Se o sertão do Rio Grande do Norte foi o cenário de uma importante resistência indígena da história colonial brasileira, encontramos, hoje raros grupos que se reivindicam como índios (Cascudo 1985; Lopes 1999; Puntoni 2002). Esse paradoxo é explicado, em parte, pela forma como foi escrita a historiografia local e pela ausência de estudos especializados na região. O mesmo acontece com os descendentes dos escravos trazidos da África desde o século XVII. Apesar da falta de uma síntese histórica geral e de dados empíricos completos, podemos pensar que as populações indígenas e afro-descendentes que povoaram a região foram bastante numerosas. O estudo dos grupos etnicamente diferenciados parece uma via fecunda a partir do momento em que, explicitando as mudanças ao longo do tempo, se recupera a versão da história contada pelos membros dos grupos e a análises de suas representações; registros narrativos de uma memória que foi preservada ao longo dos séculos de dominação. Assim, pensamos que é necessário reavaliar as perspectivas investigadas até então. As pesquisas desenvolvidas por nós contemplam ao mesmo tempo o ‘patrimônio cultural’ – seja ele construído ou não - e a consciência étnica da população local ou, ao contrário a sua ausência. Para isso, é preciso antes abordar a representação das figuras esquecidas da história e da cultura do Rio Grande, pois os ‘índios’ e os ‘negros’ ocupam um lugar interessante nas representações do passado, no imaginário coletivo, sendo marginalizados do ponto de vista da sua atuação no espaço geográfico e social. Queremos avaliar a visão que estas comunidades têm de si enquanto grupo social, deixando um pouco de lado a questão da identidade étnica para nos dedicar ao estudo das representações simbólicas.
Tratamos dos alimentos artesanais que atraem um público urbano de classe média ou são vendidos a turistas de outras partes do Brasil. Esta cozinha "autêntica" combina as imagens de um nativo rural do sertão com as raízes culturais de um Brasil pré-industrial. Analisando o fenômeno de transferência de produtos tradicionais para consumidores saudosos, concluímos que tal fenômeno é acompanhado por uma folclorização da cultura camponesa e abre um mercado para turistas que normalmente ficam nas praias.
O nordeste brasileiro é uma terra rica em poetas : improvisadores (cantadores de viola e emboladores) ou escritores de folhetos, eles compartilham a mesma cultura que é essencialmente oral. O estudo da literatura de cordel é uma das vias mais ricas para estudar a história, a realidade cotidiana e o imaginário dos habitantes do sertão. Essa literatura " popular " ainda viva, deixa aparecer as ligações que existem entre a escritura e a oralidade, a tradição e a criação, a ficção narrativa e a realidade social.
No trabalho Desafios identitários e experiências patrimoniais: o Programa Tronco, Ramos e Raízes Julie Antoinette Cavignac destaca a proposta de um programa de extensão que tem por objetivo a valorização das manifestações culturais e a divulgação da presença histórica das comunidades negras e indígenas na região do Seridó Norteriograndense. O programa divulga as ações para coletivos - comunidades quilombolas, irmandade do Rosário, escolas, pontos de cultura, grupos de capoeira, dentre outros, além de registrar, apresentar e discutir, conjuntamente, os dados históricos, arqueológicos e culturais coletados, propondo ações de educação patrimonial.
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