O presente artigo apresenta reflexões críticas acerca do planejamento do turismo de base comunitária, a partir do debate teórico dos conceitos, aplicações e sentidos do planejamento no Brasil. Para tanto, parte de algumas questões norteadoras, a saber: Quais os sentidos da participação social? Quais conhecimentossaberes se espera construir com o planejamento do turismo com as (e pelas) comunidades? Qual o papel do bacharel em turismo no planejamento do turismo de base comunitária? Acredita-se que a acepção do planejamento do turismo de base comunitária no Brasil necessita ser debatida à luz da teoria da participação social, do desenvolvimento comunitário, assim como do planejamento participativo. Essas perspectivas permitem maior clareza e leitura crítica dos processos de intervenção nos territórios ditos comunitários, o que suscita a reflexão dos limites e potencialidades da conotação da participação social. O que se pode pensar é que a política pública de turismo não legitima os sentidos genuínos da participação social. O debate teórico encaminha argumentos sobre os riscos da reprodução da lógica convencional em contextos comunitários e que incentive a autonomia nas chamadas comunidades.
O ato de mover-se pelo espaço é marcado por amplos significados que são produzidos por sujeitos para os quais a mobilidade quase sempre representa mais do que um deslocamento físico. Para refletir sobre a produção de sentidos para o deslocamento espacial, propõe-se uma leitura de Corpo de Baile, de João Guimarães Rosa. A imagem central dos “corpos em baile” neste livro remete ao movimento como alternativa de vida, muitas vezes como única opção de sobrevivência, ou como solução que resulta da esperança de mudança de vida no contexto do sertão brasileiro; é também construída por sujeitos em crise, em que a estrada representa seu próprio devir. Este artigo apresenta uma reflexão sobre os mais diversos sentidos produzidos pelos personagens rosianos no que tange a temática da viagem, articulando-os aos conceitos de errância, travessia e peregrinatio. Os personagens das novelas Dão-lalalão (O Devente), Recado do Morro e Estória de Lélio e Lina estimulam uma reflexão sobre o deslocamento como experiência socioespacial e simbólica no contexto do sertão brasileiro. A partir da análise interpretativa das narrativas, o resultado da discussão levantada sugere a viagem como um dos aspectos centrais das estórias e, sobretudo, como condição extremamente arraigada nas relações espaciais e nas noções de ciclos que se sucedem no movimento da vida e da experiência.
Este texto é um ensaio que elege o desenho da montanha como elemento para pensar a condição abissal expressa na paisagem da capital do estado de Minas Gerais (Brasil). A paisagem é entendida como a mediação das linhas abissais que determinam o centro e a periferia, baseadas nas dicotomias cultura/natureza, pertencimento/não pertencimento. A reflexão, motivada pela interpretação de imagens fotográficas, discute as forças predatórias da atividade de mineração, a especulação imobiliária, os movimentos de resistência ligados à luta socioambiental e a produção da paisagem urbana, a partir de referências culturalmente diversas. Por fim, é realizada uma análise do desenho da montanha em pinturas de natureza nos muros da cidade, para expandir a compreensão sobre a simbologia da sua linha.
Resumo As narrativas de viagem convidam à leitura por estarem vinculadas a diversas áreas do conhecimento e da sensibilidade, suscitando reflexões, dentre elas, sobre a formação e a propagação de discursos de/sobre viagem. Dentro do universo da literatura de viagem, propõe-se uma leitura transversal de textos que são marcados pela valorização do testemunho. Prioritariamente entendido como prova e fragmento da verdade, o testemunho do típico narrador-viajante adquire, ao longo do tempo, um caráter de encenação. Da mesma forma, a ênfase na viagem como modo de testemunhar os lugares assume a forma de práticas superficializadas. Anunciadas como bens de consumo, as viagens são comercializadas em pacotes “estampados” com imagens-clichê, produzidas para estimular a contemplação fácil e o registro rápido durante percursos padronizados. A forte influência do mercado turístico na conformação da cultura das viagens estimula uma renovação nas tradicionais identidades do viajante, que tendem a ser inspiradas na ideia do viajante-testemunha. As anotações de viagem de Alain de Botton e Claude Lévi-Strauss auxiliam a reflexão.Palavras-chave: viagem, literatura de viagem, mercado turístico, identidade do viajante.AbstractTravel narratives are inviting for the reading because they are linked to several areas of knowledge and sensibility, and bring up reflections, among them, about the structuring and propagation of travel discourse. Inside the universe of travel literature, we propose a transversal reading of the texts that are distinguished by valorization of the testimony. Previously understood as proof and fragment of the truth, the typical traveler-narrator testimony acquires, in time, an ethos of play-acting. In the same way, the emphasis on traveling as a way to witness places takes the shape of superficialized practices. Portrayed as consumer goods, travels are sold as “colorful” packages with cliché images that boost easy admiration and quick registering throughout standard routes. The tourism trade’s strong influence in structuring travel culture boosts a renewal of the traditional traveler identities, usually inspired by the notion of travelers as witnesses. The travel notes from Alain Botton and Claude Lévi-Strauss are helpful on this reflection. Keywords: Travel, travel’s literature, tourism trade, traveler identity.RésuméLes récits de voyage nous invitent à la lecture, en raison de leur liason avec des différends domaines de la connaissance, de la sensibilité et la propagation du discours à propos des voyages. Dans l'univers de la littérature de Voyage, nous proposons une lecture croisée des textes qui mettent en valeur le témoignage du voyageur. Le témoignage type de ce narrateur-voyageur est entendu, la plupart du temps, comme une preuve et/ou morceau de vérité. Alors, au long du temps, il devient une mise en scène du voyage. De même, l'accent mis sur le voyage comme moyen d'appréhender les lieux engendre des habitudes de voyages superficiels. Les voyages, annoncées comme des biens de consommation, sont vendus en " packs " par des images clichés produites afin de stimuler la contemplation et/ou l’inscription facile et rapide dans des voies standardisées. La forte influence du marché du tourisme dans l’élaboration de la culture du voyage stimule un renouvellement des identités traditionnelles du voyageur qui ont tendance à être inspiré par ce narrateur-voyageur. Les notes de voyage de Alain de Botton et Claude Lévi- Strauss nous aideront durant notre réflexion.Mots-clés: Voyage, littérature de voyage, marché du tourisme, identité du voyageur.
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