Resumo: Recentemente, são observadas inúmeras alterações no espaço rural, tais como a introdução de novas tecnologias, integração agroindustrial e a valorização enquanto lugar de moradia, lazer, produtos saborosos e saudáveis. Na esteira dessas transformações, alguns agricultores começam a perceber que existem novas possibilidades de geração de renda. Uma dessas novas oportunidades surge através do incremento da produção agroindustrial, uma atividade que é típica da agricultura familiar. Interessando-se por esta temática é que neste artigo objetiva-se verificar se há distinções e quais são estas distinções entre as agroindústrias rurais da agricultura familiar e da agricultura não familiar, em nível de Brasil. Inicialmente salienta-se que as agroindústrias rurais são heterogêneas entre si ficando difícil fazer inferências sobre dados agregados. Entretanto, a separação dos dados entre agroindústrias da agricultura familiar (AF) e da agricultura não familiar (ANF) já possibilita um recorte. Partindo desse pressuposto, foram selecionadas algumas variáveis do Censo Agropecuário de 2006 para inferir sobre oito produtos da agroindústria rural. Deste modo, através destes dados e destas variáveis identificou-se que a agroindústria rural é mais numerosa nos estabelecimentos familiares, um vez que a produção total provém principalmente dela, com exceção de dois produtos em que a produção entre a AF e ANF é praticamente equivalente. Para a escala de produção verificou-se que, para seis produtos analisados, ela é superior na ANF e em dois na AF. A ANF também se destaca com maior proporção de matérias-primas adquiridas, e maior proporção de comercialização. Os canais de comercialização são praticamente idênticos, com alguma exceção, contanto que a AF venda mais para o consumidor final e a ANF aos intermediários. As conclusões apontam que as distinções entre esses dois tipos de agroindústrias estão fortemente ligadas à lógica que as gerencia, pois na maioria das propriedades da ANF há especialização e na AF diversidade, o que consequentemente gera maneiras distintas de atuarem em suas agroindústrias. Palavras-chave: Agroindústria rural. Agricultura familiar (AF). Agricultura não familiar (ANF).Abstract: Recently, innumerable alterations have been observed in rural areas,
As agroindústrias trazem inúmeros benefícios aos agricultores. Assim, uma melhor compreensão das suas dinâmicas pode auxiliar no direcionamento e potencialização de ações que visem ao seu desenvolvimento. Nesse sentido, o objetivo deste texto é verificar se ocorreram alterações nos padrões de produção entre as agroindústrias rurais da agricultura familiar e as da não familiar, a partir da comparação dos dados dos Censos Agropecuários de 2006 e 2017. Para isso, foram selecionadas as variáveis: número de agroindústrias, volume produzido, escala de produção e proporção comercializada para oito produtos. Essas variáveis foram analisadas em escala nacional e para as grandes regiões brasileiras. Identificou-se certa constância, entre as agriculturas, nas proporções que medem a presença dos produtos da agroindústria pelas regiões brasileiras, demonstrando que existe uma cultura produtiva e alimentar a qual atravessa as distintas categorias de agricultura. Por outro lado, um dos principais resultados encontrados indica que houve significativa expansão no número de agroindústrias, especialmente entre os agricultores familiares, mesmo sendo identificada uma redução no número dessa categoria de estabelecimentos no período. Essa informação alude a um aumento no número de estabelecimentos que passaram a processar matérias-primas agropecuárias, provocando uma redução no volume médio produzido pelas agroindústrias.
<p class="MsoNormal" style="margin: 12pt 0cm 1.65pt; text-align: justify; line-height: 12pt; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">O artigo aborda questões relativas à gestão institucional e social no território Zona Sul do Rio Grande do Sul, a partir da percepção dos atores que participam da institucionalidade territorial, nesse caso, o Colegiado Territorial. Será apresentado um retrato dessa ação com a perspectiva de identificar os desafios da governança territorial, o que suscita uma reflexão sobre o processo de gestão social nos espaços de construção coletiva do desenvolvimento territorial. Constata-se que são poucas as ações de desenvolvimento territorial decididas no âmbito do Colegiado Territorial dessa região. Nessa área, ainda existe outra institucionalidade setorial, o Fórum da Agricultura Familiar da Zona Sul do Rio Grande do Sul, ligada a esse colegiado, com significativa importância no protagonismo do desenvolvimento do território. É nele que ocorre a maior parte das decisões e, talvez por isso, seja percebido pelos atores como o próprio Colegiado Territorial. Essa é uma das informações relevantes, entre outras, que foram reveladas a partir da leitura e interpretação do ponto de vista dos atores territoriais.</p>
Neste artigo é feita uma análise acerca da interdependência entre variáveis que indicam o processo de convencionalização dos mercados de orgânicos. Esta correlação acontece também entre estas variáveis, os mercados de alimentos e insumos e as normas que regulamentam os produtos com esta qualidade. O objetivo do artigo é analisar o processo de convencionalização dos mercados de orgânicos a partir da observação destas interdependências. Os dados foram gerados usando-se de metodologia qualitativa, por meio de uma amostra por conveniência com agricultores e profissionais de assistência técnica dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Alguns dos sinais da convencionalização foram interpretados como sendo uma situação transitória e/ou desencadeados pelos mercados de orgânicos, tais como a baixa oferta de insumos com a qualidade orgânica. Assim como foram identificados sinais da convencionalização que não foram pautados por outras bibliografias, indicando a relevância de uma abordagem abrangente para compreender o processo de convencionalização dos mercados de orgânicos.
The organic markets from all around the world are changing fast. An example is the proliferation of standards and the entrance of new actors in the organic market, as the processors. In this paper, organic farmers, agro industries, retailers, consumers, and rural extension agents were consulted through qualitative research methods to better understand these changes and to assess the conventionalization-bifurcation process of organic markets in the Southern Region of Brazil. The relations and influences that exist between these actors were identified and analyzed. The theoretical approach used in this study comes from the Multilevel Perspective. This approach sustains that a novelty, like organic farming, can produce radical or incremental changes in a socio-technical regime, as the dominant agro-food regime, while connections between both are built. We observed that these relations and influences are of three main types: outsourcing and elongation of supply chains; restrictions in the commercialization of the farmer’s production; and the consequences, adjustments and commercial conditions established through contracts with retail chains besides commercialization in alternative networks. Through these findings, we identified a bifurcation in the organic markets where some actors demonstrate practices similar to agrifood dominant regime. In this process, the regime is changing, but so are the alternative networks. It indicates that once again the alternative agriculture is capable of reaffirmation by some ways.
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