A reemergência da dengue, sua disseminação e manutenção vêm desafiando o sistema de saúde brasileiro. Fatores relacionados às condições de vida da população têm sido abordados na compreensão de diferentes desfechos em saúde. Este trabalho analisa a ocorrência da dengue e sua relação com as condições de vida no Município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brasil, de 1996 a 2004. Os dados sobre ocorrência de dengue foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Para caracterização das condições de vida, foi construído um indicador composto com variáveis sócio-econômicas e de infra-estrutura urbana coletadas no Censo Demográfico de 2000. Operações entre camadas foram utilizadas para identificar associações espaciais entre o indicador composto e a incidência de dengue por bairros. Apesar de não se evidenciar uma relação linear entre condições de vida ruins e ocorrência da doença, os padrões espaciais observados indicaram maior suscetibilidade de áreas com desigualdades nas condições de vida e localizadas próximas às vias de acesso. Os achados sugerem ainda que, além de outros fatores relacionados à ocorrência da doença, as desigualdades observadas podem interferir na tendência temporal da dengue. Assim, modelos que considerem a interação entre variáveis sócio-econômicas e não apenas a quantificação de indicadores sociais isolados podem ser úteis para a vigilância da dengue.
IntroduçãoA avaliação da qualidade de serviços ganhou importância na área da saúde em todo o mundo, sendo impulsionada pela demanda de financiadores, prestadores, profissionais e do públi-co. O desenvolvimento e a implementação de metodologias nessa área têm sido recorrentes e relacionam-se com os esforços para garantir transparência nos gastos, controlar os custos assistenciais crescentes, prestar cuidados adequados e equânimes e reduzir variações na prá-tica clínica 1,2,3 . Dada a natureza e especificidade dos processos organizacionais envolvidos, o ambiente hospitalar se destaca, pois concentra os maiores custos e a maior complexidade no cuidado prestado aos pacientes 4,5 .Há cerca de 25 anos, o monitoramento de desempenho clínico no cuidado hospitalar ganhou espaço nas agendas de diferentes atores mundialmente, tendo, como marco, a publicação das taxas de mortalidade hospitalar, em 1986, nos Estados Unidos, e, em 1988, na Inglaterra 6,7 , passando gradativamente a incorporar indicadores do processo de cuidado e, mais recentemente, indicadores sobre a segurança do paciente 8,9 .Em outros países, inúmeras iniciativas de avaliações comparativas da qualidade de serviços hospitalares têm sido implementadas, com propostas metodológicas e uso de indicadores variados 1,2,10,11 . Para além da finalidade cientí-fica e acadêmica, o resultado de pesquisas e a publicação de listas ranqueando os hospitais compõem programas de melhoria da qualidade e, em alguns casos, são utilizados como subsídio para a adoção de medidas regulatórias, muitas vezes, atrelando-se a sistemas de pagamento vinculados à qualidade 12,13,14 .Enquanto o debate sobre a qualidade dos serviços hospitalares estende-se desde o início do século XX em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, no Brasil, datam dos anos 1990 as primeiras iniciativas voltadas para a qualidade do cuidado 15,16 . Destacam-se a criação da Comissão Nacional de Qualidade e Produtividade em Saúde, no âmbito do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, em 1994, para a formulação das diretrizes da estratégia de garantia de qualidade; a produção de consensos e diretrizes clínicas pelas sociedades profissionais a partir de 1996; a publicação do Manual de Normas para Hospitais em 1998 e a formação do Consórcio Brasileiro para Acreditação (CBA) em 1998 17,18 .No país, é recente a implantação de um sistema de acompanhamento da qualidade dos serviços de saúde que se proponha, formal e rotineiramente, a avaliar o desempenho dos estabelecimentos. Em 2005, o Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde (PNASS) foi lançado como instrumento de avaliação vinculado ao repasse de verbas aos gestores locais 19 . Em curso desde 2011, no âmbito do Governo Federal, há a proposta do programa de avaliação para a qualificação do Sistema Único de Saúde pelo Ministério da Saúde, com a publicação do índice de qualidade do SUS (ID-SUS) 20,21 . No que tange às agências reguladoras que atuam na área de saúde, temos a divulgação da pontuação por qualidade das operadoras de planos privados de...
Introduction:The use of secondary data for health service research has been increasingly common, having the advantage of acquiring information faster and cheaper, in addition to its larger population, temporal and geographical amplitude. Objectives: The aim of this study was to describe problems in the quality of information about hospitals characteristics and hospitalizations in Brazil. Methods: The National Database on Health Units (CNES), the Public Hospital Information System (SIH), and the Private Hospital Information System (CIH) were analyzed. We explored "coverage," "completeness," "consistency," and "validity" as quality dimensions. Results: There are complete and consistent basic registration data for hospitals, and most of them sent some information about the production of hospitalization. CIH covered 55% of admissions, and SIH exceeded 100%. The inadequate filling of the "procedure," "main," and "secondary diagnosis" fields is higher than expected, especially for CIH. Conclusion: Improvements in databases are required to qualify the analysis and increase its potential use, contributing with strategic studies that support decision-making in the planning of hospitals and health care networks.
A crescente disponibilidade de dados de abrangência nacional, organizados em distintos sistemas de informação, requer o desenvolvimento de metodologias para o relacionamento de variáveis constantes em diferentes bases de dados. Este artigo descreve e analisa a metodologia utilizada no relacionamento das bases de dados nacionais do Sistema de Informação de Beneficiários (planos privados de assistência à saúde) e do Sistema de Informação de Mortalidade. Foram analisados os registros de óbitos e os registros de beneficiários no ano de 2004, identificando-se 92.566 óbitos em beneficiários de planos privados de saúde. O rigor na especificidade, em detrimento da sensibilidade do método empregado, não gerou vieses de seleção que pudessem comprometer as análises resultantes. A razão de mortalidade padronizada aponta a subestimação do número de óbitos, além de evidenciar diferenças no risco de morte entre as populações analisadas; no entanto, as diferentes situações de vida e saúde a que estão expostas podem ter interferido nos resultados.
RESUMO Com o objetivo de caracterizar a rede hospitalar brasileira quanto ao grau de compartilhamento SUS e planos de saúde, o artigo aborda a diversificação de fontes de financiamento, discutindo o tema no contexto do sistema de saúde caracterizado pelo mix público-privado desde a prestação de serviços até o pagamento e a gestão. Observou-se que a maioria dos hospitais era privado e atendia SUS e planos, com menor disponibilidade de leitos de alta complexidade no SUS. Não se identificou proporcionalidade entre oferta de leitos e cobertura da população por planos nem complementariedade SUS e planos. Os achados ajudam a delinear a oferta e os riscos à equidade no acesso, uso e qualidade do cuidado. PALAVRAS-CHAVE
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