram um desempenho significativamente baixo em relação às crianças ouvintes mais velhas da escola pública e às crianças da escola privada. Tal resultado indica que a surdez não é causa de baixo rendimento escolar na área da matemática. Assim, parece ser necessário pensar em formas de intervenção pedagógica que possam garantir uma aprendizagem de sucesso em matemática tanto para as crianças surdas, quanto para as crianças ouvintes que frequentam as escolas públicas brasileiras.
O presente artigo tem o objetivo de argumentar que, em momento de reforma educacional, é necessário levar-se em conta os resultados de pesquisas sobre desenvolvimento cognitivo e aprendizagem dos alunos. Esta discussão é importante devido ao fato de que a estrutura e organização da escola pública atual não reflete o que nós sabemos dos processos de como a criança aprende. Os profissionais e responsáveis por implementar e organizar a escola pública não levam em consideração tais pesquisas priorizando, assim, o aspecto pedagógico em detrimento do aspecto cognitivo do sujeito. Esta separação é prejudicial à qualidade da educação pretendida. E escola está separada da vida.
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