O presente artigo resulta de um desdobramento de uma dissertação de mestrado, onde se buscou refletir acerca da constituição subjetiva da adolescência atravessada pela cultura de fãs, configurada como fenômeno da cultura digital por meio das fandoms e das fanfics, num processo de socialização e criação de histórias, movidas por um interesse mútuo, invejável à cultura escolar. Para esse alcance, foi feito um percurso investigativo por meio da psicanálise, que foi tomada como ótica sobre o estudo da subjetividade, e a bricolagem como estudo da complexidade, em que diferentes saberes e experiências são reunidos em torno do fenômeno das fanfics. A aposta deste estudo foi por uma compreensão sobre o ressoar desse fenômeno na vida psíquica dos adolescentes que o constituem, em que medida o inconsciente opera nas narrativas fictícias criadas por esse público e de que maneira esse exercício narrativo revela sentidos para a experiência da escola. Aqui, fomos interrogados sobre as implicações do desejo no ato educativo e sobre as (im)possibilidades de um sujeito adolescente fã insurgir como estudante.
O objetivo deste trabalho é apresentar a memória educativa como um dispositivo de pesquisa, fundamentado no aporte teórico da psicanálise, articulado com a educação. Para tanto, fez-se o levantamento das produções acadêmicas do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília, no período de 2007 a 2019, disponíveis no repositório da instituição. Foram utilizados os descritores memória educativa, psicanálise e educação, que resultaram na identificação de 23 dissertações de mestrado e 2 teses de doutorado. Todas usaram a memória educativa sob o enfoque psicanalítico com a educação. As análises qualitativas foram organizadas em eixos e categorias temáticas. Os resultados indicaram que o uso do dispositivo, em que os sujeitos escrevem suas memórias, associadas ao contexto pedagógico e de formação, favoreceu a reflexão não só dos sujeitos das pesquisas como também dos próprios pesquisadores. A escrita sobre as experiências escolares, a relação com os professores, o contexto sociocultural associado a essa trajetória revelou diferentes dimensões na atuação pessoal e profissional. Refletir sobre a própria trajetória escolar e de formação contribuiu para melhor compreensão do processo reflexivo e constitutivo da subjetividade docente. Com base no olhar psicanalítico foi possível inferir que a escrita da memória educativa fez emergir uma compreensão sobre a própria atuação docente, com possíveis repercussões na subjetividade dos sujeitos. Esses achados apontam para a contribuição desse dispositivo de pesquisa no campo da educação, em especial para os estudos sobre a formação do professor.
ResumoEste artigo apresenta resultados de pesquisa a respeito da constituição do sujeito professor em situação de trabalho. A reflexão parte de escritos sobre suas memórias como dispositivo chamado "Memória Educativa". A leitura e interpretação levou à dramatização de cenas por eles narradas. A partir de uma perspectiva psicanalítica, traz à tona a dimensão do infantil como categoria permitindo compreender o lugar da constituição subjetiva do professor em seu ofício. Quando os professores problematizam sobre sua prática pedagógica pelo pensamento da experiência freudiana num contexto mais amplo, favorecem o resgatar das capacidades de "criar" e libertar-se dos modismos metodológicos. Palavras-chave:subjetividade docente, ensinoaprendizagem, memória educativa, infantil, psicanálise. AbstractThis paper presents research results about the constitution of the subject teacher in a work situation. The reflection starts from writings about his memories as a device called "Educational Memory". The reading and interpretation led to the dramatization of scenes narrated by them. From a psychoanalytic perspective, it brings to the fore the dimension of the child as a category, allowing to understand the place of the subjective constitution of the teacher in his or her craft. When teachers problematize their pedagogical practice by thinking Freudian experience in a broader context, they favor the rescue of the capacity to "create" and free themselves from the methodological idioms. Keywords: Teaching subjectivity, teaching-learning, educational memory, children, psychoanalysis Introdução Desde a ancestralidade os humanos produzem registros, "marcas" de memória da sua vida e acontecimentos. Reverenciada na histórica Grécia os gregos reconhecem Mnemosyne (deusa da memória), que perpetuada em diferentes períodos alcança a contemporaneidade e se inscreve fundante na constituição do sujeito como enigma a ser decifrado. A genialidade de Freud está em ele haver compreendido que, para aprender as causas secretas que movem um ser, que movem esse outro que sofre e a quem escutamos, é preciso, primeiro e acima de tudo, descobrir essas causas em si mesmo, voltar a si -sempre mantendo contato com outro que está diante de nós -o caminho que
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