Examinamos alguns aspectos da dinâmica territorial impulsionada pela cultura do dendê na Amazônia paraense, especificamente na microrregião de Tomé-Açu. Analisamos nesse espaço como são desenhados usos do território comandados por interesses da dendeicultura; usos que ameaçam a reprodução do modo de vida camponês, sobretudo com formação do mercado de terra e também pela associação entre agronegócio do dendê e agricultura familiar. Refletimos sobre esses impactos, sem a preocupação de esgotá-los. Levantamos dados secundários a partir de revisão bibliográfica e consulta a sites. As informações e dados primários foram coletados e sistematizados através de trabalho de campo, onde pudemos colocar a terra do lugar debaixo das unhas e assim descrever os processos pesquisados. Na primeira parte esboçamos em largos traços a periodização da dendeicultura na microrregião de Tomé-Açu, objetiva-se ressaltar a expansão desta cultura. Na segunda parte analisamos os impactos desse processo sobre o campesinato, sobretudo por meio da formação do mercado de terra e a associação com os grupos dendeicultores.
Socio-environmental impacts of palm oil plantations on traditional communities in the paraense Amazon Les impacts socio environmentaux de la cultivation d'huile de palme en communautés traditionnelles dans l'Amazonie à l'état du ParáJoão Santos Nahum ii Cleison Bastos dos Santos iii Universidade Federal do Pará -Brasil RESUMO Analisamos os impactos socioambientais da dendeicultura em comunidades tradicionais na Amazônia paraense. A chegada da dendeicultura de energia na microrregião de Tomé-Açu, no nordeste paraense, é um evento, pois reorganiza a paisagem, a configuração territorial, a dinâmica social, enfim o espaço geográfico ou território usado. Do ponto de vista técnico, as vantagens econômicas e produtivas do dendê comparadas as outras palmas e oleaginosas, são imbatíveis. No entanto, faz-se necessário perguntar sobre os impactos socioambientais que a expansão desta monocultura sobre a paisagem, a configuração territorial, a dinâmica social, enfim as alterações no modo de vida do lugar onde a agroindústria do dendê, pois mesmo sendo economicamente rentável, a dendeicultura até aqui ainda não se mostra social e ambientalmente sustentável e sustentada.
A organização espacial amazônica, durante as últimas quatro décadas do século XX, não pode ser compreendida sem o exame atento dos Planos de Desenvolvimento da Amazônia, PDAs. Eles sintetizam ações políticas que buscam integrála ao modelo de crescimento econômico da época, ocupando-a e reafirmando a soberania nacional nesta fração do território brasileiro. Analisamos neste artigo a relação entre região e representação nesses planos. Trata-se de um debate que reitera as pesquisas da geografia política, mormente ao pensar as relações entre política e território nas diversas escalas. Privilegiamos a região e a escala regional por se fazerem presentes nos programas, planos e políticas de desenvolvimento que este país conhece, principalmente, nas últimas quatro décadas do século XX e a primeira do XXI. Examinamos os temas natureza, espaço e população por meio dos quais se fala da referida região nestes planos, destacando o que eles silenciam. Objetivamos revelar a existência de uma representação região-personagem que oculta os interesses que presidem, sustentam e estruturam tais planos. Nas três primeiras partes discorremos sobre as ideias de natureza enquanto recurso, de espaço vazio e de homem estatístico presentes nos referidos planos. A quarta parte constitui a síntese conclusiva, onde mostramos a formação discursiva da representação de região enquanto sujeito e conceito obstáculo.
Analisamos a expansão da dendeicultura na microrregião de Tomé-Açu, na Amazônia paraense. Em que transformações da paisagem, da configuração espacial, da dinâmica social, enfim, do território, podemos identificar esse boom? Partimos do território usado, o que nos permite considerar a dendeicultura um evento e afirmar que estamos diante de um boom do dendê materializado por territórios-rede do dendê. Baseamo-nos em entrevistas, coleta de dados, mapas e trabalho de campo levantados desde 2008 nos municípios de Moju, Acará, Tailândia, Tomé-Açu e Concórdia do Pará, lugares onde a monocultura da palma africana se expande e exige um olhar geográfico, atento aos usos e abusos do território.
A formação da paisagem da Microrregião de Tomé-Açu (MRGTA) caminha pari passu com a reorganização e a configuração espacial desse território, agrupando intencionalidades sociais, que introduzem nos lugares onde aportam novas temporalidades e espacialidades segundo as lógicas dos mercados mundiais. As estradas, a exploração agropecuária e a expansão urbana são algumas das perturbações significativas nas Unidades de Paisagens (UPs) rurais dessa microrregião. O desafio deste trabalho foi ler e interpretar os Mosaicos de Unidades Homogêneas (MUH) através do sistema hierarquizado tripolar bertrandiano GTP (Geossistema-Território-Paisagem), das unidades superiores e inferiores, destacando a complexidade da paisagem rural. Utilizou-se de bases secundárias oriundas de instituições do Governo Federal para representação cartográfica das MUH. Posteriormente, organizou-se um Banco de Dados Geográficos através do Sistema de Informação Geográfica (SIG) QGis 2.18. Com os resultados, evidencia-se que alguns MUH se encontram bem diferentes dos tempos passados, representando uma pluralidade de formas e estruturas de ocupações, principalmente quanto à reprodução do capital, viabilizado e difundido pela ação estatal/empresarial, em especial da paisagem monótona da monocultura do dendê, que tem um arranjo único que causa impacto sociocultural no conjunto geográfico estudado. Do ponto de vista bertrandiano, revela-se que a paisagem da MRGTA possui um conjunto de formas heterogêneas (naturais e artificiais) que possibilitam interpretações particulares de vários tempos, escritos uns sobre os outros, e com idades e heranças de diferentes momentos. Por fim, constata-se que a paisagem da MRGTA possui uma complexidade, e a metodologia aplicada possibilitou ler as marcas e matrizes na paisagem, deixadas no tempo e no espaço dessa microrregião do agronegócio Rural landscape of Tomé-Açu micro region under georges bertrand's perspective A B S T R A C TThe formation of the Tomé-Açu Micro region Landscape (MRGTA), Northern Brazil, goes hand in hand with the reorganization and spatial configuration of this territory, encompassing social intentionalities that introduce new temporalities and spatialities according to the logic of global markets. Roads, agricultural exploitation and urban sprawl are some of the significant disorders for the rural landscape units (UPs) in this micro region. The challenge of this research was to read and interpret the Mosaics of Homogeneous Units (MUH) through Georges Bertrand's tripolar hierarchical system GTP (Geosystem-Territory-Landscape), of upper and lower units, which highlights the complexity of the rural landscape. This research used secondary bases from Federal Government institutions for cartographic representation of the Mosaics of Homogeneous Units. Then, a Geographic Database was organized through the Geographic Information System (GIS) QGis 2.18. The results of the research indicate that some MUH are quite different from the past, representing a plurality of forms and structures of occupancies, especially regarding the reproduction of capital, made possible and disseminated by state and business actions, especially the monotonous landscape of palm oil monoculture, which has a unique conformation that causes sociocultural impact on the studied geographical object. From Bertrand's point of view, it is observed that the landscape of MRGTA has a set of heterogeneous forms (natural and artificial) that enable particular interpretations from different times, written about each other, and with ages and inheritances of different times. Finally, it is understood that the MRGTA landscape has a complexity, and the applied methodology made it possible to read the marks and matrices in the landscape, left in time and space of this agribusiness micro region.Keywords: bertrand, gtp (geosystem-territory-landscape), rural landscape
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