A pesquisa está inserida no contexto da aprendizagem de língua portuguesa no ensino fundamental. O objetivo consiste em refletir sobre o uso das HQs no ensino de português no ensino fundamental, a fim de compreendê-las no processo de desenvolvimento e compreensão da língua portuguesa e capaz de contribuir na construção textual. O corpus é composto por uma turma de trinta estudantes do oitavo ano do ensino fundamental de escola pública da rede municipal de ensino no interior do estado de Sergipe, que produziu textos em sala de aula com ênfase no gênero HQs. A fundamentação teórico-metodológica parte das concepções semântico-linguísticas, da Variação Linguística, baseada nas pesquisas de Bagno (2009); Lannone (1994); Vergueiro (2009) e Mollica (2010), que compreendem a aprendizagem como instrumento de socialização e interação discursivo-textual. As questões que norteiam o desenvolvimento da pesquisa partiram do princípio de que os estudantes sentem dificuldades em compreender, distinguir e diferenciar as figuras de linguagem no texto imagético presente no livro didático, bem como a visão que os estudantes têm para compreender os múltiplos sentidos das palavras, frases e interpretações nas HQs. Embora tendo mostrado os desafios para compreender a problemática do uso das HQs, por eles, foi possível identificar e traduzir didaticamente, as práticas de ensino capazes de desmitificar a concepção sobre dificuldades e (in)compreensões desse gênero habitualmente presente no contexto da sala de aula e do ensino de português.
A temática da variação linguística é fato nos livros didáticos de Português, portanto é matéria de ensino nas aulas da disciplina. A presença dessa temática nos livros de Português é consequência das políticas educacionais de governo que instituíram avaliação e documentos oficiais, como a Prova Brasil e os PCN de LP, para nortear o ensino básico, e dos estudos sociolinguísticos nas últimas décadas, portanto requer um professor preparado para tratar do assunto com a devida propriedade. Tendo isso em vista, nossa pesquisa teve como principal objetivo analisar o nível de conhecimento e domínio dos professores de língua portuguesa que Miguilim-Revista Eletrônica do Netlli | V. 7, N. 3, p. 643-662, set.-dez. 2018 atuam no Ensino Fundamental sobre a variação linguística e o seu ensino. Para atingir esse propósito, aplicamos questionários a 15 professores de português da rede pública de ensino do município de Itabaianinha, no Estado de Sergipe, e nos subsidiamos em conceitos da Sociolinguística Variacionista, a partir de autores como Labov (2008), Weinreich; Labov; Herzog (2006), Mollica (2010), Bortoni-Ricardo (2006) e outros. Os resultados obtidos apontaram que, embora os professores tenham reconhecimento do papel e da relevância dos preceitos da Sociolinguística em relação à variação linguística e os julguem importantes, eles demonstram não ter conhecimento do teor da Prova Brasil e dos PCN bem como não deterem domínio teórico efetivo para utilizá-lo em sua prática docente.
Neste texto, apresentamos e analisamos as políticas linguísticas de uma comunidade cigana Calón estabelecida no município de Itabaianinha-SE. Para tanto, nos apoiamos nas proposições teóricas de Spolsky (2004, 2016) e de Bonacina-Pugh (2012) sobre políticas linguísticas declaradas, políticas linguísticas percebidas e políticas linguísticas praticadas; nas reflexões sobre tradição inventada (HOBSBAWM; RANGER, 2008); e na abordagem sobre estigma (GOFFMAN; 1988). Nossa análise enfoca os seguintes elementos: o sentido de língua cigana e a relação da língua com a identidade e a tradição inventada; o papel do estigma e do segredo como dimensões valorativas; a transmissão da língua e o ensino da língua cigana; e o papel dos ritos na configuração de práticas linguísticas. Atentamos, também, tanto para as legislações e iniciativas jurídico-políticas, como para a dimensão das crenças/valores e costumes da comunidade sobre suas práticas de linguagem, especialmente sobre o papel da língua-segredo como reguladora das políticas linguísticas praticadas. A pesquisa inclui levantamento bibliográfico e pesquisa de campo realizada em 2020-2021, com a realização de entrevistas, observação e anotações em diário, enfocando o papel da pesquisa engajada na construção de conhecimento sobre as políticas linguísticas da comunidade. Defendemos que as políticas linguísticas devem considerar a perspectiva da experiência da comunidade – e seus costumes – como elementos orientadores sobre os sentidos de língua e de sua revitalização e valorização, contribuindo, assim, para a desconstrução de estereótipos envolvendo as comunidades ciganas e suas línguas no Brasil. Registramos a importância das políticas públicas e da mobilização da comunidade local para os processos de desconstrução de preconceitos e estereótipos.
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