RESUMOA vinculação das pessoas aos espaços arquitetônicos (por exemplo, praças, casas, escolas, igrejas) são projeções das vivências sócio-ambientais de cada época. Face a isto, desde as primeiras cidades, a ocupação urbana tem uma relação intrínseca com a divisão do trabalho e com a classe social de cada pessoa, funcionando como uma forma de ler cada comunidade (ROLNIK, 1995). Nesse sentido, têm-se como exemplo a constituição das praças na cidade do natal/RN-Brasil, são reflexos de processos históricos que desembocam em estruturas para evitar povoamento, processo muito intensificado durante a ditadura militar (MARICATO, 1987). Conjunto a isso, a ausência de participação popular no plano diretor e a falta de incentivos governamentais à educação sócioambiental desfavorecem o vínculo com o patrimônio histórico e a cultura popular, assim como o comércio privado de hotéis, shoppings e food-trucks, contribuem para a ambientação de uma cidade turística higienista. Ou seja, seus espaços desfavorecem o apego ao lugar (CAVALCANTE, 2011, pág.53). Além disso, a desigualdade social e a baixa quantidade de empregos regulares na cidade fomenta o comércio informal de ambulantes que cercam os espaços públicos, tornando os espaços privados atrativos àqueles que se sentem incomodados com o assédio urbano. Dessa forma, a criminalização de algumas urbanidades seguem maquiadas na cidade à medida que são sucumbidas pela especulação imobiliária. Diante disso, indagamos a construção histórico-dialética que se dá entre as relações humanas na contemporaneidade e seu reflexo nas estruturas arquitetônicas na cidade do Natal/RN. Para isso, faz-se urgente o enfrentamento teóricoacadêmico das nuances sociais, culturais e políticas que desembocam na fragilidade afetiva entre sujeito-cidade no território natalense, sobretudo entre jovens, ampliando o olhar acerca da problemática e possibilitando transformações. Face a isto, iniciamos a investigação teórica acerca do tema na intenção de averiguarmos a produção bibliográfica existente. Nesse sentido, executamos uma busca no portal da CAPESutilizando os descritores juventude, cidade e "psicologia ambiental"e encontramos apenas três artigos revisados por pares que não problematizam a temática proposta. Com isso, reiterando a necessidade de produção teórica, o presente trabalho objetiva contribuir para o avanço teórico da problemática para, conjunto à outros esforços, facilitar a intervenção nesse cenário. Diante desse panorama um fenômeno recente chamou atenção na cidade: o encontro informal de jovens em situação de médio poder aquisitivo num estacionamento de um supermercado da rede privada. Observando que nesse espaço comem, bebem e conversam, tudo isso olhando em direção a cidade movimentada que os cerca, com intenso fluxo de carros que passam em frente a pista do supermercado, sendo o local de fácil acesso para transportes coletivos, levanta-se a hipótese de que o estacionamento do Carrefour configura um pedido de socorro por espaços acessíveis pela juventude natalense. Acessível à gente de toda...
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