IntroduçãoMarc Augé (1994), ao falar sobre os não-lugares, o faz a partir da análise de três figuras de excesso da contemporaneidade, denominada por ele de "supermodernidade": a factual (tempo), a espacial (espaço) e a individualização das referências.A primeira transformação da "supermodernidade" seria referida ao tempo, em especial a partir do século XX, quando as atrocidades das guerras mundiais, dos totalitarismos, trouxeram a descrença nas grandes narrativas e/ou sistemas de interpretação, colocando em dúvida a história como portadora do sentido de evolução da humanidade. Essa transformação trouxe consigo não apenas a alteração da percepção do tempo mas também do uso que fazemos dele, da maneira como dispomos dele.A segunda transformação acelerada seria a do espaço, manifesta no encolhimento do planeta por meio de transportes rápidos, pela comunicação via satélite que transmite imagens e informações que podem ser manipuladas, exercem influência e excedem, de longe, as mensagens objetivas das quais são portadoras.Concretamente, a "supermodernidade" manifesta-se em modificações espaço-temporais, como concentrações urbanas, migração de populações e multiplicação daquilo que Augé (1994, p. 36) denomina de não-lugares nos seguintes termos:Os não-lugares são tanto as instalações necessárias à circulação acelerada das pessoas e bens (vias expressas, trevos rodoviários, aeroportos...) quanto os próprios meios de transporte e os grandes centros comerciais [...]. Não-lugares por oposição à noção sociológica de lugar, àquela de cultura localizada no tempo e no espaço.A terceira figura do excesso da modernidade vem a ser a do ego, do indivíduo, que se caracteriza pelo processo de individualização das referências.Segundo Augé (1994), nunca as histórias individuais foram tão explicitamente referidas pela histó-ria coletiva, mas nunca também os pontos de identificação coletiva foram tão flutuantes. A produção individual de sentido é, portanto, mais do que necessária, porém o caráter singular da produção de sentido, transmitido por "universos de reconhecimento"
Resumo Este artigo objetiva questionar a proposição de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como um antiacontecimento, por sufocar a possibilidade de problematização dos professores da Educação Básica, assim como afirmar o currículo como espaço complexo, espaço de acontecimentos éticos, poéticos e políticos, que potencializam a aprendizagem inventiva. Utiliza a associação entre pesquisa bibliográfico-documental e pesquisa de campo em conversações com professores de duas escolas municipais, buscando verificar como eles problematizam os documentos oficiais em sua relação com os currículos dessas escolas como acontecimento ou antiacontecimento. Conclui que os experts silenciam as vozes dos professores, num jogo no qual ocorre um estímulo à participação dos professores com a finalidade de, ao fazê-los falar, legitimar o discurso dos experts e, sob uma aparente participação, mantê-los em consulta, sem efetivo poder de decisão. Conclui, porém, também, pela existência de uma problematização silenciada acerca do processo de sujeição social a modelos verticalmente impostos.
Objetiva problematizar as relações de poder que, macro e micropoliticamente, atuam nos corpos coletivos potencializando uma vida em composição com forças heterogêneas no plano de imanência dos cotidianos escolares. Busca argumentar sobre os lugares, os espaços e a ordem institucional que tomam corpo e possibilitam a constituição de coletivos articulados como políticas ativas, assim como, questionar os conceitos e as práticas a partir das quais os corpos que habitam e/ou atravessam os cotidianos escolares são qualificados, passando pelas forças e fluxos que os modelam ou os criam. Usa como abordagem metodológica redes de conversações derivadas de pesquisa no cotidiano escolar com professores de quatro escolas de ensino fundamental do município de Vitória/ES, cujas falas se apresentam, entremeadas ao texto, como devires-afetivos de corpos coletivos, problematizando e potencializando uma vida em composição com forças heterogêneas no plano de imanência dos cotidianos escolares.
