A inserção dos cães no convívio familiar causa preocupação em relação ao estado sanitário dos animais, ao considerar a ocorrência de zoonoses. A brucelose é considerada a principal zoonose envolvida em distúrbios reprodutivos. Bactérias do gênero Brucella possuem estrutura em pequenos cocobacilos gram-negativos, composta por uma camada externa de lipopolissacarídeos, sendo que a espécie de maior prevalência é a Brucella canis, mas há relatos envolvendo outras espécies. Cães sadios podem ser naturalmente infectados pelo contato com animais portadores, pela inalação de aerossóis em resíduos placentários, resíduos de aborto e corrimentos vaginais. Alguns estudos de prevalência da brucelose em cães refletem uma maior frequência em ambientes de alta densidade animal, principalmente aqueles com livre circulação. Os principais sinais clínicos nas fêmeas são o aborto no terço final da gestação e infertilidade. Nos machos, pode causar epididimite, orquite e prostatite, alterações espermáticas, além do risco de deixar os animais estéreis. Atualmente, várias formas diagnósticas são utilizadas para se identificar a ocorrência da brucelose, como cultura e isolamento bacteriano, ensaios imunoenzimáticos (ELISA) e PCR. Percebe-se que animais com resultado positivo no isolamento bacteriano não apresentavam sintomatologia clínica, isso reforça os altos índices de animais assintomáticos. O tratamento adequado é a identificação precoce dos animais infectados, com afastamento da vida reprodutiva e castração. Para minimizar os riscos de animais falso-positivos, é necessária a implementação de uma boa conduta diagnóstica com alta sensibilidade e especificidade. O tratamento utilizando quimioterápicos ou antibióticos é ineficaz, por isso o descarte reprodutivo dos animais é a melhor forma de controle e prevenção. Dessa forma, a atenção voltada à prevalência e incidência de brucelose em cães mostra que essa enfermidade tem potencial para perdas reprodutivas e principalmente econômicas entre os canis e também criadores particulares, além do seu impacto na saúde pública.
O objetivo desse trabalho é relatar uma inseminação artificial (IA) e posterior acompanhamento gestacional realizados em uma cadela da raça Bull Terrier com histórico de agressividade durante o estro. Foi atendida uma cadela da raça Bull Terrier com 14 meses de idade com sinais aparentes de estro, que demonstrou agressividade e intolerância à aproximação do macho na monta natural, sendo sugerido realizar a IA. A citologia vaginal confirmou a fase de estro, com mais de 80% de células queratinizadas anucleadas. O sêmen do macho doador foi coletado por manipulação digital e posteriormente analisado, apresentando qualidade em todos os parâmetros espermáticos avaliados. Foi realizada inseminação artificial intravaginal com sêmen fresco, e o mesmo procedimento foi repetido 48 horas, depois de uma segunda citologia vaginal confirmando que o animal ainda estava em estro. Essa repetição da IA teve o intuito de abranger melhor a duração do estro, aumentando a chance de prenhês. Após 51 dias da última IA foi realizada uma ultrassonografia para confirmar a gestação, sendo possível observar a presença de fetos vivos, cuja viabilidade foi comprovada pela presença de batimentos cardíacos entre 230 a 257 bpm. O parto ocorreu 58 dias após a última inseminação, com duração de aproximadamente oito horas e nascimento de cinco filhotes, todos vivos e saudáveis. Foi possível concluir que IA após confirmação de estro por citologia vaginal, e o acompanhamento gestacional, são ferramentas importantes da biotecnologia da reprodução, capazes de proporcionar a utilização de animais na atividade reprodutiva, em casos onde a monta natural não é possível.
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