Este artigo traz dados do intenso processo de circulação do Conjunto Farroupilha (1948-1993), surgido a partir de uma ideia da soprano Inah Vital (Porto Alegre, RS, 1933-1990), solista da orquestra da Rádio Farroupilha, de Porto Alegre, que reuniu em torno de si, Tasso José Bangel (Taquara, RS, 1931-), Danilo Vidal de Castro (Porto Alegre, RS, 1927-), Estrela d’Alva Lopes de Castro (Livramento, RS, 1934-2015) e Alfeu de Azevedo – depois substituído por Sidney Morais (Sidney do Espírito Santo, Sorocaba, SP, 1925-) –, formando aquele que seria o primeiro conjunto vocal brasileiro a misturar vozes masculinas e femininas. Através de análise etnomusicológica, articulada com aspectos de historicidade e memória acessados a partir da etnografia desenvolvida junto ao Maestro Tasso Bangel, arranjador e líder do grupo, tratamos nessa escrita, especialmente, da primeira fase do Conjunto Farroupilha: de sua constituição, em 1948, em Porto Alegre, como cast da Rádio Farroupilha, até 1960, quando já viviam em São Paulo, tinham gravado seis LPs, conduziam um programa de TV e haviam percorrido o mundo nas asas da Varig e da Panair. Na reconstituição da memória de Tasso Bangel sobre a ampla circulação nacional e internacional do Conjunto Farroupilha, pela via da música, desvela-se a perspectiva de um grupo regional, “gaúcho”, sobre o período áureo do “nascimento” e da consolidação da Bossa Nova, quando a música brasileira atingiu um novo patamar de reconhecimento dentro e fora do país. Palavras-chave: Conjunto Farroupilha. Bangel, Tasso. Música Popular – Rio Grande do Sul. Música Popular - Brasil. Bossa Nova.