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A patrimonialização de referentes culturais ligados à alimentação constitui fenômeno relativamente recente, fruto de um contexto de industrialização e homogeneização de sistemas alimentares que apresentou, como contraponto, um movimento de reconhecimento da cozinha como patrimônio cultural, cujos saberes e cujas práticas associados devem ser preservados por questões culturais e ecológicas. No Brasil, durante as primeiras décadas de atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o tema da alimentação esteve relacionado à arquitetura de determinados bens, como engenhos de açúcar no Nordeste. Com a criação da categoria de patrimônio imaterial, os referentes culturais alimentares passaram por uma nova leitura, na qual o foco se deslocou da materialidade dos bens para os saberes envoltos na produção e reprodução de práticas alimentares e nos sentidos atribuídos a elas pelos grupos. Dentro desse panorama, ocorre a patrimonialização de ofícios e modos de fazer, como as tradições doceiras de Pelotas (RS) e a cajuína do Piauí (PI), bem como de sistemas agrícolas tradicionais, como o do Rio Negro (AM). Nessa perspectiva, o presente artigo visa compreender a trajetória de patrimonialização de referentes culturais alimentares pelo IPHAN, com base em bens registrados como patrimônio imaterial brasileiro.
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