ResumoO termo “diáspora” foi objeto de inúmeras pesquisas, descrevendo as experiências das diásporas judaica, grega e armênia. A partir da década de 1990, o seu uso generalizou-se, tornando-se popular na linguagem cotidiana. Neste texto, procura-se privilegiar os conteúdos etnográficos do termo entre os haitianos, explorando os sentidos sociais da categoria de diaspora (e o campo semântico que ele delineia). Mostra-se como essa categoria é central para compreender os sentidos sociais da mobilidade no espaço (trans)nacional haitiano, qualificando pessoas, objetos, casas, dinheiro e ações.
Resumo:Este artigo analisa as dinâmicas migratórias das mulheres haitianas na França e no Brasil. O texto articula-se a partir de três dimensões: 1) a trajetória de vida das mulheres haitianas no Haiti, na França e no Brasil; 2) as lógicas do processo de decadência de status social e profissional dessas mulheres a partir de suas experiências migratórias na França e no Brasil; 3) as relações de gênero, de classe, de raça e de nacionalidade no contexto migratório dessas mulheres. A pesquisa etnográfica, a observação participante, as entrevistas, notadamente as quatro trajetórias de vida (Laurette e Keli na França, Yolette e Anne no Brasil) analisadas substantivamente neste artigo iluminam e evidenciam como se articula as relações de gênero, de classe e de raça no espaço da migração (trans)nacional haitiana, mostrando como algumas mulheres haitianas tinham um status social e profissional da classe média no Haiti, possuíam empregadas domésticas nas próprias casas, desprezavam o serviço doméstico, e por sua vez ao chegarem na França e no Brasil, elas se tornaram empregadas domésticas, tiveram uma decadência profissional e de status social. Assim, a partir dessa experiência vivenciada no exterior, algumas dessas mulheres migrantes haitianas construíram uma visão crítica em relação ao serviço doméstico, no que tange à sua dimensão material e simbólica. Palavras-chave:Migração, Mulheres haitianas, França e Brasil. Resumen:Este artículo analiza las dinámicas migratorias de las mujeres haitianas en Francia y Brasil. El texto se articula a partir de tres dimensiones: 1) la trayectoria de vida de las mujeres haitianas en Haití, en Francia y en Brasil; 2) las lógicas del proceso de decadencia de estatus social y profesional de esas mujeres, a partir de sus experiencias migratorias en Francia y en Brasil; 3) las relaciones de género, de clase, de raza y de nacionalidad en el contexto migratorio de esas mujeres. La investigación etnográfica, la observación participante, las entrevistas, sobre todo las cuatro trayectorias de vida (Laurette y Keli en Francia, Yolette y Anne en Brasil) analizadas sustantivamente en este artículo iluminan y evidencian cómo se articulan las relaciones de género, de clase y de raza en el espacio de la migración (tras)nacional haitiana, mostrando cómo algunas mujeres haitianas que tenían un estatus social y profesional de la clase media en Haití, poseían empleadas domésticas en las propias casas, despreciaban el servicio doméstico, a su vez, al llegar a Francia y a Brasil, ellas mismas se tornaron empleadas domésticas, tuvieron una decadencia profesional y de estatus social. De esta forma, a partir de esa experiencia vivenciada en el exterior, algunas de esas Abstract:This paper analyzes the migration dynamics of Haitian women in France and Brazil. The text is structured using three dimensions: 1) the trajectory of life of Haitian women in Haiti, France and Brazil; 2) the logic of social and professional status and the process of devolution these women experience due to migration to France and Brazi...
Este artigo propõe uma discussão sobre a maneira pela qualas categorias diáspora, migrante e refugiado são, mutuamente, constituídas no mundo social haitiano, a partir da experiência etnográfica em mobilidade e múltiplos engajamentos do pesquisador em campo. Pergunta-se então: quais são os sentidos sociais e pragmáticos atribuídos pelos haitianos às categorias de diáspora, refugiado e migrante? De que modo a mobilidade se torna um conceito chave para pensar as dinâmicas do ser diáspora, refugiado e migrante no espaço (trans)nacional e (trans)fronteiriço?. O foco é o contingente de haitianos vindos ao Brasil pela fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, de 2010 a 2013 e os que foram para o Suriname e a Guiana Francesa neste mesmo período. A pesquisa etnográfica articula-se a partir da referida fronteira, mas desenvolve-se também em Manaus (Brasil), Caiena (Guiana Francesa), Paramaribo (Suriname) e Fonds-des-Nègres e Pemerle (Haiti).
Resumo A mobilidade é constitutiva das paisagens haitianas, no território nacional e na diáspora. Há décadas, boa parte da população circula em escalas local, nacional e transnacional em busca de uma vida melhor, visando contribuir para a manutenção econômica e emocional das pessoas que ficam. Este texto oferece um panorama dos efeitos dramáticos produzidos pelo novo coronavírus na mobilidade haitiana. Retornos voluntários e involuntários (como no caso das deportações dos Estados Unidos), diminuição sensível do envio de remessas em dinheiro, restrições ao comércio e ao vaivém entre o campo e a cidade, e entre a capital do país e os centros comerciais haitianos fora do território nacional (em especial na República Dominicana e na América do Norte) são algumas das consequências mais notáveis das restrições à mobilidade suscitadas pela pandemia. O artigo mostra as implicações econômicas e sociais e o sofrimento imposto pela imobilidade, ainda que, até o momento, os efeitos epidemiológicos do Sars-CoV-2 no Haiti estejam longe das predições dramáticas realizadas no início da pandemia.
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