A visão biomédica concebe a surdez como perda fisiológica da audição e o surdo como portador de anomalia orgânica a ser corrigida; intervenções de saúde revestem-se, correspondentemente, de tal representação. Objetivamos compreender as representações sobre surdez entre surdos, com o propósito de refletir sobre políticas públicas a eles destinadas no contexto da dimensão ética do cuidado. Utilizamos o referencial teórico-metodológico qualitativo (grupo focal); participaram 9 membros de uma comunidade surda (Fortaleza-CE, 2010) fluentes na Língua Brasileira de Sinais-Libras. Observamos que a surdez é compreendida como um modo de ser, cotidianamente construído, essencialmente a partir das experiências-vivências de interação visual com a natureza e a sociedade; assume caráter identitário particular, afirmado em componentes culturais (ser surdo) e linguísticos (Libras). Políticas públicas de oralização ou tecnologias auditivas corretivas (como o implante coclear), valorizados pela sociedade ouvinte, são representadas como retrocesso nas lutas dos surdos, de negação de seu ser no mundo e como perda da identidade surda. É necessário compreender o surdo a partir de construções histórico-sociais, simbólicas e culturais onde diferentes discursos co-existem, para além da dimensão fisiológica.

Hearing of the aged: analysis of the perception of auditory damage, audiologic profile and their correlationsRESUMO Objetivo: estudar a audição de idosos, seu prejuízo auditivo, perfil audiólogico e suas correlações. Métodos: A pesquisa ocorreu de julho de 2003 a junho de 2004. A amostra constituiu-se de 60 sujeitos, sendo 42 (70%) do gênero feminino e 18 (30%) do masculino, compreendendo faixa etária de 61 a 86 anos. Foi aplicado o questionário Hearing Handicap Inventory for the Elderly -Screening Version (HHIE-S) e realizados os exames de emitância acústica, audiometria e emissões otoacústicas evocadas produto de distorção (EOAEPD). Resultados: Os resultados evidenciaram que a probabilidade de perda auditiva de 13% foi mais relatada em relação ao gênero masculino e nos grupos etários de idade mais avançada. Na audiometria, houve elevação dos limiares à medida que aumentaram tanto as freqüências sonoras como a idade da amostra. Nas EOAEPD houve piora das amplitudes das bandas de freqüências mais altas. Ocorreu associação entre HHIE-S e audiometria, HHIE-S e EOAEPD, com sensibilidade de 84,4% e 80,9%. Foi referida pelos idosos, em maior proporção, a percepção mais favorável do prejuízo auditivo e evidenciada associação entre os exames auditivos e o questionário, demonstrando boas sensibilidades. Conclusão: concluiuse que com o aumento da idade e das freqüências, na amostra de idosos estudada, houve comprometimento nos limiares auditivos, sobretudo do gênero masculino, demonstrando compatibilidade nas respostas dos exames auditivos.

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