Geoquímica de sedimentos de fundo de drenagem em estuário tropical, Nordeste do Brasil
O sistema estuarino Goiana-Megaó, localizado no litoral norte do Estado de Pernambuco, é formado pelos rios Goiana e Megaó. Por suas características físicas e bióticas, constitui área de interesse ecológico, além de abrigar fl ora e fauna variadas, o que a torna importante fonte de sustento das comunidades urbanas e rurais circunvizinhas. Possuindo em seu entorno áreas agrícolas, indústrias e núcleos urbanos e rurais desprovidos de rede de esgoto, o sistema estuarino Goiana-Megaó sofre a atividade antrópica principalmente da agricultura e da carcinicultura. O objetivo deste trabalho foi a realização de um diagnóstico e avaliação das concentrações totais e potencialmente biodisponíveis de elementos maiores e traços, incluindo metais pesados, a fi m de avaliar a variação destas concentrações por um período de até 200 anos atrás por meio de dois perfi s de fundos. Os resultados obtidos mostram que o estuário ainda se encontra relativamente preservado, apesar da crescente interferência antrópica na área. Mg, Mn, P e Na mostraram tendência de aumento nos respectivos fatores de enriquecimento, principalmente em sedimentos mais recentes, o que pode ser uma evidência da infl uência das atividades de carcinicultura na região. Cr, Cu e Ni encontram-se acima dos limites estabelecidos pela legislação,porém apresentam fonte predominantemente geogênica, ou seja, são naturalmente enriquecidos.
A geologia da região do Complexo Industrial e Portuário de Suape é constituída basicamente por riolitos, traquitos, basaltos, (Suíte Ipojuca), embasamento cristalino (Rochas Metamórficas do Complexo Belém do São Francisco e as rochas graníticas neoproterozoicas), conglomerados, arenitos arcoseanos e siltitos (Formação Cabo), calcários (Formação Estiva), conglomerados, arenitos e argilitos (Formação Barreiras) e depósitos sedimentares quaternários. O objetivo principal desta pesquisa foi identificar os minerais presentes na fração fina (< 4μm) dos sedimentos superficiais de fundo da região estuarina de Suape, permitindo discutir a proveniência destes. Foram coletadas 13 amostras em estações de amostragem estrategicamente dispostas na área de estudo, visando uma melhor representatividade da região estuarina. Posteriormente foi analisada a fração fina destas amostras por difratometria de Raios-X, através da varredura pelo método de Pó (Debye-Scherrer), com faixa entre 2 a 50 f. Os resultados identificaram a presença de quartzo, muscovita, calcita e ortoclásio, além de caulinita e esmectita. Quartzo e caulinita destacam-se como as fases minerais dominantes na região estudada, predominando em todas as amostras. A distribuição do quartzo foi condicionada pelos tributários que atravessam distintas formações geológicas, pela hidrodinâmica dos estuários, que favorece a acumulação deste mineral, e pelo retrabalhamento dos materiais das margens. A fonte da caulinita provavelmente são as rochas sedimentares da Formação Cabo, Formação Barreiras, rochas do embasamento cristalino e vulcânicas. Das amostras investigadas, 38 % apresentam calcita, que provavelmente tem sua origem relacionada à ocorrência das rochas sedimentares carbonáticas da Formação Estiva (Ilha de Cocaia). Alternativamente a calcita pode ter uma origem bioclástica, preferencialmente nas amostras coletadas nas proximidades da Baía de Suape e do Rio Tatuoca. Muscovita foi encontrada em 54% das amostras dos sedimentos estudados, e tem sua possível origem no intemperismo das rochas granítico-gnáissicas e rochas graníticas neoproterozoicas do embasamento cristalino presente a oeste da área de estudo. Ortoclásio foi encontrado em apenas uma amostra, que foi coletada na região próxima ao embasamento cristalino, do qual possivelmente foi originado. Esmectita foi encontrada nas imediações do Canal Retificado e no Riacho Ilha da Cana, ocorrendo em aproximadamente 23% das amostras. As possíveis fontes da esmectita na área de estudo estão relacionadas provavelmente à alteração de feldspatos constituintes das Formações Cabo e Barreiras e embasamento cristalino. Conclui-se que entre dos argilominerais encontrados na pesquisa, a presença das esmectitas coincide com local de maior potencial de retenção de metais pesados, tendo sido revelado a ocorrência na estação ao norte do Canal Retificado.
Os minerais pesados são assim denominados em razão de sua maior densidade em relação aos minerais comuns. O peso específico desses minerais é maior que dos feldspatos e do quartzo, cujos valores são de aproximadamente 2,6 g/cm3. São oriundos de rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares e tendem a se concentrar nas praias em áreas de erosão. Este estudo tem por objetivo caracterizar os minerais pesados que se acumularam nos sedimentos praiais da área estuarina do Rio Goiana nos trechos ao sul (Carne de Vaca e Ponta de Pedras, Estado de Pernambuco) e ao norte (Acaú, Estado da Paraíba), bem como avaliar a radioatividade natural desses sedimentos, dado o fato que potencialmente alguns desses minerais possuem elementos radioativos. Os minerais pesados identificados (com percentual de abundância relativa) nas três praias foram Ilmenita, Zircão, Turmalina e Cianita. Outros ocorrem em determinas praias como o Epidoto em Ponta de Pedras e Rutilo em Carne de Vaca. Os valores da radioatividade natural medida in situ foram maiores em Ponta de Pedras chegando a medir 300-350 cps e o menores valores em Acaú. Do ponto de vista das fontes indicadas pelas assembleias de minerais pesados, pode se dizer que alguns dos minerais investigados são de origem ígnea e responsáveis pela radioatividade natural, como o Zircão e o Xenotímio já que esses apresentaram elementos como U e Th em sua composição.
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