A noção de estrutura subjetiva autística foi introduzida por Rosine e Robert Lefort nos anos 1990 e caracterizada pela ausência de alienação significante, de lalíngua, de S1 e de objeto a. Estas indicações são ainda objeto de debate atualmente pois, para apreender a complexidade da clínica do espectro autista, estes autores só dispunham da noção de divisão do sujeito no real do duplo. A extração mais precisa da estrutura autística requer alguns passos suplementares a partir de elementos que eles não dispunham: novos documentos clínicos, estudos sobre a cognição dos autistas e a formação do conceito de borda. Hoje em dia parece possível apreender a estrutura autista a partir de características maiores, tais como: uma retenção inicial dos objetos pulsionais; uma alienação retida, que se opera sem a dobradiça do significante-mestre; uma aparelhagem do gozo pela borda. Palavras-chave: psicanálise; autismo; estrutura; autista de alto nível; Asperger; signo. ______________________________ De la structure autistique : La notion de structure subjective autistique a été introduite par Rosine et Robert Lefort dans les années 1990 et caractérisée par l'absence d'aliénation significative, de lalanguage, de S1 et d'objet a. Ces indications sont encore en discussion de nos jours car, pour comprendre la complexité de la clinique du spectre autistique, ces auteurs n'ont eu l'idée que de diviser le sujet en réel du double. L'extraction plus précise de la structure autistique nécessite des étapes supplémentaires à partir d'éléments qu'ils ne possédaient pas: nouveaux documents cliniques, études sur la cognition de l'autiste et formation du concept de bord. De nos jours, il semble possible d'appréhender la structure autistique à partir d'éléments plus vastes, tels que: une rétention initiale des objets pulsionnels; une aliénation conservée, qui fonctionne sans la charnière du maître-signifiant; un appareil de jouissance par le bord. Mots-clés: psychanalyse; l'autisme; la structure; autiste de haut niveau; Asperger; signe. ______________________________ On autistic structure: The notion of autistic subjective structure was introduced by Rosine and Robert Lefort in the 1990s and characterized by the absence of significant alienation, from lalangue, from S1 and from object a. These indications are still under discussion today because, in order to understand the complexity of the autistic spectrum clinic, these authors only had the notion of dividing the subject into the real of the double. The more precise extraction of the autistic structure requires some additional steps from elements that they did not have: new clinical documents, studies on the cognition of the autistic and the formation of the concept of edge. Nowadays it seems possible to apprehend the autistic structure from larger features, such as: an initial retention of the pulsional objects; a retained alienation, which operates without the hinge of the master-signifier; an apparatus of enjoyment by the edge.
Para se construir, o autista, que recusa introduzir-se na alienação, é confrontado com uma dificuldade que pertence apenas à sua estrutura subjetiva: como tratar o gozo do vivo quando não se dispõe deste aparelho para mortificá-lo que o significante constitui? A esse respeito, os raros testemunhos de autistas de alto funcionamento que se engajaram no tratamento individual nos ensinam muito: eles podem ser encarados como um tipo de laboratório de estudo do seu funcionamento subjetivo. Sabe-se que a opinião dominante preconiza que se deve educá-los paparicando. Porém, não há justamente prática educativa que possa fazer a reserva de recorrer de maneira mais ou menos explícita à utilização do binário recompensa-punição. Que o autista tenha ciência desse binário, isso é um postulado que não é interrogado por quem deixa de lado a teoria do sujeito.Palavras-chave: Autismo. Alienação. Testemunho. Práticas educativas."Se eles não chegam a escutar o que vocês têm a lhes dizer", afirmava Lacan a propósito dos sujeitos autistas, "é por conta de vocês estarem preocupados com isso." (LACAN, 1985, p.21). Ninguém duvida, com efeito, que um querer [vouloir] demasiadamente afirmado no que diz respeito a eles acentua o seu retraimento. Logo de início, Asperger já havia observado que, para ser ouvido por eles, mais valia não se preocupar demais com isso: ele aconselhava falar "sem se aproximar deles pessoalmente", com calma e sem emoção, "fingindo uma paixão desbotada." (ASPERGER, 1998, p.69).Contudo, a tendência do educador não é de se apagar: ele tem posse de um saber suposto a fazer o bem para o sujeito. Geralmente ele dispõe, no que concerne aos autistas, de uma teoria dos estádios de desenvolvimento aos quais ansiaria fazer com que a criança ascendesse. Talvez seja uma teoria do simbolismo aquilo que o incita a privá-la de seus objetos autísticos; ou, ainda, aquilo que o orienta talvez seja simplesmente uma idéia de normalidade. Essa última leva a admirável Mira Rothenberg 1 , por exemplo, a se preocupar demasiadamente com Peter, na melhor das intenções, fazendo o que constitui, sem dúvida, o pior dos erros que um terapeuta de autista possa vir a cometer, a saber: pedir com insistência que ele tome uma posição de enunciação.'Durante semanas", relata ela, "corrigi sua expressão oral, pedindo que pusesse um pouco mais de energia na voz -para ser vivaz [vivant] quando estiver falando, explicava eu". Ela constata que ele "permanecia surdo" ao seu conselho. Insistia, então, em tentar a mesma técnica com a leitura: pedia que lesse de uma forma vivaz. Alguma coisa nas minhas palavras deve tê-lo tocado", relata ela. "Levei um pontapé nas * Artigo recebido em 20/02/2009 e aprovado em 21/08/2009.
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