Resumo: as imagens do cinema incorporam experiências humanas e tecem sentidos entrela-çados aos elementos da realidade. As histórias narradas no cinema compõem, de forma plástica, reverberações da arte da memória descrita por Cícero e Quintiliano. Diante disso, falaremos sobre os estilhaços da cultura nos movimentos estéticos e éticos ocorridos na modernidade e a conservação de ícones e emblemas que persistem na atualidade das imagens do cinema. Para tanto, pontuare-mos, nessas imagens, elocuções e ornamentos alusivos ao tempo e ao passado. Destacam-se os mitos e suas personificações precárias materializados em sentidos, tanto nas formas plásticas como nas literárias. Palavras-chave: Alegoria. Cinema. Memória. O tempo é o elemento material que constitui a condição de nosso "eu", de nossas "almas". As imagens do cinema incorporam essas alegorias e as inserem nas correlações com a cultura e a memória. Nesses suportes artísticos e temáticos, as relações com a materiali-dade do tempo ocorrem pela duração da imagem e seus emblemas visuais que, ao agrupar ruídos perdidos, imagens desconexas, resíduos, sensações e reminiscências que poderiam ser esquecidas, enfim, as imagens e signos do mundo ganham corpus luminoso sob a forma de reminiscência. O tempo é necessário para que o homem, criatura mortal, seja capaz de se realizar como perso-nalidade. Não estou, porém, pensando no tempo linear, aquele que determina a possibilidade de

Para a revista Anuário de Literatura 2015 está sendo um ano bastante produtivo. Se o primeiro número [Especial] foi dedicado a Italo Calvino, a edição que temos o prazer de apresentar está permeada de múltiplos e significativos olhares. Comecemos pela seção temática Estudos subalternos, organizada pelo Prof. Dr. Cláudio Celso Alano da Cruz, a qual propõe um debate sobre como os subaltern studies (que tem Gayatri Chakravorty Spivak e seu conhecido texto Pode o subalterno falar? referência teórica incontornável) vêm sendo desenvolvidos no país. Nesse sentido, recomendamos especial leitura do texto introdutório elaborada pelo organizador, uma vez que tece algumas reflexões a esse respeito, ao considerar um conceito outro de literatura que seja verdadeiramente democrático e inclusivo.A necessidade de pensarmos sobre culturas outras, das culturas populares − vistas como sinônimo de subalternas − levou-nos a pensar em como poderíamos representar desde a capa as possibilidades e discussões aqui propostas de modo a envolver os debates sobre arte, política e as questões das subalternidades. Tal anseio levou-nos a navegar às terras moçambicanas de Malangatana Valente Ngwenya. Sua obra é mundialmente reconhecida,

No abstract

Neste primeiro número do 21º volume da Revista Anuário de Literatura, mais uma vez, o leitor irá se deparar com um profícuo e heterogêneo encontro de estudos. Reunidos, certamente, em virtude da nossa missão primeira, a difusão do conhecimento novo e inovador na área de Literatura, Teoria e Crítica Literária. Assim, temos a satisfação de oferecer para apreciação uma produtiva compilação, diversa não somente na temática, mas também na fundamentação teórica que sustenta os trabalhos aqui apresentados, bem como na localização geográfica dos autores que, de norte a sul do país, compõem esse mosaico literário.O primeiro ladrilho 1 dessa imagem é de Raquel Wandelli Loth, que traz à tona o narrador-coruja, em Coruja, lobisomem, vaga-lume: o traço animal do narrador, a fim de

No artigo que abre a seção, Manuela Parreira da Silva, em Notícias da guerra na correspondência de Mário de Sá-Carneiro, retoma os textos epistolares enviados aos amigos Fernando Pessoa e José Pacheco sobre o período relativo à 1ª Grande Guerra, enfatizando as transformações da sua "cidade-outrora-luz" e como, por meio deste epistolário,