Defendemos neste artigo a utilização da análise de enquadramento multimodal para a compreensão da cobertura jornalística, pois somente uma análise sistemática dos diferentes modos comunicativos da notícia – imagem, narrativa e frame - pode aproximar o pesquisador da imagem geral construída pelo noticiário. Este artigo traz um primeiro exercício analítico sobre parte de um corpus de uma pesquisa em andamento sobre o impeachment de Dilma Rousseff, composto por 187 notícias do jornal O Globo e 131 da Folha de S. Paulo. Foi possível perceber que a cobertura dos dois jornais privilegiou um enquadramento do processo de impeachment como um fato ordinário da política nacional, como mera disputa política entre grupos rivais, sem oferecer interpretações para além do protocolo básico da redação da notícia.
RESUMOOs serviços de informação na internet criados pelos coletivos de movimentos sociais configuram uma prática do ativismo político contemporâneo. Apresentam-se como ferramentas de grande importância estratégica e de forma diferente do que tradicionalmente se chamou de mídia alternativa. A comunicação que se dá por esse ciberativismo se direciona a públicos específicos, utiliza linguagens híbridas e, apesar da clara oposição à grande mídia, se apropria dos seus códigos para subvertê-los em favor da constituição que aqui foi denominada mídia ativista. Essa experiência permite pensar como a internet participa no processo de mobilização política e também na democratização do debate público.Palavras-chave: ativismo político; comunicação; mídia; internet. ABSTRACTThe websites created by social movements' collectives become a practice of contemporary political activism. They have a big strategic importance and present themselves in a different way, unlike the traditional alternative media. The communication that occurs by this cyber activism targets specific audiences, uses hybrid languages and, despite of its clear opposition to the mainstream media, appropriates its codes in order to subvert them in favor of what we call here activist media. This experience allows us to think about how the internet is present in the process of political mobilization and also in the public debate democratization.Keywords: political activism; communication; media; internet. RESUMENLos servicios de información en internet creados por los colectivos de movimientos sociales constituyen una práctica del activismo político contemporáneo. Se presentan como herramientas de gran importancia estratégica y de manera distinta de lo que tradicionalmente se llamó de media alternativa. La comunicación que se da por el ciberactivismo busca un target específico, utiliza lenguajes híbridos y, a pesar de la clara oposición a la gran media, se apropia de sus códigos para someterlos a favor de la constitución que aquí fue denominada media activista. Esa experiencia nos permite pensar como la internet participa en el proceso de movilización política y también en la democratización del debate publico.
O artigo apresenta resultados de uma pesquisa sobre a cobertura jornalística do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, entre dezembro de 2015, quando foi aberto o processo na Câmara dos Deputados, e agosto de 2016, quando ela foi afastada definitivamente pelo Senado Federal. Foram analisadas 2.202 notícias publicadas pelos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo pela perspectiva metodológica do enquadramento multimodal, que considera os aspectos textuais, visuais e narrativos das notícias. Os dados permitem verificar que houve uma orientação editorial ligeiramente superior para uma posição pró-impeachment, mas isso só pode ser afirmado na junção dos três modos do enquadramento, uma vez que o texto das notícias seguiu o padrão de cobertura pragmática. Argumentamos que esse padrão acabou por normalizar o impeachment como processo legítimo, despolitizando-o e apagando os aspectos que o evidenciam como golpe parlamentar.
Docente no Programa de Pós-Graduação em Comunicação na UFPR. Coordenadora do grupo de pesquisa Comunicação e Mobilização Política.
Este artigo é resultado da observação do confronto político evidenciado na campanha Fora Ana de Hollanda no Twitter, uma mobilização que ocorreu em 2011 a partir dos grupos apoiados pelo programa Cultura Viva do Ministério da Cultura — os pontos de cultura — e a gestão da ministra Ana de Hollanda. Orientados pela teoria da mobilização política, mostramos que a mobilização foi organizada pela rede de comunicação preexistente dos pontos de cultura na internet, a qual propiciou a formação de um capital comunicacional aos ativistas; isso lhes permitiu identificar janelas de oportunidades políticas e criar condições para o confronto. Esse confronto se dá pelos enquadramentos da ação coletiva, entendidos como estratégias de enfrentamento. Para isso, foram analisadas 763 postagens da campanha (#foraana e #foranadehollanda) publicadas entre fevereiro e outubro de 2011 no microblog Twitter. A pesquisa identificou que a comunicação na internet funcionou, nesse caso, como fundamento da mobilização, cujo objetivo era manter a política pública, interrompida na gestão da ministra. A campanha campanha apresentou repertório de ações, que, embora não tenha culminado na queda imediata da ministra, colocou a política cultural no centro das discussões daquele período.
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