Geoquímica de sedimentos de fundo de drenagem em estuário tropical, Nordeste do Brasil
O sistema estuarino Goiana-Megaó, localizado no litoral norte do Estado de Pernambuco, é formado pelos rios Goiana e Megaó. Por suas características físicas e bióticas, constitui área de interesse ecológico, além de abrigar fl ora e fauna variadas, o que a torna importante fonte de sustento das comunidades urbanas e rurais circunvizinhas. Possuindo em seu entorno áreas agrícolas, indústrias e núcleos urbanos e rurais desprovidos de rede de esgoto, o sistema estuarino Goiana-Megaó sofre a atividade antrópica principalmente da agricultura e da carcinicultura. O objetivo deste trabalho foi a realização de um diagnóstico e avaliação das concentrações totais e potencialmente biodisponíveis de elementos maiores e traços, incluindo metais pesados, a fi m de avaliar a variação destas concentrações por um período de até 200 anos atrás por meio de dois perfi s de fundos. Os resultados obtidos mostram que o estuário ainda se encontra relativamente preservado, apesar da crescente interferência antrópica na área. Mg, Mn, P e Na mostraram tendência de aumento nos respectivos fatores de enriquecimento, principalmente em sedimentos mais recentes, o que pode ser uma evidência da infl uência das atividades de carcinicultura na região. Cr, Cu e Ni encontram-se acima dos limites estabelecidos pela legislação,porém apresentam fonte predominantemente geogênica, ou seja, são naturalmente enriquecidos.
Amianto é o termo comercial dado a seis minerais de hábito fibroso que foram largamente utilizados pela indústria devido a sua alta resistência física e química, sendo eles: crisotila, amosita, crocidolita, antofilita, actinolita e tremolita. Porém estes minerais foram associados a várias doenças, inclusive câncer, naquelas pessoas expostas ambiental ou ocupacionalmente. O bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife, conta com uma fábrica de fibrocimento que utilizou amianto como matéria-prima durante o período de 1949 a 2002. Este trabalho teve como objetivo Identificar e quantificar amianto no solo do entorno da fábrica, para que se avalie a possível relação com a mesma. Para tanto foram coletadas 18 amostras em locais próximos a esta fábrica, em estações de amostragem escolhidas estrategicamente com base na direção predominante dos ventos na área, visando se avaliar uma possível ligação com o transporte aéreo de partículas oriundas da fábrica. As amostras foram secas e calcinadas (extração de matéria orgânica), e nestas as fibras amiantíferas foram caracterizadas com o auxílio de lupa binocular, microscopia de luz polarizada (com uso de líquidos de imersão adequados) e microscopia eletrônica de varredura com espectrômetro de comprimento de onda acoplado (WDS). Foram encontradas fibras de amianto em quinze das dezoito amostras analisadas. Em todas estas o tipo de fibra encontrado foi crisotila, não apresentando teores de contaminação e uma provável relação com a atividade da fábrica e com aterramento de terrenos.
A Reserva Estadual de Gurjaú localiza-se a cerca de 28 km ao sul da cidade do Recife, e sua área abrange os municípios de Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Moreno. A Reserva apresenta uma área total de 1.077 ha, dos quais 400 ha representam remanescentes de Mata Atlântica. Desde sua implantação, é administrada pela Companhia Pernambucana de Saneamento e Águas (COMPESA), a qual mantém uma estação de tratamento e de distribuição de água na área da Reserva, abastecendo os municípios de Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes, resultando do represamento do rio Gurjaú. Trimestralmente, a COMPESA elimina efluentes químicos resultantes da limpeza de seus tanques de decantação, diretamente no rio Gurjaú, à jusante da captação de água de sua estação de tratamento. Um monitoramento ambiental, utilizando anuros, que por apresentar um ciclo de vida em ambientes diferentes, tornam-se excelentes bioindicadores; evidenciou que das 25 espécies de anuros listadas para a Reserva Estadual de Gurjaú, seis encontram-se nas proximidades do rio. Neste monitoramento, na região localizada após aeliminação dos efluentes detectou-se uma diminuição de 50% na densidade populacional dos anuros e 100% de abstinência a água, o que evidencia um drástico impacto na biota. Objetivando investigar a eventual presença de contaminantes nos sedimentos de fundo que possam ser oriundos da estação de tratamento em questão, foi realizada coleta (período seco: Janeiro/2005) de 03 amostras de sedimento em estações de amostragem, sendo duas amostras (uma principal e uma duplicata) no trecho do rio que fica no ponto de eliminação dos efluentes, e uma outra amostra 200 m à jusante deste ponto. Estas amostras foram preparadas (peneiradas e secas), e a fração < 63 μm das mesmas foi analisada para um pacote analítico multi-elementar (34 elementos, incluindo metais pesados), por digestão com água-régia e leitura em ICP-AES. Os resultados de tais análises revelaram que Fe (13 %), Hg (2ppm) e Pb (30 ppm) estão em níveis acima dos valores considerados de referência (composição média do folhelho). Entre as estações não houve variação considerável de concentração dos elementos investigados. Os resultados sugerem um aporte de tais elementos, os quais podem estar relacionados à atividade da estação de tratamento, ou de outras atividades antrópicas mais à montante da área investigada, ou ainda podem se tratar de uma assinatura geogênica particular da área. Estes resultados preliminares representam o início de uma investigação minuciosa dos trechos mais à montante da estação de tratamento, com o objetivo de melhor se precisar a provável fonte dos contaminantes ora detectados.
A Formação Ipubi, Grupo Santana, Bacia do Araripe, vem sendo alvo de estudos geoquímicos por conter folhelhos pirobetuminosos ricos em matéria orgânica, o que permite seu tratamento como um análogo para rochas geradoras de hidrocarbonetos. Nesse contexto, este trabalho apresenta resultados provenientes de diversas técnicas analíticas (cromatografia líquida, análise termogravimétrica e espectroscopia na região do infravermelho) para duas amostras de betume (MC-01 e VG-01) extraído de depósitos da Formação Ipubi, selecionadas com base na concentração de matéria orgânica. As amostrasforam coletadas nas Minas Campeví e Vale do Gesso, localizadas no município de Gergelim - PE. As razões entre S+A/P obtidas através de cromatografia líquidapermitiraminferir um baixo grau de maturaçãopara as amostras, uma vez que o percentualda fração de compostos polares é superior aos percentuais das frações de compostos saturados e aromáticos. As curvas termogravimétricas (TG/DTG )indicarama presença de três eventos principais ao longo da decomposição térmica do betume: eliminação de água adsorvida (<150°C), decomposição de hidrocarbonetos de baixo peso molecular (150-400°C) e decomposição de hidrocarbonetos de alto peso molecular (400-900°C). Os espectros obtidos por infravermelho detectaram ligações duplas nas moléculas que compõem os betumes analisados, também indicando baixos graus de maturação, apontando para uma matéria orgânica ainda em estágio diagenético.
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