Busca identificar no discurso do magistério suas percepções sobre a causalidade do fracasso escolar na escola pública. Parte do pressuposto de que essas percepções são fundamentadas em representações sociais, modos de compreender e explicar a realidade educacional, que se constituem em guias da ação pedagógica. A pesquisa é qualitativa. Os dados foram coletados em debates com professores oie seis municípios, a quem foram apresentadas estatísticas sobre o desempenho das escolas do município e do Estado. A análise de conteúdo revelou linhas de pensamentos bastante semelhantes em todos os municípios considerados. Cinco categorias de determinantes foram identificadas. Em geral, as percepções docentes deslocam o eixo da causalidade do fracasso escolar para as condições econômicas e sócio-psicológicas da criança e de sua familia, eximindo o professor de responsabilidades. Abstract This study aimed at indentifying in the teachers discourse their perceptions about the causality of academic failure in the public schools. It was based on the assumption that causal perceptions are derived from their social representations, ways to Understand and explain the educational reality, which are guidés of teacher pedagogical behavior. The research was qualitative. The data were collected in debates with teachers from six counties to whom were presented Statístics about the educational performance of the schools in the state and the counties. Content analysis revealed similar thinking in ali six counties. Five categories of determinants were identified. In general, their causal perception place the locus of the causality of school failure in the economic and socio-psychological conditions of the students and their families and exempt teachers from responsibility in the problem. Résumé Cette recherche a envisagé identifier au discours du corps enseignant les perceptions sur là causalité de 1'échec des écoliers à 1'école publique. On a parti de là présupposition de que ces perceptions sont établies à des représentations Sociales, des façons de comprendre et d'expliquer là réalité de Léducation, lesquelles se constituent guidés de 1'action pédagogique, ha recherche a été qualitative. Les données ont été recueillies en débats avec les professeurs de six "municípios" à qui ont été presentes des tableaux statistiques sur là performance des écoles du "município" et de "VEstado". Uanalyse du contenu a révelé des lignes de pensée três semblables dans tous les "municípios" consideres. Parmi les determinants ont été identifiées cinq categories. En general les perceptions du corps enseignant déplacent Vaxe de là causalité de Véchec des écoliers vers les conditions économiques et socio-psychologiques de 1'enfant et de sa famille, en exemptant le professeur de sa responsabilité. Resumen Esta pesquisa ha buscado identificar en el discurso del profesorado Ias percepciones sobre là causalidad del malogro escolar en là escuela pública. Se ha partido del supuesto de que esas percepciones son fundamentadas en representaciones Sociales, maneras de comprender y explicar là realidad educacional, Ias cuales se constituyen en guias de Ia acción pedagógica, La pesquisa fue cualitativo. Los datos fueron reco-lectados en discusiones con profesores de seis "municípios" a quienes fueron presentados mapas estadísticos sobre là actuación de Ias escuelas del "município"y del "Estado". El análisis del contenido ha evidenciado líneas de pensamiento bastante semejantes en todos los municípios considerados. Cinco categorias de determinantes fueron identificadas. En general Ias percepciones docentes transfieren el eje del malogro escolar para Ias condiciones econômicas y sócio-psicológica del nino y de su familia, eximiendo al profesor de su responsabilidad.
Toma cultura(s) como a pluralidade de processos sociais de produção e "usos" das significações da vida social. Problematiza os conceitos de indústria cultural, cultura de massa e "multidão", apontando para a urgência de movimentos singulares e cooperativos em direção ao comum, construído por lutas e trabalho: material e imaterial. Analisa o atravessamento das redes de sociabilidade na produção do cotidiano escolar, enfocando os usos e consumos da produção cultural. Destaca como a escola parece se efetivar, ainda, intensamente, na dicotomia entre os lugares e os espaços e os tempos da criação e da ação política. Considera, assim, a necessidade da utilização dos espaços e tempos escolares lisos e estriados de modo tático e estratégico, para o incremento das redes de "inteligência coletiva", visando à constituição do currículo em redes de subjetividades político-inventivas, de sociabilidades múltiplas, nas quais a cultura é expressa, sempre, no plural.
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