RESUMO A partir das práticas discursivas da linha editorial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), especificamente do Boletim Sphan/Pró-Memória e da Revista do Patrimônio, este trabalho analisa a narrativa construída em torno do tombamento do Terreiro da Casa Branca, em Salvador (BA). A abordagem de questões relativas ao tombamento, aliada a diferentes estratégias discursivas adotadas pelos autores que discorrem sobre o processo, associam o Terreiro da Casa Branca à expansão patrimonial das políticas preservacionistas do Iphan na década de 1980. Outras experiências do órgão, como o tombamento da Serra da Barriga (AL), não são tidas, contudo, como parte dessa expansão, sendo eclipsadas ou ainda tomadas como sinônimos do tombamento da Casa Branca. Isso ocorre, dentre outras razões, devido à compreensão do que seria o patrimônio cultural naquele momento. Analisar esse processo ajuda a esclarecer como um determinado contexto sociocultural é restringido dentro da linha editorial do Iphan em favor de uma única experiência, e como isso impede que ocorram avanços na valoração de demais patrimônios afro-brasileiros por esse setor do órgão.
A partir da década de 1970, os centros históricos das cidades brasileiras vêm enfrentando seguidos processos de desvalorização e valorização, tendo sido objeto de intervenções urbanísticas e de estudos acadêmicos. Nesse sentido, a pesquisa que vem sendo desenvolvida pela Rede Mercado Imobiliário em Centros Históricos (MICH) visa preencher uma lacuna identificada nesses estudos, ao procurar desvendar os mecanismos de funcionamento do mercado imobiliário nessas áreas, tendo como estudos de caso os centros das cidades de Recife [PE], Belém [PA], São Luís [MA] (Lacerda et al., 2018), com a posterior inclusão de João Pessoa [PB] e Campina Grande [PB]. No caso de Campina Grande, a pesquisa iniciada em 2017 apontou que, diferentemente dos processos ocorridos nas grandes cidades, seu Centro Histórico ainda se mantem como a principal centralidade urbana do município, além de apresentar um acervo arquitetônico significativo no estilo Art Déco (Sousa & Anjos, 2018). Sendo assim, a partir da adaptação da metodologia proposta pelo MICH, este artigo visa apresentar algumas reflexões e leituras iniciais acerca das relações entre as dinâmicas espaciais e o funcionamento do mercado imobiliário no Centro Histórico de Campina Grande e seu entorno.
O presente artigo discute as implicações e os desafios quanto à salvaguarda da paisagem nas políticas preservacionistas brasileiras, recorrendo às proposições teóricas de Gustavo Giovannoni no século XX como possível meio de reflexão sobre a atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Apesar de não fazer menção a palavra “paisagem”, Giovannoni aproxima-se dela, a partir do conceito de “ambiente”, no entanto, a paisagem está presente no decreto-lei que institui o principal instrumento de proteção do Iphan, o tombamento, e, ainda assim, se restringe a termos como “entorno”, “vizinhança” e “visibilidade”. Assim, para a construção da narrativa, são locados dois estudos de caso da atuação do Iphan, servindo de suporte e objetos para a reflexão proposta: o processo de tombamento do Entorno da Casa de Chico Mendes em Xapuri/AC e o processo de tombamento do Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico de Cataguases/MG.
O presente artigo busca entender como os elementos intangíveis de paisagens não tão notáveis, aquelas que não possuem atributos excepcionais, podem ser elencados e utilizados como ferramentas para a conservação não apenas de tais paisagens, mas também da memória urbana local. Para isso, o Calçadão da rua Cardoso Vieira, localizado em Campina Grande/PB, foi escolhido como objeto empírico do estudo. A partir de autores como Ziayee (2018), Gehl Institute (2018) e Strauss e Corbin (2008), foi realizado um recorte dos elementos a serem elencados no local e algumas etapas metodológicas foram levantas para a operacionalização de tais teorias: pesquisa documental, visitas in loco, aplicação de entrevistas semiestruturadas e aplicação de um método etnográfico observacional. A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que nas paisagens não tão notáveis os elementos intangíveis possuem valores que, embora não sejam universais, são de grande importância para a escala de seus usuários, aumentando assim, o nível de pertencimento e da conexão dos mesmos com o local. Dessa forma, torna-se claro que os elementos intangíveis de paisagens não tão notáveis devem receber a atenção adequada para a devida conservação da paisagem, igualmente como da memória e da história do local.
Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia 1.Patrimônio Histório 2. Patrimônio Artístico 3.Patrimônio Cultural I. Título CDD-363.69O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.
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