RESUMOCom exceção dos estudos pioneiros de Isaías Pessotti sobre aprendizagem discriminativa em abelhas, outros trabalhos frequentemente empregaram procedimentos com características que dificultam o controle experimental rigoroso e uma interpretação segura dos dados (por exemplo, definição ambígua da resposta, treino simultâneo de vários sujeitos e análise de dados agrupados). Além disso, poucos estudos investigaram a aprendizagem discriminativa em outras espécies além de Apis mellifera e Bombus terrestris. O objetivo do Experimento 1 foi estabelecer discriminações simples entre cores e entre padrões em preto e branco em vinte abelhas individuais, da espécie Melipona quadrifasciata. No Experimento 2, o objetivo foi estabelecer discriminações simples e reversões de discriminação com quatro melíponas individuais em equipamento automatizado e pressão à barra como resposta operante. Todas as abelhas aprenderam a discriminar entre cores no Experimento 1, mas os dados de discriminação entre padrões em preto e branco mostraram grande variabilidade. No Experimento 2, as quatro abelhas aprenderam a discriminação inicial e também aprenderam entre uma e 11 reversões de discriminação. Os resultados de ambos os experimentos confirmam que melíponas podem aprender tarefas discriminativas, incluindo reversões sucessivas, mas também sugerem que os desempenhos podem variar consideravelmente a depender dos estímulos a serem discriminados.Palavras-chave: discriminação simples, reversão de discriminação, estímulos visuais, abelhas, Melipona quadrifasciata ABSTRACT Except for the pioneering work of Isaías Pessotti on discriminative learning in bees, other studies often employed procedures that hinder rigorous experimental control and make difficult the data interpretation (e.g., ambiguous definition of the response, simultaneous training of various subjects, and analysis of pooled data). Moreover, few studies have investigated the discriminative learning in species other than Apis mellifera and Bombus terrestris. The purpose of Experiment 1 was to establish simple discrimination between colors and between black and white patterns, in twenty individual bees of the species Melipona quadrifasciata. In Experiment 2, the objective was to establish simple discrimination and discrimination reversals with four individual bees using electro-mechanical equipment and a bar press response. All the bees learned to discriminate between colors in Experiment 1, but discriminations between black and white patterns showed high individual differences. In Experiment 2, the four bees learned the initial discrimination and also learned from one to 11 discrimination reversals. The results of both experiments confirm that Meliponidae can learn visual discriminations, including successive reversals, but the data also suggest that performance may vary considerably depending on the discriminative stimuli.