Resumo A pesquisa foi desenvolvida com um grupo Kaiowá, do tronco linguístico Tupi-Guarani. O território Kaiowá é denominado Tekoha. Esse grupo vem ocupando uma fazenda cujo território, embora tenha sido reconhecido como a terra original do Tekoha Taquara em 2010 pela Fundação Nacional do Índio, teve a demarcação suspensa por liminar. A ocupação é considerada ilegal e, os indígenas vêm sendo dizimados. As lideranças Kaiowá nos desafiaram a mostrar que o conhecimento que detêm sobre a flora local, seria uma evidência que legitima a reivindicação da área. Para atender a reivindicação o trabalho foi alicerçado sob hipóteses: recursos iguais estão disponíveis aos indígenas e não indígenas e são valorizados distintamente; os Kaiowá possuem conhecimento exclusivo; as plantas da tradição ocorrem na região. Foram feitas turnês guiadas com sete especialistas. Documentaram-se as espécies em herbário, os nomes em guarani e português, usos e partes utilizadas. Compilaram-se as espécies medicinais da literatura e dos bancos de dados dos herbários. O Fator de Consenso dos Informantes (FIC) dos usos foi comparado com artigos. As 90 espécies registradas compõem a maior lista entre artigos com indígenas do MS. Compilou-se 659 espécies medicinais usadas no MS. Das espécies compiladas, 61,1% são citadas exclusivamente no Taquara. O FIC mostrou baixa similaridade. Os Kaiowá usam misturas de plantas na medicina, o que é raramente citado. Os indígenas citam espécies que não mais ocorrem na área. Os resultados apoiam as hipóteses indicando a especificidade do conhecimento dos Kaiowá do Taquara e é um sustentáculo do reconhecimento da área ancestral.
Medicinal plants of the kaiowá and guarani peoples as a possible complementary practice in treating the symptoms of Covid-19: traditional knowledge as a weapon against the pandemic
Zootherapy is a traditional secular practice among the Guarani-Kaiowá indigenous ethnic group living in Mato Grosso do Sul, Brazil. My people use the oil extracted from larvae of the snout beetle Rhynchophorus palmarum (Linnaeus, 1758) to treat and heal skin wounds and respiratory diseases. Based on this ethnopharmacological knowledge, the chemical composition and antioxidant, antimicrobial, and healing properties of R. palmarum larvae oil (RPLO) were investigated, as well as possible toxic effects, through in vitro and in vivo assays. The chemical composition of the RPLO was determined using gas chromatography coupled with mass spectrometry. The antioxidant activity of RPLO was investigated through the direct 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH) radical scavenging assay, and the antimicrobial activity was evaluated against Gram-positive and Gram-negative bacteria that are pathogenic to humans. The healing properties of RPLO were investigated by performing a cell migration assay using human lung fibroblasts (MRC-5), and the toxicity was analyzed, in vivo, using a Caenorhabditis elegans model and MRC-5 cells, in vitro. RPLO contains 52.2% saturated fatty acids and 47.4% unsaturated fatty acids, with palmitic acid (42.7%) and oleic acid (40%) representing its major components, respectively. RPLO possesses direct antioxidant activity, with a half-maximal inhibitory concentration (IC50) of 46.15 mg.ml-1. The antimicrobial activity of RPLO was not observed at a concentration of 1% (v/v). RPLO did not alter the viability of MRC-5 cells and did not exert toxic effects on C. elegans. Furthermore, MRC-5 cells incubated with 0.5% RPLO showed a higher rate of cell migration than that of the control group, supporting its healing properties. Taken together, RPLO possesses direct antioxidant activity and the potential to aid in the healing process and is not toxic toward in vitro and in vivo models, corroborating the safe use of the oil in traditional Guarani-Kaiowá medicine.
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